Confesso, estou nervosa. Não é sempre que recebo 4 garotos na minha casa. Corrigindo, não é sempre não, é nunca. As únicas pessoas que costumar vir aqui é a Anitta e o Noah, seu namorado. Até comprei um colchão inflável de casal pra eles.
A casa ta uma bagunça, literalmente. Louça suja, chão sujo, garrafas de bebidas espalhadas. Sou uma cachaceira mesmo. O máximo que consegui foi esconder as garrafas embaixo da pia. E eles já estavam na porta.- bem meninos, como eu moro sozinha, não tem necessidade da casa ser grande, aqui é a cozinha, aquela porta ali dá pro banheiro, e a outra pro quarto aqui do lado.
Dava pra perceber os olhares observadores.
- então gata, onde a gente vai dormir, não que eu já esteja pensando em deitar, mas sei lá só quero saber sabe. - o Carlos se pronunciou.
- isso não vai ser problema meninos, eu tenho dois colchões infláveis, um de casal e outro de solteiro.
- e, preparada essa nina em. - o Bernardo disse.
Eu apenas dei um sorriso e fui ligar o rádio que estava em cima da mesa.
- bem gente, por favor, não vamos ficar nesse silêncio mortal não, vamos conversar, se conhecer sei la, se apresentem.
- eu sou o Carlos, 20 anos, 99% anjo perfeito, e aquele 1% vagabundo.
Acabamos rindo. Até que enfim o clima estava descontraindo.
- eu sou o Bernardo, binho pros babacas aqui, tenho 19 anos, é isso.
- eu o André, o chatão do grupo, mas tentem entender galera, só to deprimido. - Ele dá um sorriso tímido.
- e eu sou o Fernando. - Ele olhou rapidamente pra mim. Olhos castanhos claros lindos. - precisa falar a idade? - ele pergunta olhando para os amigos.
- ah entendi, não quer falar por que é o caçulinha da turma. - Bernardo fala.
- ahhhh... É o nosso bebê. - Carlos zoa.
- ihhh que palhaçada, diferença de um ano só de vocês dois. - Fernando diz apontando pra André e Bernardo.
- então agora é a minha vez, me chamo Lara, e tenho... Precisa falar a idade meninos? - Eu perguntei com um sorriso tímido.
- a gente quer saber. - André diz.
- quantos anos vocês me dão? - Perguntei alternando o olhar entre eles. - vamos sentar ali fora. Sugeri já que estávamos todos em pé. E cada um pegou um cadeira, enquanto eu deitava na rede.
- eu dou a minha idade, 19. - Bernardo falou.
- eu dou 21 . - Carlos disse.
- bem eu não faço a miníma ideia, sou péssimo em chute. - André diz.
- acho que dou 19 também. - O Fernando disse.
Abri um sorriso debochado e disse:
- desculpe decepcioná-los mas todos erraram.
- erramos? - Bernardo pergunta.
- sim, eu tenho 22.
- ah não é tanto assim, eu cheguei mais perto. - Carlos disse.
- aham, o que vocês fazem da vida? - Perguntei.
- eu trabalho em uma loja de alto peças, o resto é tudo vagabundo. - Carlos disse.
- ih vai começar a esculachar viado? - Bernardo diz.
- viado já te comi por acaso?
- oh comeu, e foi uma delicinha, quando a gente vai repetir a dose em gostosão? - Bernardo brincou fazendo voz de gay.
- pára de palhaçada vocês dois, vai que a Lara bota na cabeça que somos um grupo de viados. - André fala.
Eu ri e apenas disse:
- fica tranquilo André, longe de mim um pensamento desses, eu sei que homem na idade de vocês são tudo bobão.
Acabamos todos rindo.
- ei gatinha, você até tentou esconder mas eu vi.
Ai meu Deus! O Bernardo viu o que? Maconha? Não tem como ele ter visto, tem? Será que eles conhecem? Não quero que saibam que eu fumo, isso não é algo que se conta a pessoas que acabaram de se conhecer.
- viu? - Tentei fazer a minha voz sair o mas tranquila possível.
- as garrafas de bebida. - Ele disse.
- ah... - Soltei um suspiro aliviado. - as garrafas.
- o que você pensou, pra ficar com essa cara? - Ele perguntou.
- não não nada. - Disfarcei.
- mas ai vai colocar um vinhozinho pra gelar? - Bernardo perguntou.
- vocês bebem? - Perguntei olhando pra eles.
- claro, cerveja de preferência. - Carlos respondeu.
- vocês podem comprar no bar lá em baixo.
- não precisa, a gente trouxe. - André disse.
- então tragam pra cá. - Eu disse animada.
Um pouco de diversão finalmente. Eu acabei aumentando o som com a euforia, e fui ver o que eu poderia fazer pra almoçarmos.
- bem, é Lara né. - O que me encarou, Fernando.
Apenas acenei com a cabeça.
- aqui estão as bebidas, é... Quer alguma ajuda aí?
Eu finalmente ergui o rosto pra ele. Ele tava esperando a resposta, me olhando com aqueles olhos castanhos lindos. Respira, respira. Por parece que eu esqueci como se respira sem fazer barulho. Meus Deus, o quão patética ele deve estar me achando nessa situação.
- eh... Não, não precisa. - Disse finalmente.
Ele apenas deu de ombros e saiu da cozinha. Pude soltar o ar que eu nem sabia que estava prendendo. Mas o que ta havendo comigo em? Que ridículo, eu com 22 anos me sentindo como uma adolescente. Espero que essa tensão passe logo.
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Do Lado De Cá
RomanceEla, mulher, independente, amante da natureza. Ele, garotão, recém saído do ensino médio. Tudo começa com uma simples troca de olhares, seguido por um sorriso bobo. " - vem... E ela suspira. Um suspiro que me agoniza, e uma vontade louca se estar c...