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Quando descemos ao andar de baixo, já um grande número de pessoas se encontravam no interior da casa. Por pouco teríamos chegado a casa tarde demais. "Que grande sorte". A cada minuto, chegava mais um grupo de amigos animados e ansiosos para se divertirem.

Mariana acolhia todos os visitantes com cara sorridente e otimista.

Por volta das onze horas, já todos os convidados tinham chegado e a festa estava no auge. A música tocava intensivamente, as garrafas despejavam-se rapidamente, o jardim estava cheio e todos se divertiam.

- E que tal ligarmos o irrigador? - perguntou Miguel a Mariana.

- Boa ideia! - foi à garagem e, passado um minuto, saiu de lá com o irrigador na mão.

Pousou-o bem no centro do jardim, ligou-o à mangueira e, em pouco tempo, o irrigador lançava água por todo o jardim. As pessoas começaram a despir-se e, num fechar de olhos, já todas as pessoas estavam de fato-de-banho e de calções.

- Disseste aos convidados para trazerem fato-de-banho? - perguntei a Mariana.

- Sim, lembrei-me do irrigador e da piscina. Como hoje está calor, disse a todos os convidados para trazerem fato-de-banho ou calções porque podíamos eventualmente ir tomar banho. Rose, se quiseres ir para o jardim podes ir buscar um dos meus biquínis - piscou-me o olho e desapareceu no meio da multidão.

- Queres ir? - inquiriu Miguel.

- Não me apetece muito... Ainda estou a pensar na confusão em que a minha vida está...

- Não penses nisso... Eu tive esta ideia da festa para que esquecesses tudo isso. Vai buscar um biquíni e vem ter cá abaixo daqui a cinco minutos.

Fui ao quarto de Mariana e comecei a procurar nos seus gavetões os biquínis. Encontrei alguns num pequeno gavetão da sua cómoda e escolhi um preto. Ao tirá-lo da cómoda, caiu no chão um papel dobrado.

Tentei pô-lo de novo no sítio mas a curiosidade foi mais forte que eu. Desdobrei o papel com cuidado. Era uma carta.

" Querida Mariana,

Quero pedir-te desculpa, meu amor, naquela hora não estava bem.

Espero que me perdoes.

Desculpa lá aquela cena. Estava mal e agi sem pensar...

Não te esqueças que és minha namorada...

Raúl"

Agora sim, tinha a certeza de que tinha sidoo namorado da Mariana que lhe fizera aquela ferida. Ele andava a drogar-se outra vez.

Vesti o biquíni, meti o papel dobrado no gavetão e desci à sala. Miguel já estava de calções e, quando me viu, sorriu.

- Estás linda! - riu-se e fez-me rodopiar - Vamos lá para fora?

- Sim, vamos. Antes de irmos, só te quero dizer uma coisa. Descobri que foi mesmo o namorado da Mariana que lhe fez aquilo no braço.

- A sério? - a cara de Miguel deixou de estar sorridente e passou a severa.

- Sim, ao pegar neste biquíni da tua irmã caiu um papel da cómoda. Não resisti e li-o. Era o namorado dela a pedir desculpa de qualquer coisa. Tenho a certeza que foi isso...

- Faz todo o sentido. Logo, vou falar com a minha irmã para ver o que aconteceu realmente.

- Não lhe digas que li aquela carta...

- Claro que não!

Voltou a pegar-me na mão e levou-me até ao jardim. Toda a gente corria, tentando fugir aos jatos de água do irrigador.

A Guardiã do Medalhão SagradoOnde histórias criam vida. Descubra agora