Pesadelo

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   Eu estava parada no acostamento de um rodovia de mão dupla, já estava escuro, e eu não tinha noção de que horas eram, mais devia ser tarde já que não tinha nenhum carro na rodovia.

   Andei um pouco pelo acostamento sem saber onde estava e como tinha ido parar ali. Quando a visto duas luzes vindo na mão da direita, os faróis do carro estavam em luz alta e o veiculo não vinha em alta velocidade.

   Atrás de mim eu escuto a aceleração ensurdecedora de um carro em alta velocidade, mesmo o barulho sendo alto ele vinha ainda um pouco longe.

   Quando os carros se aproximavam um do outro, o carro que vinha em alta velocidade perde o controle da direção, roda na pista e bate de frente com o carro que vinham na mão da direita.

   Foi tudo tão rápido, tão assustador, eu só escutava as batidas do meu coração e o zumbido nos meus ouvidos causado pelo impacto dos carros. Ao olhar pro local do acidente, as frentes dos carros estavam destruídas, pareciam que elas tinham se fundido uma na outra, o vidro da frente do carro que vinha na mão direita estava quebrado e os dois passageiros homens estavam com metade do corpo no capô do carro.

   Havia sangue pra todo lado e dava pra vê parte da cabeça do cara que estava no banco do carona aberta. A cena era horrível e o sangue lhes cobriam o rosto.

   Ao me aproximar vi que o cara que perdeu o controle do carro estava desacordado mais ele não parecia morto, além dos airbags ele estava de cinto. Mais tinha um profundo corte na testa e o braço estava numa posição não muito convencional.

   Coloquei a mão no bolso pra chamar a ambulância e percebi que o celular não estava no meu bolso. Me aproximei dos homens que estavam com o tronco pra fora do veiculo e estendi a mão pra limpar o rosto do cara que estava dirigindo.

   Minhas pernas tremiam, meu coração estava acelerado, meu coração parecia que tinha sido esmagado por uma bigorna. E mesmo não querendo acreditar eu sabia desde o momento que me vi naquele acostamento o que ia acontecer.

   Ao limpar o rosto do homem com as mãos tremendo, desabo no chão com as mãos na cabeça puxando os cabelos e grito:

- Paaaaaaaaai!

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   Acordo na minha cama inquieta e completamente molhada de suor, me sento meio tonta e com o coração acelerado.

   Desde o acidente de carro que tirou a vida do meu pai e do meu irmão gêmeo eu tenho esse pesadelo. Segundo a polícia foi exatamente isso que aconteceu. Meu pai vinha da casa de um amigo da familia com meu irmão, eles tinhas ido ver uma partida de beisebol, era o último jogo do campeonato e meu pai e Sebastian passaram uma semana inteira comentando sobre isso.

   Eles estavam vindo para casa já tarde da noite e um filho da mãe que estava participando de um racha com os amigos idiotas dele, perdeu o controle do carro e bateu no veículo que meu pai e meu irmão estavam.

   Eles morreram na hora, mais o desgraçado sobreviveu, muito machucado mais sobreviveu. Mesmo o fato dele ter ido a julgamento e ter sido condenado não diminui a dor no meu peito desse acidente ter levado meu pai e a pessoa que eu mais amava no mundo.

   Não sei se era pelo fato de sermos gêmeos, ou melhores amigos, mais Sebastian era meu porto seguro em tudo, eu confiava nele mais do que a mim mesma e ele em mim. Sebastian não era parecido comigo, ele herdou os olhos verdes intensos da minha mãe e os cabelos castanhos, ele era tão lindo, e tão carinhoso com todos. Ele era a estrela do basquete da nossa antiga escola e tinha muitos amigos. Mais quando precisava de conselhos era a mim que ele recorria.

   Com sua morte foi como se um braço tivesse sido arrancado de mim e meu coração foi despedaçado. Meu pai foi outro. Nossa familia sempre foi muito unida e meu pai era nosso herói.

   Pra mim foi horrível eu perdi meu pai e um irmão, mais minha mãe, ela perdeu o marido e filho, nem podia sequer chegar a imaginar a dor dela. Ela só não se deixou levar pela depressão por que tinha uma adolescente de 17 anos pra cuidar e sustentar.

   Fiz aniversário dois meses depois do acidente, mais não foi comemorado. Passei o dia no quarto trancada e chorando. Por 17 anos aquele era o dia do meu aniversário e de Sebastian, ele era 7 min mais velho que eu e adora contar vantagem de ser o "irmão mais velho". Passar aquele dia sem ele, meu primeiro aniversário sem ele que era minha segunda parte, era doloroso de mais.

   Aquela casa e aquela cidade ficou insuportável para mim e para minha mãe. Tudo lembrava eles. O quintal onde fazíamos churrasco todo mês. A sala onde nos reuníamos sempre para assistirmos um filme em família. Os malditos quartos que não tivemos nem coragem de entrar e a cozinha onde em toda comemoração fazíamos uma lambança pra fazer todos os pratos de que gostávamos.

   Ficar ali não era mais uma opção pra nós. Quando o dinheiro do seguro do acidente saiu, minha mãe vendeu a casa e comprou essa onde estamos hoje em Los Angeles.

   Trouxemos só nossas roupas, alguns portas retratos, algumas coisas dos homens da nossa vida que não pudemos e nem queríamos nos desfazer, o carro que era da mamãe e doamos todo o resto. Não queríamos mais morara naquela casa, e eu não suportava o olhar de pena na escola.

   Todos os meus "amigos" se afastaram depois do acidente. Disseram que não sabiam lidar com uma pessoa que perdeu tanto quanto eu. Nada nos prendia ali. Pegamos nossas coisas. Entramos no carro e aqui estamos.

   Sentada na cama ainda tentando ajustar o compasso do meu coração, levo a mão ao rosto e enxugo as lágrimas que descem como uma garoa pelo meu rosto.

   Me deito na cama já um pouco mais calma e relaxo. Amanhã é meu primeiro dia na escola nova, eu não tinha mais meu melhor amigo do meu lado. Estaria agora começando do zero.

A Garota Da Casa Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora