Too many games

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Recobrei minha consciência do mesmo jeito, e já saí correndo para o ponto em que estava antes de morrer. Dessa vez eu estava mais empenhada que nunca, em parte porque era minha última chance ou em parte porque eu morri tão subitamente, e isso me dá raiva quase sempre (não me pergunte porquê).

Assim, terminei metade da seção superior, atravessei uma bolinha gigante e no meio tempo um fantasma rosa surgiu (sayonara, fantasma!). Eu estava em um corredor. Segundo meus cálculos, era o último. Corria tanto que minhas pernas começaram a doer, e depois formigar.

Dois malditos fantasmas surgiram atrás de mim, provavelmente porque viraram um corredor. Mais um saiu do meu lado e eu conseguia ver outro mais longe vindo em minha direção.

Ugh, pensei. Corri o mais rápido que conseguia, mas a dor causada pela proximidade dos fantasmas me fazia tropeçar. Eles haviam formado uma fila atrás de mim e outra á minha frente, eu estava cercada, não havia nenhuma bolinha grande na extensão do corredor, e eu não aguentava mais.

Foi então que me lembrei dos hacks. Meu toque pessoal.

Por impulso, dei dois pulos no ar, e logo em seguida uma grande bolinha apareceu na minha frente, bem a tempo de ser salva dos fantasmas. Fiz sumir todos os cachorrinhos azuis assustados de perto de mim, e terminei de atravessar as bolinhas do corredor andando. De repente, todas as paredes azuis piscaram de azul para branco incessantemente, como eu já estava tão acostumada, e antes de o jogo reiniciar, eu entrei em outro cenário.

A partir daí eu não estava mais pensando em qual game era o próximo, meu subconsciente estava definindo. Pensei nos hacks e como eu poderia usá-los apenas em casos de emergência. Se eu os usasse toda hora, mesmo que não conhecessem os jogos, o pessoal do Olimpo perceberia que algo estava facilitado para mim. Basicamente, eu tinha que sofrer ao invés de trapacear.

Começou a tocar uma música e eu reconheci imediatamente o jogo: Sonic. Respirei fundo, algo que aparentemente eu estava sempre fazendo. Enfrentaria o Dr. Eggman.

Enfim, eu não vou contar tudo o que houve em todos os 12 trabalhos, mas eu posso garantir que sofri pra cacete, para não falar outra palavra, e usei os hacks além da conta. Só podia torcer que os olimpianos não reparassem, mas foi pelos hacks que eu cheguei tão longe.

A parte boa disso tudo é que podia viver meus preciosos jogos. A parte ruim é que eu realmente morreria, game over e acabou-se.

Eu enfrentei o Dr. Eggman, salvei a Peach do jogo Mário, destruí o laboratório da Umbrella no Resident Evil, derrotei Ganondorf e salvei a Princesa Zelda, venci Garlowk e dei um presente a cada lenda urbana (um jogo bem criativo que meu pai fez perto do Natal), passei em Stanford combatendo demônios e espíritos (outro jogo de meu pai com inspiração em uma série), derrotei o Doctor N no Crash Bandicoot, consegui a independência dos EUA na revolução americana em Assassin's Creed III.

Eu havia acabado de vencer um duelo em Yu Gi Oh e estava acabada. Mas, como em todos os jogos, quando você reinicia você restaura completamente sua força física. Todos os jogos tinham tido a mesma dificuldade que o Pac Man.

O cenário mudou. Pelas minhas contas, aquele era o último game que teria que vencer, e então minha vingança seria cumprida.

Logo na entrada eu percebi. Quase ri com o tamanho da ironia da minha escolha subconsciente.

Era God of War.

O Boss era Zeus.

Para me vingar de Zeus, eu tinha que vencer Zeus fisicamente.

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