Capítulo 4

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            Ele, delicadamente, se afasta. Ele dá alguns pequenos beijos antes de se afastar totalmente.

Volto meu olhar para seu rosto. Estava um pouco atordoada com o beijo ainda.

- Eu sinto sua falta, Lily, Mais do que você imagina, mas não posso fazer isso... Você não se lembra de tudo ainda.

Mesmo não querendo parar, ele estava certo.

Pigarreio. – Tem certas coisas que eu tenho alguns flashs. De nós...

- E estávamos...?

Meu rosto esquenta. – Fazendo exatamente o que estávamos fazendo alguns segundos atrás, mas só que... Sem roupa.

Ele arregala os olhos e vejo um rosado subir por seu rosto.

- Entendo... É... Lily, eu tenho que acordar cedo amanhã. Pode ficar com o quarto, estarei aqui na sala...

Entendo o que está fazendo e desejo uma boa noite. Fecho a porta e me deito. Sinto seu leve perfume nos lençóis e tento dormir fingindo que ele estava aqui ao meu lado.

~&~

Quando acordo, percebo o quanto fui atirada. Ele era um estranho para mim. Um estranho que sinto confiança, sinto-me segura. Protegida. Sinto que posso confiar nele.

Noite passada foi um grande deslize da minha parte me jogar nele. Sinto que devo um pedido de desculpas.

Abro a porta do quarto e sigo direto para a cozinha, escuto-o preparando o café.

- Bom dia.

Ele se vira quase derrubando sua xícara de café.

- Oi. Como está?

Sorrio envergonhada. – Bem... Peço desculpas. Ontem eu...

Ele sorri e se levanta. Com três passos ele me alcança. – Não há nada para se desculpar. Só quero que não se arrependa de nada.

- Não me arrependo. – digo firme. – Só quero lembrar-me de você. Só quero tirar essa dor em seu rosto toda vez que eu não consigo lembrar-me de algo...

Ele me puxa para um abraço. Suspiro. Ele tinha um cheiro bom. Sinto seu beijo no topo de minha cabeça.

- Só tenha paciência. Você se lembrará. Prometo.

*

Não era fácil para ficar aqui sozinha em minha própria casa. Algumas coisas eu sabia onde estava. Sabia onde ficavam os produtos de limpeza, um álbum de foto, uma caneta, um bloquinho de anotações ou até mesmo onde eu guardo algumas comidas para passar os dias mais difíceis.

Leo tinha ido para o trabalho. Eu o observava fazer algumas coisas mais simplórias como anotar alguma coisa em seu pequeno caderno, ou o seu jeito de jogar o cabelo para trás quando assiste algum jogo, ou o jeito que ele fazia a barba de manhã.

Não queria estar aqui sozinha. Ainda mais quando se descobre que seus pais morreram já fazia algum tempo. Era horrível saber que perdeu pessoas tão importantes sem ao menos se lembrar da maior parte delas.

Mas algumas coisas eu me lembro, um sorriso de uma mulher que parecia um pouco comigo só que mais velha, um homem com alguns fios brancos misturados com os fios pretos de sua cabeça me ensinando a contar. Era difícil. Realmente difícil.

Não poder lembrar de seu próprio casamento. Achei algumas fotos do dia, mas não me veio nada. Escuto o portão se abrir e vejo pela janela da sala o carro de Leo entrar na garagem.

Logo a porta da sala se abre, mas sua expressão não estava boa. Estava nervoso com alguma coisa e quando seu olhar se volta para mim, um arrepio sobe sobre minhas costelas.

Medo percorre minhas veias e meu cérebro não parava de gritar para correr.

Porque meu marido ia me bater. Eu tinha certeza disso, assim como ele fazia comigo.

Ele ia me quebrar. 

Esqueci-me de tiOnde histórias criam vida. Descubra agora