CreppyPasta: Garoto espantalho

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Jhon vivia na fazenda de sua família desde que nasceu, de modo que as tarefas matinais não eram incomuns para ele. Jhon carregava uma cesta sobre sua cabeça e fazia o seu caminho através dos grandes campos de milho que fazia parte da fazenda.

Era época de colheita para ele e sua família... então eles estiveram muito ocupados nas últimas semanas.

Enquanto caminhava para o campo, ele não pôde deixar de notar o espantalho que estava no alto dos pés de milho balançando devagar. Essa coisa de velha tinha estado no mesmo local durante o todo tempo que ele podia se lembrar, todos esses anos lá, obviamente se desgastando, ele foi até o espantalho que na verdade foi feito com características de mulher. Seu cabelo longo, preto, grosseiramente bagunçando, seu vestido esfarrapado e rasgado e seu corpo pálido manchado. Ele pensou consigo mesmo o quanto ele adorava aquela garota espantalho.

Ele ficou em silêncio olhando para a seu velha amiga, lembrando-se de como ele tinha compartilhado tantas coisas com o objeto inanimado quando era mais jovem e se sentia sozinho. A garota espantalho também tinha um sorriso eterno e olhos vazios que de certa forma era reconfortante para ele, ela tinha uma promessa silenciosa de nunca dizer outra alma tudo o que ele tinha dito a ela.Desde muitos anos que ele falava com a garota espantalho, mas também percebeu que com 18 anos de idade seria melhor não visto conversando com um objeto inanimado. Embora ela, a garota espantalho de alguma forma tinha vida. Ela foi sua primeira e melhor amiga. Eles viveram juntos, brincavam juntos e cresceram juntos... mas a respeito disso, ela nunca tinha notado antes que ele parecia ficar mais velho, enquanto ela ficava mais desgastada. Ele sorriu e sentou-se ao lado do pólo da garota espantalho.

- Sinto muito, faz tempo que não venho aqui - ele sussurrou para sua amiga. - Eu estive muito ocupado ultimamente.

O vento soprou o cabelo do espantalho e sussurrava o feno saindo de seu corpo.

- Sim, eu sei, acho que isso não é desculpa. É que eu conheci uma garota - disse ele sorrindo. - Ela é incrível. Acho que... você sabe... ela pode ser quem eu procurava.

Novamente o silêncio encheu seus ouvidos como o vento soprando através do campo de milho. A garota espantalho continuava completamente imóvel.

- Você gostaria de conhecê-la? Ela adoraria te ver! Hoje a noite ela vai jantar lá em casa, vou traze-la para fora e depois apresentar uma a outra - disse ele ao espantalho enquanto se levantava. Ele olhou para sua velha e querida amiga, mais uma vez antes de ir para terminar suas tarefas diárias.

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- Vamos Lilly! - Ele gritou para a moça, rindo enquanto ele corria com ela em direção ao campo de milho escurecido. Ele estava animado que sua namorada tinha concordado em vir jantar e conhecer seus pais, mas estava um pouco nervoso para mostrar sua amiga. O que ela pensaria? Ele era quase um adulto e ele ainda estava falando com um objeto inanimado? Ele sorriu para si mesmo, o que ele estava falando? Lilly era tão gentil, doce e compreensiva, é claro que ela gostaria de conhecê-la. Ele se virou para ver se sua namorada ainda estava seguindo e mas ele não conseguia vê-la.

-Lilly!? - Ele gritou enquanto olhava ao redor. - Não pense que você pode se esconder de mim no meu próprio campo! - Ele gritou penetrando o silêncio enquanto olhava para a silhueta dela se aproximando. Ele chegou até sua amiga espantalho, tendo a visão de suas costas em primeiro lugar.

- Olá - ele sussurrou. - Eu trouxe ela para te conhec... - Ele parou de repente, ele caminhou até a frente do espantalho e descobriu que lá não era sua amiga que ocupava o poleiro, mas sim o corpo de Lilly. Seus braços e pernas foram amarrados grosseiramente com cordas sujas ao velho poste de madeira e seu estômago cortado com seus fluidos internos pingando do ferimento. Rosto de Jhon ficou pálido e ele caiu de joelhos com o choque.

Quando suas mãos tocaram o chão, sentiu um pedaço de papel ao lado do poste de madeira. Com as mãos trêmulas, ele o pegou e leu a mensagem mal escrita:

- Agora você não estará tão ocupado.

Ele leu em voz alta, com a voz trêmula e os olhos cheios de lágrimas. Ele rasgou o papel e se levantou mais uma vez para olhar o cadáver pendurado na vara na frente dele, mas antes ele ficou cara a cara com o rosto sempre sorridente de sua velha e querida amiga.

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