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No dia seguinte, enquanto tomávamos o pequeno-almoço, a minha mãe apareceu com ar um pouco preocupado...

- Como correu o jantar? – perguntou, inquieta.

- Correu muito bem! Foi fantástico! – respondeu Joana.

- Sim, mãe! Correu bem, não te preocupes...

Embora a minha mãe tivesse deixado de fazer perguntas, pude constatar que a preocupação ainda a perturbava. Queria perguntar-lhe o que era, mas o mais certo era resmungar comigo e não me apetecia nada começar o dia a resmungar com a minha mãe, ainda por cima, com Joana ao meu lado.

Era sábado, não tínhamos aulas e, portanto, decidimos dar um passeio pelo jardim. A manhã estava fresca e ainda se podiam ver gotas de orvalho nas flores. Estávamos a conversar alegremente quando ouvi alguém perto do portão da entrada. Era o carteiro.

- Bom dia, queria entregar uma encomenda a Rose Silva.

- Sou a própria – disse, com uma voz ansiosa.

- Assine aqui, por favor – disse, educadamente.

Assinei o papel e, quando este se foi embora, levei o embrulho para dentro de casa. Joana morria de curiosidade. Abri o pacote. Lá dentro encontrava-se um pequeno cartão cor-de-rosa perfumado. Abri-o com impaciência.

"Rose,

No primeiro dia em que te vi, entraste no meu subconsciente. Viajaste até ao meu coração e roubaste-o. Há algo em ti que me atrai. Sinto que tens algo de especial...

Na noite passada aconteceu uma coisa: ao olhar-te nos olhos, percebi que já não vou aguentar viver sem ti, já não posso lutar contra o amor que sinto. É mais forte do que eu! Durante estes dias não consegui parar de pensar em ti...E, após a noite de ontem, não me restam dúvidas.

Sei que podes não sentir o mesmo por mim, mas gostava de poder saber o que sentes e, assim, também ficaste a saber o que eu sinto por ti.

Espero que sigas o teu coração e que ele faça parte do meu. Amo-te.

Miguel"

- Que bela declaração! É tão romântico! – apregoou, Joana – O que vais fazer? Vais escrever-lhe a dizer que também o amas?

- Não. Não posso – à minha cabeça vinham as palavras que a minha mãe me dizia quando era pequena dizendo que não me podia envolver demais com os humanos.

- Porquê? Ainda ontem estavas radiante por ele tentar dar-te um beijo que eu, sem querer, interrompi...

- Fizeste bem em interromper, não me posso envolver com ele...

- Porquê? Já tens alguém? Porque é que não disseste mais cedo?

- Não, não tenho ninguém, é muito complicado...

De seguida, fui ver o que havia no pacote da encomenda. Por entre pétalas de rosa, encontrei uma linda pulseira com pequenas flores prateadas. Joana começou a atirar para cima de mim as pétalas dizendo que estava para chegar o dia do meu casamento...

Pus a pulseira no pulso, mas não mostrei grande interesse pelo pequeno cartão que deixei pousado em cima da cama.

Eram quase horas de jantar quando Joana foi embora. Decidi escrever uma carta a Miguel. Depois de muito pensar, decidi que lhe enviaria uma carta simples, sem muitos rodeios. Iria ser direta. No final, apenas escrevi algumas pequenas frases.

"Miguel,

Desculpa se te criei ilusões, mas a verdade é que não nos pudemos ver mais. A nossa curta e bela amizade tem de acabar. N ão vai ser fácil, acredita! És uma pessoa maravilhosa e eu não te quero magoar... Será melhor assim. Desculpa por tudo.

A Guardiã do Medalhão SagradoOnde histórias criam vida. Descubra agora