Capítulo Sete

4.4K 353 8
                                    


Cheguei ao quarto e vi que era bem simples . As paredes eram pintadas de uma cor bem clara, não tinha cortina — essa parte vai ser um problema, pois não gosto de dormir com claridade — havia realmente, uma cama bem pequena de solteiro e um armário embutido na parede. O abri para ver como é. É bem grande, acho que minhas tralhas vão caber aqui. Vejo que o Bob foi fazer o teste da cama antes de mim. Logo, me junto a ele. Até que o colchão é do jeito que gosto, mas a cama é muito pequena. Sou muito espaçosa. Tenho que dar um jeito de mudar essa decoração. Ela não é de toda ruim, mas não é meu estilo.
Levanto da cama e começo a desfazer minha mala para iniciar o processo de arrumação do meu armário.
Acho que passa no máximo uma hora e já está tudo arrumado. Por incrível que pareça, consegui colocar minhas roupas dobradas e as outras tralhas sem ficarem jogadas no chão do armário. Coloquei minha guitarra perto da porta e o meu notebook em cima de uma mesinha ao lado da minha cama.
Saí do meu quarto e deixei Bob dormindo na minha cama. Cheguei ao corredor e fui ver onde o nerd estava. Olhei de relance e vi que ele estava na cozinha. Então voltei para o corredor e fui bisbilhotar o resto da casa.
Na primeira porta á esquerda, tinha o banheiro. É um banheiro pequeno, entretanto bonito. Saí do banheiro e continuei meu passeio. Do outro lado do corredor, na primeira porta, era um escritório. Bem grande e decorado com madeira. Esse nerd não economizou nem um pouco na decoração desse cômodo. Tem umas prateleiras nas paredes com livros, uma poltrona preta de couro perto da porta. Mais pra frente, tem uma mesa bem grande cheia de papéis e com um único porta- retrato. Nessa foto, está o nerd com a irmã e mais duas pessoas. Provavelmente, são os pais deles. Mas, o que me chama a atenção, é que parece que o nerd tem menos de vinte anos e a irmã dele, ainda é uma adolescente.
Deixo o porta- retrato na mesa e olho para trás. Noto uma janela bem grande e tem uma vista linda.
Saí do corredor e vi que tinha uma última porta ao lado do escritório. Com certeza é o quarto do nerd. Quando vou entrar lá, eu levo um susto com alguma coisa segurando meu ombro. Olho e vejo que é o nerd.
— Você me assustou!
— Desculpa, não era minha intenção.
— Você ainda está com a mão no meu ombro. — Ele olha para mão dele e a retira no mesmo instante. — Uma regra para nossa convivência: Não toque em mim sem a minha permissão. Não gosto de toques.
— Tudo bem. Eu não vou tocar mais em você. — Ele diz. E parece que está com vontade de rir. — O que você estava fazendo?

