Relato: Nosso apartamento

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Os meus pais só viriam para o Rio no final do ano, mas eu vim no meio do ano para tentar uma faculdade por isto vim mais cedo.

O apartamento era excelente e bastante grande, ficava na Tijuca. Os móveis tinham ficado na casa da minha avó que era bem espaçosa, tinham ficado lá por três anos porque meu pai tinha ido para os Estados Unidos a trabalho e todos nós fomos com ele. Eu, que tinha 19 anos, minha irmã mais nova de 18 e minha mãe. Meu pai estava com uma situação boa o que fez com que ele pudesse comprar esse apartamento e só veio ao Brasil para fechar o negócio e voltou. Quando eu vim, os móveis que estavam na minha avó, já estavam no apartamento ainda meio bagunçado e cheio de caixas, a mudança foi feita por intermédio de meus tios.

Estava ainda me habituando com o apartamento e era fabuloso o tamanho dele. Quando em uma das noites estava já deitado no escuro, ainda morando sozinho, ouvi barulho de vozes ao longe. Fiquei tentando prestar atenção e o que mais me intrigou é que parecia que vinha do próprio apartamento. Fiquei mais um tempo alerta até que resolvi levantar e ver de onde vinha, ainda no escuro. Caminhei até o imenso corredor e as vozes pareciam agora mais fortes, então eu liguei a luz do corredor e imediatamente as vozes pararam. Fui em frente e tentei ver de onde vinha, mas não tinha mais barulho ou som nenhum. Então fui dormir novamente.

Alguns dias depois, ocorreu a mesma coisa das vozes e fui até o corredor e as vozes pareciam mais fortes. Fui caminhando no escuro, mas quando acendi a luz do corredor, tudo ficou em silencio. Mas quando isto ocorreu novamente em outra noite, eu tive o cuidado de não acender as luzes e fui seguindo o som. E as vozes ficaram cada vez mais fortes até chegar ao primeiro quarto, eu a essa altura nem respirava de tanto nervoso e curiosidade. E escorado no outro lado da parede do corredor e na penumbra do apartamento e pude ver duas sombras se mexendo no quarto. Pude ver isto porque embora todo o apartamento estivesse escuro, vinha alguma luz de fora das frestas da janela que dava para distinguir duas sombras dentro do quarto que continuavam a falar, não conseguia entender o que falavam mas dava para distinguir uma voz feminina e outra masculina, pois o tom era mais grave. Aquilo fez com que o coração batesse a mil por hora e quando tentei virar para fazer o caminho inverso para o meu quarto eu estalei o osso da perna ao tentar virar para voltar, aquele estalar de osso justamente quando você não quer ser notado ou fazer qualquer barulho, aquilo fez meu estômago gelar. Sabia que tinha sido notado porque as vozes pararam imediatamente. Fui para meu quarto atordoado. Tranquei o quarto e só saí com o dia claro, mas estava ainda na dúvida se era algo sobrenatural ou algum ladrão..... sei lá.

Não queria falar com meus tios sobre isso e nem com ninguém. Passei a dormir com a luz do corredor ligada. E algumas noites depois vi uma sombra que refletia em uma parte da parede do meu quarto, essa sombra vinha projetada pela luz do corredor e tinha forma humana. O meu quarto era o último (eu tinha escolhido ele e era o lugar em que me sentia melhor). Fiquei olhando aquilo e as vezes a sombra se mexia e outras ficava parado. Até rezar eu rezei, depois de um tempo a sombra não estava mais lá.

Ouvi algumas vezes barulho de assobios pelo apartamento também e tosse. Um dia estava com um colega de infância no meu quarto jogando buraco a noite na minha cama e depois da primeira garrafa de cerveja, pedi para ele ir pegar outra para gente. Ele pegou a garrafa vazia e saiu do quarto. Alguns segundos depois eu ouvi alguém dizendo AAAAAIIIIIIII!!!!! e quase que em seguida ele entrou com os olhos arregalados dizendo que tinha visto uma mulher que sumiu. Não dizia direito as coisas e eu disse para se acalmar e aí ele disse que foi pegar a cerveja na geladeira e que depois de cruzar todo o corredor e entrar na sala e percorrê-la para chegar a cozinha ele ouviu barulho de roupa ou tecido roçando e passos rápidos e então olhou para trás e viu uma mulher de vestido escuro atrás dele vindo do corredor e entrando na sala com passos rápidos e quando estava chegando nele simplesmente sumiu, fazendo com que largasse a garrafa e gritasse e corresse para o outro lado da sala, desse a volta na mesa da sala de jantar, contornasse e saísse correndo da sala e corresse para o corredor em direção ao meu quarto.

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