O apelido dela era T. Mas seu nome, Maria. Eu a conheci na escola. Na época tínhamos 13 anos. Eu era a "garota nova" na turma por isso sentei sozinha. Confesso que de todos na sala ela era a última com a qual imaginei ter algo em comum.
Nossa primeira conversa foi bastante agradável. Estávamos em horário vago, jogando baralho, todos esperando ela jogar, porém ela não parava de conversar, então a mandei calar a boca e jogar logo. Ela corou e sem graça passou a vez.
Depois de muito tempo estava acontecendo o desfile de 7 de Setembro, e eu estava meio deslocada porque não conhecia ninguém da cidade. Resolvi comprar um cachorro quente e ir embora. Mas T também estava comprando e começou a conversar comigo. Eu estranhei porque eu a havia tratado mal. E foi neste dia que nossa amizade começou.
Hoje já se passaram anos. Não sei se foi seu jeito feliz que entrou em contraste com o meu jeito mais sério que nos fez tão amigas. Ou se foi somente o fato de termos muitas coisas em comum, afinal, ela era a alegria da minha tristeza.
Passamos muito tempo juntas. Inventamos uma receita que só nós sabemos o quão boa é, batata palha com milho e brigadeiro por cima.
Muitas brigas, mas o melhor eram os xingamentos das reconciliações.
A mãe de T nunca facilitou nossa amizade, mas não desistimos. Porém hoje ela conseguiu nos separar. Eles vão embora para EUA e acho que não tem volta. Me despedi dela hoje, a viagem é amanhã.
No último abraço choramos longamente com um "eu te amo" dito em meio a soluços. Prometemos conversas infinitas pelo skype, mas ainda assim haverá muita saudade.
E esse foi o último dia que vi minha melhor amiga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beth||Conto
Mystery / ThrillerTodos nós temos mentiras não é? Me diga o quê faria se descobrisse que tudo não passava de uma grande mentira? Ao completar 20 anos, Beth descobre que ela também tem uma mentira. Porém, ela decide continuar a viver sem contar para ninguém esse segre...