— Estava conhecendo a casa. Por que? Não pode?
— Pode sim. E você gostou do que viu?
— Olha... Até que pro um nerd, você tem uma casa bem legal.
— Obrigado. Mas... Não me chame de nerd.
— Tá bom. — Digo. Mas esse vai ser um motivo pra eu continuar chamando- o assim.
— Eu vim te chamar para almoçar.
— Você fez a comida?
— Sim. Não se preocupe. Eu sei cozinhar. Venha. — Ele foi em direção a cozinha e eu o segui.
— O que você fez de comida?
— Fiz lasanha de quatro queijos.
O cheiro está ótimo. Espero que o gosto também esteja. Entramos na cozinha. E Era bem grande. Tinha uma mesa pequena, no meio da cozinha. Uma geladeira bem grande e do lado um fogão. Na outra parte da cozinha, tinha a pia e um armário. E como era uma cozinha americana, tinha um balcão. Nele tinha algumas coisas também. Paro de reparar no lugar e me sento junto com o nerd.
— Posso te servir? — Ele me pergunta. E eu afirmo com a cabeça. Logo, ele me dá o prato. Estou morrendo de fome. Pego um pouco da comida e coloco na boca. Sinto o gosto da comida. Está uma delícia! Até que ele sabe cozinhar....
— Está boa a comida?
— Até que não está ruim. — Eu digo, só para não dar o braço a torcer. E mais uma vez, parece que ele quer rir.
— Você gostou do quarto?
— Sim. Mas eu gostaria de fazer umas mudanças nele.
— Pode ficar a vontade. Quando você quiser ir comprar as coisas é só me avisar.
— Você poderia ir comigo? Porque eu não conheço esse lugar. E não gostaria de me perder. — Admito, agora tive que dar o braço a torcer. Não gosto de ficar perdida em cidades que eu não conheço. Aliás, quem gostaria? Tive uma experiência assim uma vez, quando eu e a Sam fomos passear em São Francisco. E garanto que não foi nada agradável.
— Está bem. Eu vou com você.
E voltamos a ficar em silêncio. Como eu sou curiosa, resolvo fazer umas perguntas a ele.
— A sua irmã não mora com você né?
— Não. Minha irmã mora sozinha. Mora em Londres também, mas em outro bairro.
— Quantos anos vocês tem?
— Eu tenho 26 anos e ela, 23. — Ele deu uma pausa. Depois continuou. — Ela também trabalha na empresa da sua família. Ela cuida das finanças.
Dei de ombros. Não dou muita importância pra essa empresa.
— Você não liga muito para o trabalho do seu pai não é?
— Não.
— Pois devia ligar. O seu pai queria que eu treinasse você para poder assumir os negócios daqui há uns anos.
— Não precise se importar com isso. Eu não quero aprender nada. Esse negócio de empresas não é o meu ramo.
— E qual é o seu ramo? Porque, que eu saiba, você não vai fazer faculdade. — Ele diz com aquele risinho. Daqui a pouco eu vou tirar esse sorriso da cara dele.
— Eu não sei qual é meu ramo. Eu já tinha outros planos. Mas... Eu os adiei por enquanto.
— Se você quiser, posso pagar algum curso.
— Eu não quero... Pensando bem... Eu quero aprender a dirigir. — Digo um pouco animada. Minha revolta com ele passou um pouco.
— Está bem. Eu vou pesquisar uma autoescola para você.
Depois de alguns minutos, terminamos de comer. Comi tanto, que estou com a barriga cheia. Eu acho que eu não como mais hoje.
O nerd se levanta e começa a tirar as coisas da mesa. Percebo que eu não me contentei com as perguntas que fiz a ele e resolvo fazer mais.
— Então..... Você tem namorada? Só por curiosidade, sabe...
— Não tenho namorada. Aliás, nunca fui muito de namorar. Sempre me foquei mais nos estudos e depois, no trabalho.
— Ah... E a sua irmã, é nerd como você? — Eu disse e ele me olhou como uma cara... Mas não disse nada.
— Ela sempre se dedicou muito aos estudos também. Entretanto, ela sempre teve uma vida amorosa agitada. Inclusive, daqui há uns meses ela vai casar.
— E qual é a sensação em saber que sua irmã mais nova vai casar antes de você? — Eu não deixo escapar essa oportunidade de alfinetá-lo. Ele para e me olha com uma cara que me dá uma imensa vontade rir e não consigo me segurar. Solto uma gargalhada bem alta. Rio tanto, que lágrimas caem dos meus olhos.
— Eu não achei graça nenhuma.
— Mas eu achei. — Ele me olha sério e resolvo parar de rir. Confesso que esse olhar sério dele me deixa com um pouquinho, mas um pouquinho de medo. — Tá bom, parei de rir. — Ele volta a mexer nos pratos de novo. E Eu resolvo cortar o clima. — Os seus pais devem estar contentes pela sua irmã não é? — Ele para de novo e fica quieto. Eu conheço essa reação. Não devia ter perguntado.
— Eles faleceram em um acidente de carro há oito anos.
— Eu.... Sinto muito....
— Tudo bem. Eu já superei. — Ficamos em silêncio por um tempo e resolvo me levantar.
— Vou para o meu quarto.
— Ok.
E eu o deixei na cozinha. Cheguei ao meu quarto e o Bob estava do mesmo jeito que eu o deixei. Lembro que o coitado não comeu até agora. E nem tem nada pra ele. Tadinho. Sou uma péssima dona. Voltei correndo para cozinha e chamei pelo nerd.
— Oliver! Oliver! — Eu acho que dei um susto nele e ele deixou alguns pratos caírem no chão e se espatifaram totalmente.
— O que foi Candice? — Ele me perguntou assustado.
— Você pode comprar ração? Eu esqueci de dar comida para o Bob.
— Esse alvoroço todo é por causa do Bob?
— Claro! Ele é muito importante.
— Tudo bem. Eu vou sair para comprar. Quando eu voltar, arrumo essa bagunça. Tem alguma preferência de ração?
— Não. — Ele pega as chaves e sai. E Eu volto para o meu quarto. Pego a bolinha do Bob e jogo para ele. Tadinho. Como eu pude esquecer dele? Estou me entretendo com o Bob e o meu celular toca.
Vou correndo atender e vejo que é a Sam.
— Fala loira!
— Oi ruiva! Já estou com saudades.
— Também estou morrendo de saudades.
— E como foi a viagem até Londres.
— Não muito ruim. Mas aquele nerd me dá nos nervos às vezes.
— Hum... E como é Londres?
— É bonita. Mas tem aquele ar de lugar histórico. Você sabe que eu não gosto de lugares assim. E vou me sentir uma prisioneira também. Porque eu não conheço nada aqui.
— Logo você se acostuma. Daqui há uma semana, vou te visitar.
— Sério?! Que bom loira. Mas porque você não vem antes?
— Bem que eu gostaria. Mas não dá. Eu prometi pro meu pai que ia ficar por aqui mais uns dois dias. Depois, vou em Nova Iorque, fazer minha matrícula na faculdade e comprar alguns móveis pro meu quarto lá e também levar minhas coisas. De lá, eu vou pra Londres e a gente vai se divertir muito aí.
— Tomara.
— E a Doce Candy vai entrar em ação quando?
— Amanhã. Não quis começar hoje para conhecer o território primeiro e o nerd também.
— Coitado. Tenho pena dele.
— Não devia ter.
— Vou desligar agora. O almoço acabou de ficar pronto.
— Ok. Tchau loira.
— Tchau ruiva.
E ela desligou o celular. Me joguei na cama, e agora vou pensar no que a Doce Candy vai aprontar amanhã...



Doce CandyOnde histórias criam vida. Descubra agora