Capítulo 7

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Depois de jogar várias partidas com o Carlos, minha mão e meus dedos já estavam doendo. Deixei ele jogar com o Bernardo, e fui pra varanda deitar na rede.
Fiquei ouvindo o barulho dos grilos e o coachar dos sapos, deve ter um brejo aqui perto. Agora eu to crendo mesmo que estou no meio do mato.

- apreciando a natureza? - a voz dela.

- quase isso. - Acabei rindo. - to ouvindo um coro de sapo, eu jamais iria ouvir um negócio desses em Niterói.

- sério? Eu gosto daqui por isso.

- isso? - Me referi ao barulho dos sapos. Que de repente parou. - parou?

- é assim mesmo, parece que tem um chefe que comanda, se ele para os outros param.

- e se ele começa... - me referi ao barulho que havia recomeçado.

- é, bem assim. - Ela disse olhando pra escuridão infinita a nossa frente.

- mas por que aqui? - Resolvi perguntar, espero que ela não fuja dessa vez.

Ela hesitou um pouco, e me surpreendeu quando puxou uma cadeira e se sentou.

- depois de um tempo, eu preferi ficar perto dos animais do que das pessoas. - Ela respirou fundo e continuou. - os animais são irracionais, não pensam sabe, quando fazem algo, já os seres humanos...

Ela deixou no ar. Não sabia nem o que dizer, preferi ficar quieto, vai que eu falo alguma merda e ela entra do nada.

- desculpa. - Ela riu, uma risada sem humor, amarga. - falei demais, acho que foi o vinho.

- não, não tudo bem, acho que te entendo. - Só consegui dizer isso.

Eu me virei pra ela. Ela desviou o olhar como sempre, mas nem assim conseguiu esconder a tristeza que eu vi. Ficou alguns segundos olhando pro nada, quando de repente me olhou com olhos arregalados e um sorriso.

- o que foi? - perguntei na hora, me sentando na rede.

- vamos dançar? - ela perguntou.

- dançar? Como assim dançar? - Perguntei surpreso.

- como assim dançar?! - Ela disse imitando minha voz.

Tive que rir.

- só vem tabom. - Ela disse já segurando no meu braço e me puxando pra cozinha.

Num to dizendo! Tava toda estranha comigo e agora quer dançar. O que uma bebida não faz com a pessoa em!
Enquanto ela foi ligar o rádio, eu dei uma espiada no quarto. André estava esparramado em um colchão inflável de solteiro, apagado já. Bernardo e Carlos continuavam mega concentrados no joguinho, pra eles o jogo parecia coisa de outro mundo, mesmo sendo uma parada antiga.
Voltei pra cozinha e ela enchia dois copos de vinho. Droga, não vou poder recusar, mas o foda é que eu não gosto de misturar bebida, bem que eu só bebi duas latinhas. Talvez não faça mal, assim espero.
A música começou, ela veio na minha direção me entregou um copo e começou a dançar e cantar.
Por incrível que pareça eu conhecia a música, e até que é legalzinha.

Se a vida as vezes uns dias de segundos cinzas, e o tempo tic taca devagar
Ponha o seu melhor vestido, brilha teu sorriso, vem pra , vem pra
Se a vida muitas vezes chuvisca, garoa,
E tudo não parece funcionar
Deixe esse problema atoa
pra ficar na boa
Vem prá

- vem dançar Fernando. - Ela me chamou.

Eu apenas balancei cabeça negando. A situação até que é diferente, se fosse outra garota, teria colocado qualquer outro tipo de música, e estaria rebolando na minha frente, querendo me seduzir.
Mas ela não. Quer apenas dançar do seu jeito desengonçado, no ritmo da música. Pra lá e pra cá.

- você vai ficar ai olhando meu jeito sem noção ou vai vim dançar logo de uma vez? - Ela perguntou.

Mas não esperou resposta e puxou meu braço, me fazendo acompanhá-la na música. Ela dava voltas, movimentava os braços, segurando na minha mão pra mim não sair da dança.
E aos poucos eu me deixei levar, estava sendo bem diferente, e a todo momento que nos olhávamos. Ela estava com aquele sorriso lindo, se divertindo comigo.

- do lado de cá, a vista é tranquila, a maré é boa de provar. - Ela cantou um pedaço.

Do lado de ,
Eu vivo tranquila e meu corpo dança sem parar,
Do lado de
Tem música, amigos e alguém para amar
Do lado de
Uuuuuu...
Do lado de
Uuuuuu...

A música acabou. E quem diria, a gente se estranhar tanto no começo, ficar assim, dançar juntos. Isso tá bem estranho.

- meninos, vocês querem deitar, sim? - Ela foi pra entrada do quarto e perguntou.

- é gata, queremos sim.

- Fernando você me ajuda a arrastar aquele sofá pra cá? - ela perguntou séria.

- nossa, mudou do nada. - perguntei estranhando a seriedade.

- eu não estou bêbada gato, anda logo, seus amigos querem deitar.

- ok ok. - eu disse apenas.

Logo depois de arrastarmos o sofá. Ela separou uns lençóis e deu a bombinha.

- mãos a obra queridos. - Ela disse.

Ela varreu o quarto enquanto enchiamos o colchão. Ficavamos revezando pra ninguém cansar. Sorte do André ele ter um de solteiro só pra ele, e já esta dormindo.
Fiquei observando enquanto ela ajeitava algumas coisas no quarto e depois foi pro guarda roupa.

- dá pra você parar de observar cada mínimo movimento que eu faço. - Ela disse sem tirar a cara do guarda roupa.

Fiquei caladão na minha. Mesmo eu tendo quase certeza que era comigo, por que os meninos estavam ocupados enchendo o colchão.

- é com você mesmo Fernando.

- como você sabe que eu to olhando pra você em? Você só iria saber se estivesse olhando pra mim de volta. - retruquei.

Ela ficou sem ter o que dizer.

- dá pra parar com o love ai garotão, e vim ajudar aqui. - Bernardo disse.

Enquanto eu fui ajudar, ela entrou no banheiro. Sem dizer nada. Será que esse clima estranho vai voltar do nada?
Porra...


Ninas e ninos que estão acompanhando, me desculpem msm, eu não tenho dia certo pra postar os capítulos, as vezes dá vontade de postar um atrás do outro rs, mas eu me controlo. Vou confessar uma coisinha, eu fico esperando o número de olhadinhas e curtidas aumentarem pra mim postar o próximo. Então quanto mais olhadinhas e curtidas, mais rápido eu vou postar os outros capítulos, conto com todo o apoio de vcs.
Bjuuuus

Do Lado De CáOnde histórias criam vida. Descubra agora