|14| KIMBERLY

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— Pai, hoje eu vou com você para o trabalho. –disse descendo as escadas, ele já estava prestes a girar a maçaneta da porta.

Ele franziu o cenho

— Que é? Não me olha assim. Você mesmo disse que não faço o mínino interesse em aprender as coisas que envolva seus negócios e adoraria se eu tivesse. - disse animada — Bom, acho que é uma boa ideia eu passar mais tempo lá. Além do mais, não aguento mais passar o dia inteiro sozinha nessa casa.

Tomei a chave de sua mão

—Te espero no carro. –Sorri meiga

**

—Eu tenho alguns negócios para resolver agora filha, você pode sentar e ficar aí lendo alguma revista como sempre faz. Eu prometo que volto para almoçarmos juntos, ok? –ele beija o topo da minha cabeça e sai andando em direção ao seu escritório.

— Ok né... –sussurro para mim mesma

Eu não vim aqui atoa, eu vim porque o senhor anônimo denominado Daddy disse que viria falar comigo. E realmente eu queria conhecê-lo. Então enquanto ele não aparece eu vou fazer exatamente o que o meu pai falou. Eu vou me sentar e foliar algumas revistas.

Uma delas tinha o evento da última coleção de roupas da minha mãe, ela é estilista, por isso passa tanto tempo fora. Ela viaja pelo menos umas cinco vezes por ano para organizar tudo, promover desfiles, ganhar inspiração e essas coisas. Às vezes pode não parecer mas, eu tenho muito orgulho dela e de seu esforço para realizar seus objetivos.

Já havia se passado horas desde que eu continuava sentada no mesmo lugar. Olhei em meu relógio de pulso e marcava meio dia, hora de almoçar.

Levantei-me da cadeira e me aproximei da Letícia -a secretária.

—Lets, você sabe do meu pai?

— Está na sala dele, porque? -perguntou ajeitando seus óculos, o que a tornava uma loira ainda mais elegante.

— É que ele ficou de almoçar comigo, e já era para ele estar aqui – expliquei

— Eu posso fazer uma chamada ao escritório dele, se quiser. –sorriu ao oferecer-me o favor.

—Por favor. –retribui o sorriso.

— Oi sr. Henry, sua filha está aqui do meu lado e pediu para perguntar se o senhor não vai vir almoçar com ela [...] Ah, reunião de última hora? [...] Entendo [...] aviso sim, tchau [...] Até logo –ela desligou o telefone com uma cara não muito agradável.

—Ele não vai poder almoçar comigo não é? –perguntei de cabeça baixa

— Não, querida, mas ele disse que vai fazer o possível para chegar mais cedo em casa para vocês jantarem juntos. –ela disse num tom de voz meiga, tentando me animar.

Tentativa falha.

Eu sei que ele não iria nada, eu sempre almoço, janto, faço tudo sozinha. E ele, bom, só sabe me prometer arranjar um tempo comigo, o que não é verdade pois seu trabalho exige muito de seu tempo. Mas eu entendo. É compreensível.

— Obrigada Letícia. –disse tirando meu celular do bolso

—Vou chamar um taxi para te levar pra casa, você só vai precisar esperar uns cinco minutinhos lá em baixo.

— Tudo bem. -assinto.

Eu tinha acabado de me agachar para alcançar uma moedinha que fora pra perto da entrada do elevador ao mesmo tempo que tirei meu celular do bolso quando dei de cara com um elegante par de oxford, mais acima uma elegante calça preta. Esperei um pouco para que aquele homem saísse do caminho, mas, como ele não se mexia, levantei a cabeça para ampliar meu campo de visão.

Uau. Simplesmente... Uau.

Em um gesto de elegância, ele se agachou bem de frente para mim. Como toda aquela beleza masculina ao alcance dos meus olhos, tudo que eu podia fazer era encarar, admirada.

Foi então que o espaço que havia entre nós desapareceu.

— Você está bem? -sua voz era rouca

— Sim? - pigarreei a notar que aquilo soou mais como uma pergunta do que uma resposta —Sim - repeti tentando soar mais firme.

Ele se levantou com uma notável economia de gestos, puxando -me junto para cima.

—Tem certeza de que está tudo bem? -perguntou novamente me analisando, supirei assentindo, era óbvio que um homem como ele não estaria interessado em mim, a final, o que eu tinha de interessante? Nada. Além do mais ele aparentava ter seus vinte e tantos anos, eu só tinha dezesseis, faltava bem pouco para os dezessete.

— Estou, só perdi o equilíbrio. Não se preocupe –sorri brevemente jogando minha bolsa sob o ombro e sai andando e foi como se novamente eu pudesse ouvir todo o burburinho a minha volta, sentindo o olhar dele em minhas costas.

Graças a Deus o elevador estava no andar e correndo um pouco consegui pegar o mesmo que estava quase lotado, me escorei me permitindo soltar o ar. Céus, que homem era aquele?

baby girl [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora