Capítulo 5

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  Ela acabou fazendo uma macarronada, todos comemos bem. Estávamos afim de ir tomar um banho de rio, mas ninguém queria ficar em casa pra fazer companhia ao Carlos.
   Acabou que ninguém foi em lugar nenhum, sabe como é né, depois do almoço bate aquela canseira. E do nada geral dormiu, sério, cada um em um canto, eu até ouvi a voz dela falando alguma coisa sobre a gente dormir no chão, mas eu já não tava entendendo nada direito, então nem dei idéia, apaguei.

   Me mexi e abri os olhos devagar. Que lugar é esse? Meus olhos passeiam pelo quarto. Uma tela na parede me chama a atencão, de uma índia, bem bonita, com os cabelos longos tapando os seios. Um violão em um canto, que o André está quase encostando com os pés e derrubando. Um guarda roupa, espelho, em baixo do espelho um negocio que eu não sei o nome cheio de livros e CDs e uma árvore desenhada na parede. É o quarto dela, da Lara. Bem diferente, assim como ela.
    Ouço o barulho da rede se movimentar, ela esta lá fora. Me levanto devagar, passo pela cozinha tentando fazer o mínimo de barulho, e paro na entrada.
   Vejo ela fumar, beber um copo de vinho e cantarolar alguma coisa. Se não fosse pelo cheiro forte do incenso no ar, eu ia jurar que ela tava fumando maconha.

- oi. - Eu falei devagar pra não assustar ela.

  Mas mesmo assim ela se assustou, e me olhou com uma expressão que eu não consegui bem definir. E rapidamente se levantou entrando na cozinha.
  O que será que eu fiz de errado dessa vez? Pra falar a verdade não sei o que fiz de errado até agora. Tipo com os meninos ela interage bem, mas comigo, sei lá é estranho, ela mal olha na minha cara.
   Quando eu fui oferecer ajuda na cozinha mas cedo, ela respondeu seca. E agora eu digo oi, tentando puxar assunto, ela nem responde e desaparece na cozinha.
   Agora eu sei que é pessoal.

- oi, é...  Eu fiz um musse enquanto vocês dormiam.

  Ela apareceu do nada me oferecendo um potinho de sobremesa.

- ah...  Obrigado.

Eu aceitei e comi silenciosamente. Agora é a minha vez de dar o gelo.

- eh, oi, desculpa por hoje cedo na cozinha e por agora a pouco, não me ache lerda por favor. - Ela riu. - é que eu fico um pouco sem jeito perto de você eu acho, não leve pro pessoal.

Logo na hora que eu resolvo dar o gelo, ela se desculpa. Merda!

- ah... Ta, tudo bem. - Agora quem fica sem graça, ser ter o que falar sou eu.

- eu acho que ta assim por que eu aceitei seu desafio. - Ela disse.

   Desafio?

- que desafio? - Perguntei olhando pra ela.

  Ela pareceu ficar envergonhada quando eu perguntei olhando pra ela. Ela deu um sorriso tímido. Um lindo sorriso tímido.

- quando eu te encarei de volta no rio, isso pra mim foi um desafio, talvez por isso tenha ficado um clima estranho entre a gente.

- ata, aquelas encaradas no rio, talvez seja por isso mesmo. - Me lembrei.

Tentei olhar pra ela sério, e ela ficou séria também.

- o que foi? Pra você ta me olhando desse jeito.

- não e nada, é só que eu acho você muito bonita.

   Soltei logo de vez. Ela é bonita, não tem como negar. Mas pra minha surpresa ela ficou séria, como se não tivesse gostado. Só agradeceu e entrou.
  Mas que merda em, não sei o que eu fiz de novo. Toda complicada essa garota. Pra falar a verdade todas as mulheres são complicadas. Acho que nunca vou entender.

  ...

- minha nossa, gente, olha o silêncio. - André diz se espreguiçando, logo depois que termina de levantar.

- eu desliguei o rádio por que vocês dormiram. - Lara diz.

- não to falando exatamente isso, olha o silêncio em volta? Nenhum barulho, nem parece que você tem vizinhos.

- ah. - Ela riu. - por aqui é assim mesmo.

- nossa, mega chato isso.

- depende do ponto de vista.

- então, o que a gente vai ficar fazendo por aqui?

- vamos ver televisão. - Bernardo sugere.

- é,  ouve um pequeno probleminha na antena, então não tem televisão. - Ela disse com um sorriso sem graça.

    Tenho que concordar com o André, deve ser maior chatisse mesmo morar nesse lugar. Ela mora sozinha, não tem um barulhinho perto, e não tem televisão. Não que eu seja noveleiro , viciado na TV, não, mas quando não se tem nada pra fazer, essa é a ultima opção. Mas nesse caso nem isso.

- por esse sorriso sem graça seu ai, duvido muito que foi um   " probleminha " . - Carlos disse.

- ah fui eu que quebrei mesmo aquela merda. - Ela confessou com as mãos para o alto em rendição.

- tudo bem. - Bernardo disse rindo. - acidentes acontecem nao?!

- mas eu tenho uma coisa que talvez distraia vocês.

 

Do Lado De CáOnde histórias criam vida. Descubra agora