Capítulo 3

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Eu acho que não tinha ouvido muito bem. Pra falar a verdade ouvi sim, só não processei a informação no meu cérebro. Difícil se concentrar quando tem um par de seios, coxas, tudo a mostra apenas de biquíni, bem na sua frente. Deus me dê discernimento!

- o que? Você ta chamando a gente pra ir pra sua casa? - André pergunta meio incrédulo.

Ela revira os olhos e diz entediada:

- sim.

- gostei muito do convite gatinha, mas não vai dar não, a gente dá um jeito de ir pra casa. - Bernardo diz.

- a gente vai pra casa como? Se nenhum de vocês aqui sabe dirigir, e se vocês não perceberam minha perna tá machucada, não tem condições galera, sério, pensem um pouquinho no amigo de vocês aqui.

- bem, a decisão é de vocês, a casa ta aberta. - Ela diz isso e se vira. Deus discernimento! Não consigo evitar olhar pra bunda dela, enquanto ela se afasta pra deixar a gente decidir, mas fica observando de longe.

- Fernando, foco aqui por favor. - Carlos diz, chamando minha atenção.

- ok, foco. - Eu digo.

- e ai gente, qual vai ser - Bernardo pergunta.

- galera, eu super topo, minha perna vai inchar se não pegar um gelo, ela parece legalzinha, ofereceu a casa dela, eu não tenho problema pra dormir fora de casa não sei vocês.

- não sei vocês, babaca, lógico que você sabe. - Bernardo diz dando um soco no braço dele.

  Os dois riem.

- sei não em, vai saber com quem essa garota mora, vai que acontece alguma coisa, alguém esperando a gente, algo perigoso sei lá. - André fala, uma asneira dessa só podia sair da boca dele mesmo.

- perigoso, perigoso pode ser pra ela com quatro caras na casa dela. - Carlos diz, trocando risadinhas com Bernardo.

- dá pra parar vocês dois. - Eu digo sério.

- ih sempre gayzão você em. - Bernardo reclama.

Não to dizendo, quando junta esses dois, é dor de cabeça pra mim.

- vamos falar sério por favor, querem ficar? - Eu pergunto.

Os dois param de rir e Bernardo é o primeiro a se pronunciar.

- por mim beleza, não quero ir pra casa mesmo.

- to junto com meu irmão aqui. - Carlos diz.

- então a gente fica. - Eu falo.

- ei, e a minha opinião, não conta não? - André protesta.

- não adianta cara, seria três contra um, você teria que ficar de um jeito ou de outro. - Bernardo diz.

- não não beleza, só to observando aqui o quanto vocês consideram minha opinião.

- desculpa cara, mas nessas condições sua opinião não conta. - Carlos diz.

- que condições? - André se faz de desintendido.

- porra, ta pior que mulher tu em, mas vou respeitar, sabe como é término de namoro ne, é foda. - Carlos diz.

  Já tinhamos nos aproximado dela.

- se decidiram? - Ela pergunta.

- vamos ficar. - Eu respondo.

Por um momento eu achei que ela iria sorrir, mas não. Ela apenas olhou para o caminho atrás de nós e perguntou:

- vocês estão de carro ne, como eu pude perceber.

Ela parecia esperar confirmação nossa.

- sim. - Carlos diz.

Ela se vira e sai andando na frente. Entendemos o recado,  pegamos as coisas e vamos andando atrás dela.

- Fernando, ou cara! Dá pra você parar de olhar pra bunda dela, e olhar a onde pisa, você ta me levando também esqueceu. - Carlos reclama.

- foi mal cara. - Eu digo sem graça.

- ela nem é tão gostosa assim, ta na seca? - Ele diz.

- não palhaço, aff, ela de algum jeito me desconcentra, sei lá cara. - Nem sei bem o que eu to dizendo.

- se liga ai.

  Quando finalmente saimos da cachoeira, pelo beco por onde entramos, ela parou e perguntou:

- qual carro é o de vocês?

- aquele Palio ali. - Bernardo diz.

- Palio, Palio, como se eu conhecesse alguma marca de carro, fala a cor. - Ela resmunga, o que me faz rir.

- aquele preto ali. - André aponta.

- vamos então. - ela disse.

- ei, perai, quem vai dirigir? - Bernardo pergunta.

- eu, quem mais? O único que sabe ta com a perna machucada.

- ok gata mandona, não tem discussão.

Com todos já dentro do carro, e ela no volante. Ela liga o carro. E demos uma arrancada, ela acelerou, puts, ta correndo. Garota louca! E imagina só, um carro correndo em uma rua de chão esburacada, a poeira subindo até o céu.

- ou calma gatinha, ainda tenho muito o que viver. - Bernardo diz.

- meu carro filha da puta, se ta loca? - Carlos quase grita.

Ela apenas solta uma gargalhada e diz:

- calma gente, já cheganos ok, só queria dar um susto em vocês.

- susto dado com sucesso. - Eu disse.

Ela deu um meio sorriso pra mim, mas evitou olhar nos meus olhos. Estranho. Foi na frente e abriu um pequeno portão de madeira. Ela entrou e disse:

- bem, sejam bem vindos a minha humilde casa.

   Ela foi na frente e sumiu na primeira porta que entrou.

- gente não deixa esse clima morto não por favor. - Bernardo disse.

Do nada ela meteu a cabeça pro lado de fora da porta e perguntou:

- vocês não irão entrar?

- e esse cachorro ai? - André perguntou.

- ah o pinguinho. - a voz dela adoçou para o cachorro vira lata aos seus pés. - ele não vai morder, podem vir tranquilos.

Já que ninguém se mexeu, eu fui na frente, e eles me seguiram.










 

Do Lado De CáOnde histórias criam vida. Descubra agora