Algumas enfermeiras tiveram que me segurar para poderem injetar um calmante em minha veia.
Não conseguia me acalmar.
Fiquei alguns minutos ainda revivendo a cena, mas pareciam horas. Meus gritos não acalmaram tão cedo. Leo entrou no meu quarto enquanto estava tendo minha crise de nervos.
Ele aproveitou que as enfermeiras e meu médico estavam nervosos com minha crise. Correndo com seringas em mãos pelo quarto, tentando segurar meus membros enquanto os tentava repelir com chutes e tapas. Meus olhos não abriram, só conseguia escutar o carro derrapando pela rua, o barulho de colisão... O barulho do vidro quando recebeu o impacto de minha cabeça...
Não sei como conseguiram injetar alguma coisa no meu braço com tanta confusão e desespero. O meu na maioria.
Só sei que acordei grogue. Não sei se dormi alguns minutos, horas ou dias. Mas a dor tinha ido embora e os sons também.
O quarto estava quieto. Um silêncio perturbador. Que não me ajudava em nada.
Não queria sair da cama, mas alguma coisa me chamava para sair. Me instigava para pegar na maçaneta da porta e vagar pelo hospital.
Ainda estava no maldito hospital, no maldito quarto e na maldita cama. Já estive tantas vezes nesse quarto que deveriam colocar meu nome na porta. Seria mais fácil. Uso exclusivo de Lilian Cavanagah. Eu gostaria. Seria legal.
Acho que os remédios estavam alterando minha cabeça. Era complicado ser calma e racional com tudo o que estava acontecendo comigo nesses últimos dias. Eu até gostei de gritar feito uma louca. Se eu sair desse hospital, seria para me encaminharem a outro hospital, mas só que seria um psiquiátrico. Estava precisando. Infelizmente.
Não tinha nenhum monitor ligado ao meu braço, felizmente. Estava com uma camisola hospitalar, o conforto era grande.
Desço da cama e caminho até a porta. Abro um milímetro para poder espiar o corredor.
Não tinha ninguém a vista. Saio rapidamente e fecho a porta. Rezava para ninguém me notar pelas câmeras.
Ando pelos corredores e por incrível que pareça não encontrei ninguém. Ou melhor, ninguém sentiu minha falta ou me encontrou.
Se alguma enfermeira passava, eu logo me esgueirava para algum recanto escuro até ela passar por mim.
A sensação de estar perto de alguma coisa estava alta. Continuo caminhando pelos corredores sem ser interrompida.
Quando viro para esquerda em uma das bifurcações, uma placa na porta dizia, UTI.
Empurro a porta e logo algumas pessoas me encara. A maioria de roupas verdes e toucas da mesma cor. Sou barrada na entrada.
- Preciso passar! Por favor.
- Não pode entrar aqui, senhora. É perigoso!
- Não!
- A deixem. – a voz do meu médico. Estranho não lembrar o nome dele. Viro-me para encontrá-lo com as mesmas roupas verdes.
- Venha. Precisa se trocar para ver isso.
Meu corpo se arrepia.
Ele me entrega um quite de roupas que pareciam T.N.T.
Comento com ele o motivo de vestir essas roupas. Vi em alguns filmes pessoas entrarem na ala da UTI e não precisarem vestir esse revestimento. Ele disse que era por precaução, que o paciente em questão estava muito fragilizado.
Sigo-o até uma das portas. Não leio o nome, mas alguma coisa me dizia que eu reconheceria a pessoa deitada.
Ele me dá passagem e logo fecha a porta.
- Se precisar de mim, estarei aqui fora.
Aceno e caminho até a cama. Vários tubos e monitores estavam a sua volta. Uma máscara de oxigênio estava em seu rosto. Ele estava um pouco desconfigurado e inchado. Mas eu o reconheci.
Convivi com ele nesses últimos dias de minha vida. Foi o que eu pensei.
Até que minhas memórias voltaram.
E eu soube quem ele realmente era.
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Esqueci-me de ti
RomancePLÁGIO É CRIME! Lilian Cavanagah não sabia o que estava acontecendo, até o seu suposto marido chegar e lhe explicar tudo. Em um quarto hospitalar, Lily descobre que sofreu um acidente e acabou esquecendo de tudo. Até mesmo de Leonard, seu lindo mar...