Capítulo 6

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Noto como era fácil conviver com Leo. Fazíamos um mês de convivência e estávamos tranqüilos. De vez em quando algumas cenas, como se fossem fotos, me voltam. Não sei se era para me tranqüilizar ou me confundir ainda mais.

Leo me levou para uma consulta médica. Meu neuro dizia que estava bem, e que as memórias voltariam, não de uma vez, mas lentamente. Conto o que tinha lembrado alguns fatos e ele fica contente.

Quando estávamos prestes a voltarmos para casa, Leo recebe uma ligação. Ele atende o mais discreto possível, falando baixo e não me deixando fazer leitura labial. Logo ele caminha para mim com uma expressão séria.

- Tenho que voltar no trabalho. Vou te deixar em casa e logo volto.

- Tenho que passar no mercado antes. Pode me deixar lá que depois pego um táxi.

- Acho melhor não. Passo na volta no mercado, é só me dar a lista de compras que eu...

Corto-o. – Não. Quero fazer compras. Preciso de ar fresco. Posso até dar uma caminhada.

Ele não cedia.

- Por favor. Estou cansada de ficar em casa. Não posso trabalhar porque nem sei no que trabalho. Ficar somente em casa cansa, sabia?

Ele esfrega a ponte entre os olhos. – Ok! Mas e se algumas lembrança retornar?

- Prometo que ligarei.

Ele respira fundo. Sorrio.

- Ligue para mim para avisar que chegou bem em casa.

- Ok.

- Vamos então.

*

Não sei, mas eu adoro ir ao mercado. Gostava de ficar passeando entre os corredores, vendo os itens arrumados de maneira uniforme nas prateleiras... Comprar!

Primeiro eu pego um pequeno carrinho de compras e sigo em direção à seção de verduras, legumes e frutas. Pego algumas frutas, salada...

Leo adora pão de forma também, suco de laranja e embutidos. Ele gosta de fazer um lanche com presunto, queijo, algumas rodelas de tomate e uma folha de alface. Confesso que é meu lanche da tarde preferido. Sem contar o suco que ele faz.

Ele diz que sucos que vem em caixinhas possuem mais conservantes do que polpa e ele dizem para evitarmos. E era até fácil, já que ele que preparava os sucos. Ele não toma bebida alcoólica, o que me surpreende. Tínhamos em nossa estante de TV algumas garrafas de bebidas pelas metades ou quase acabando. Não me recorde de beber, então quem bebia tanto álcool assim?

Quando termino de pegar todas as coisas que precisávamos, encaminho-me para a fila. Em algumas das divisões entre os caixas, pude notar algumas coisas como balas, revistas e algo que me chamou muito a atenção. Camisinhas.

- Como parei de tomar os anticoncepcionais, acho que poderíamos comprar algumas. O que acha?

Retiro um pacote de camisinhas do gancho e recebo um tapa, derrubando a embalagem no chão.

- NÃO PRECISAMOS DISSO! Sabe que odeio usar camisinhas! Ande, vamos embora logo! Antes que decida que deve parar de abrir as pernas para mim...

Dou alguns passos para trás, quase trombo com um senhor que estava atrás de mim.

- Desculpe-me.

- Tudo bem.

Meu Deus. Que tipo de homem Leo era?

Pago tudo e corro até um táxi que passava. Não podia estar certo. Não sei em que confiar. Em minhas memórias ou no homem que está na mesma casa que a minha?

Quando chego em casa, guardo tudo na geladeira, estantes e as sacolas no puxa saco.

Depois de esperar meia hora em meu sofá, escuto meu celular tocar de dentro de minha bolsa. Puxo ela para meu colo e procuro meu celular.

Vejo o nome dele na tela.

Respiro fundo antes de atender.

- Oi.

- Jesus, porque não me ligou?

- Porque estava confusa...

- Confusa? Lembrou de algo?

- Sim e não sei mais que tipo de pessoa você é, Leo...

Ele hesita. – Estou indo para aí. Não saia daí, já eu chego.

Desligo o celular. Penso se foi uma boa ideia ter atendido essa ligação.

7v0

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