Então, o calor parou. Minha visão clareou. Ainda estava atordoada, cambaleei um pouco, mas consegui ver quem estava á minha frente. Um homem um pouco mais alto que eu, de aparência velha, mas forte. Conseguia sentir o poder dos trovões e dos raios ao olhá-lo, e não sabia dizer pelos seus olhos se estava pensando em me matar ou me empalhar para deixar na sua própria coleção de mortais incrivelmente estúpidos.
Zeus.
Não conseguia retirar meus olhos dos dele. Medo? Há. Quanto menos medo eu sentia, mais seus olhos iam de aniquilação imediata á interesse.
"Zeus." Não era exatamente minha intenção não conseguir controlar minhas emoções, mas foi isso que aconteceu - minha voz estava tão desafiadora que poderia fazer o mortal mais bombado e assustador do mundo hesitar. Mas, obviamente, Zeus não era um mortal.
"Como ousa?" Sua voz trovoou pelo salão. Mas não estava desafiadora, era mais como se houvesse falado aquilo em automático. Acho que encontrar uma mortal em seu salão com uma mochila no ombro desafiando-o não estava em sua lista de coisas que poderiam acontecer no dia quando acordou de manhã.
"Você matou meus pais", depois, percebi que o idiota não lembraria, então acrescentei "César, filho de Tique e Luiza Soares".
Ele pensou um pouco, provavelmente tentando lembrar-se da ocasião.
"Ah!! Me lembrei..." deu uma risada que trovoou pelo salão novamente. "Nice havia feito uma desgraçada aposta com Tique... Sentar no meu trono por algum tempo enquanto eu estava fora sem eu perceber... Bom, Tique confiou na sorte, mas ela bem que estava apostando com Nice, né?"
Por um tempo, tive dificuldade em lembrar quem era Nice, mas então lembrei: a deusa da vitória.
"Obviamente, não podia deixar uma ofensa imensa dessas passar em branco, então decidi que mataria todos os filhos de Tique... Como um aviso, sabe?"
Meus olhos faiscaram de raiva. Zeus falava aquilo como se fosse uma história engraçada, e como se estivesse orgulhoso de sua matança...
"Você está errado" falei, calmamente (por fora).
Zeus rugiu.
"O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?!" Senti novamente a força divina que senti quando entrei na sala pela primeira vez.
"VOCÊ ESTÁ ERRADO!!" gritei, resistindo á morte iminente. "E EU VOU PROVAR ISSO".
A força parou novamente.
"Como... como você... ousa?"
Novamente, ele não parecia raivoso. Ele parecia confuso e interessado.
"Você matou meus pais e continua matando outros filhos de Tique, isso está errado. Eu vou provar a você que está errado te vencendo".
Agora, era mais interesse do que confusão. Riu, tremendo o salão. "E como você planeja fazer isso?!"
"Já ouviu falar em um jogo chamado mortal kombat?" Disse, determinada: "É um jogo de luta, e eu planejo derrotar você nele".
Zeus pensou um tempo, mas logo riu e disse: "Não, mera mortal. Eu não tenho tempo para esses joguinhos repugnantes. Além do mais, eu te derrotaria em um piscar de olhos, não teria a menor graça".
Respirei fundo. Usei o plano B. "Então eu vou fazer do seu jeito. Lembra do seu filho Hércules?! Os 12 trabalhos, a grande lenda..." Instiguei-o com meus olhos. "Então, eu prometo que consigo fazer o mesmo que ele fez com coisas do meu mundo".
Zeus ficou em silêncio. Depois riu. "E como você planeja fazer isso?"
Mostrei o Lusar. "Isso foi algo que meu pai criou, e eu programei algumas coisas. É basicamente uma realidade virtual: você coloca esse capacete, imagina aonde quer ir e está lá ao mesmo tempo em que não está. Assim, vou derrotar 12 monstros e vilões do meu mundo. Implementei uma nova possibilidade: se você morre no jogo, você morre na vida real".
O deus riu novamente. "Você quer morrer do seu jeito então tudo bem, deixa minha agenda mais livre. Sei que você não vai conseguir, mas adoraria assistir, vá em frente".
Fiquei tão atordoada que cambaleei para trás. Não esperava que ele fosse aceitar. Pensava que fosse me incinerar ou algo do tipo, não que fosse rir. Então, mordi meu lábio.
"Espere". Precisava aumentar minha proposta.
"Se eu viver, você para de matar os filhos de Tique". Então pensei novamente, isso era pouco. Eu precisava de algo mais. Algo que provasse para todo o Olimpo que ele errou, não só para ele. Algo jamais oferecido para mortais, quase nunca para semideuses.
"Se eu ganhar, Zeus, se eu passar por todos os trabalhos e voltar viva" - respirei fundo, encarando-o como nunca havia encarado alguém na vida. Minha alma estava se remexendo, inquieta, como um animal em uma gaiola prestes a escapar. "Se eu voltar viva, você me garante a imortalidade".
E então fechei os olhos, esperando meu fim.
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Olivia's game
Fanfictionsó uma história feita para uma gincana de PJO/HDO que eu não queria jogar fora - sobre uma gamer que, por meio de sede de vingança e muitas noites em claro jogando tudo que fosse possível jogar, conseguiu se tornar imortal.