Sem pensar, corri até lá e quando cheguei não conseguia mais respirar. A chuva batia tão forte em meus ombros que parecia estar carregando o peso do universo nas minhas costas, e que iria carregar tal fardo pelo resto de minha vida. Ia viver com a imagem que impregnava meus olhos selada em minha mente por toda a eternidade: a carcaça do carro onde meus pais há poucos segundos estavam.A ruína.
Quando olhei para cima, para a tempestade já formada, ouvi algo que não esperava ouvir, que não devia ouvir. Um som que reverberava em meus ouvidos, uma gargalhada tão perto e tão distante, tão poderosa e cruel e ao mesmo tempo, tão... divina? Em um pensamento súbito, conclui quem era o emissor de tal som.
Sentia algo poderoso revirar meu estômago, algo subindo pela minha garganta e transbordando de meu corpo em meio a um grito desesperado, mas repleto de uma promessa. A promessa de vingá-los. Não importava. Não me importava que fosse um deus. Não me importava que fosse O deus. Precisava fazer Zeus aceitar seu erro perante meus pais.
Não me importei com o dono do hotel, que gritou de horror quando viu o "acidente". Olhava para onde estava um carro inteiro, com duas pessoas antes cheias de vida. Respirei fundo. Me acalmei. Voltei ao quarto, reuni tudo o que podia levar em uma mala (incluindo todo o dinheiro e meus jogos) e saí do quarto. Parei na frente do estacionamento, observando os carros. Não devia ser tão diferente dos games, né? Corri até um i30 e tentei. Cinco minutos depois, estava funcionando. Coloquei a mala no banco do passageiro e me dirigi para Nova York.
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Chegando lá, entrei em um motel qualquer e coloquei o computador na minha frente, respirando fundo, Tentava impedi-los, mas tudo o que vinha na minha cabeça eram flashes da minha infância: um sorriso caloroso combinando com os olhos azuis herdados do meu pai, enquanto ele me empurrava em um balanço não usado há anos lá em casa; nós três comendo um maravilhoso e aconchegante jantar, assistindo filmes com minha mãe fazendo críticas construtivas ao que estava na TV e eu e meu pai rindo de como ela era perfeccionista, um olhar de conforto transmitido pela minha mãe quando ela me dava um colar de gerações e gerações.
Levei a mão ao peito. O colar ainda estava lá, emanando a mesma vibração de segurança que minha mãe transmitia antes de ganhar o emprego como gerente de vendas. Só vinham lembranças boas da minha colorida e inocente infância. Nada da minha apodrecida e estragada adolescência. Nada que pudesse me deixar brava com eles por me abandonarem novamente.
Abrindo o computador, percebi algo que poderia fazer tanto para honrar meu pai quanto para vingá-lo. Terminar o que ele começou: a realidade virtual. Levou alguns meses. Eu não era tão boa como meu pai em criar os jogos, mas era boa o bastante para finalizar o trabalho, e o jogo já estava quase pronto. .Pra falar a verdade, o B-T46-W, o jogo-robô com inteligência artificial, até que me ajudou um pouco. Faltavam algumas coisas e um toque especial meu.
Decidi chamar o mecanismo de Lusar, a junção dos nomes dos meus pais, Luísa Soares e César Fernandes. Eu sei, é bobo, mas se eu continuei o trabalho para honrá-los, nada como batizar o produto com o nome deles, não é? Além disso, Lusar parece nome de um programa
tecnológico pelo menos pra mim.O conceito seria: a partir do momento que você coloca o capacete, chamado NerveGear, este transporta sua mente para onde ela queira ir, seja numa praia calma da infância, seja no seu lugar preferido da cidade, seja dentro de um jogo.
Dependendo de como a conversa com o poderoso deus fosse, eu iria propor uma aposta. Se ele ganhasse, eu morreria e, se eu ganhasse... bom, eu não pensei nessa parte, só queria fazer Zeus perder de uma mera mortal.
Agora, obviamente, você deve estar pensando: "Quem essa garota acha que é, para desafiar Zeus e ainda pensar que pode ganhar?!!?" Bom, aí é que está. Eu não sou alguém. Não dou a mínima para a minha vida. Não dava antes e agora dou menos ainda. Não me importo se vou morrer, se vou sofrer eternamente ou viver, desde que eu vingue meus pais ou morra tentando está de ótimo tamanho. Sim, eu virei uma daquelas loucas por vingança que você vê em séries, filmes e animes.
Além do mais, eu praticamente não vivia sem jogar. Sabia os truques, tinha experiência e o principal: eu havia desenvolvido o mecanismo da realidade virtual. Por acaso eu seria boba de enfrentar um deus sem colocar alguns hacks para eu ter vantagem no meio?! Espera, alguns não.
Milhões.
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Olivia's game
Fanfictionsó uma história feita para uma gincana de PJO/HDO que eu não queria jogar fora - sobre uma gamer que, por meio de sede de vingança e muitas noites em claro jogando tudo que fosse possível jogar, conseguiu se tornar imortal.