Após inúmeros dias internada naquela clínica no Morumbi ( na Zona sul de São Paulo), por causa de inúmeros problemas que eu causei aos meus pais enquanto estava sonhando acordada, eles tiveram que tomar "medidas drásticas" para meu tratamento.
Inúmeros acordos financeiros com o banco com juros constantes, empréstimos com taxas elevadas, sem ter fundos nos cheques bancários, não havia onde tirar mais dinheiro nem do trabalho pesado. Meus pais sofreram para conter o meu problema.
Não havia nenhum lugar que pudesse me aguentar a não ser essa clínica. Por causa de seus problemas particulares tanto como pessoais e com saúde, eles não podiam me transferir para outro lugar com especialidades ao mesmo nível.
Mesmo com a ajuda de Daniel na assistência psicológica, como financeira também, "a acorda se rompeu depois de um tempo". A única médica que me restava era ser transferida para o Hospital Público na Zona Oeste de São Paulo (a 1359 km da clínica).
Demorou alguns dias para preparar a papelada mas não demorou muito para eu ser transferida. No dia 10 de Outubro, certamente em ponto ás 18 horas e 50 minutos, locomovida por um Personal Care em uma maca por causa que no dia eu estava gripada, eu havia chegado.
Minha imunidade não era das melhores na época porém pelo menos eu recuperava rápido dos sintomas extremamente fortes da gripe.
Quando cheguei, fui encaminhada a uma sala enorme reservada para pacientes da psiquiatria. Nela haviam quinze pessoas de diferentes sexos, aparências e problemas. Todos estavam acompanhados com seus familiares com exceção de uma maca vazia, que era a minha.
Todos com olhares frios concentravam em minha pessoa. A maioria dos familiares com caras tristes estavam em silêncio apenas olhando. Outros ficavam cochichando para a pessoa ao lado a meu respeito. Embora o clima fosse com um verdadeiro hospício (não tão comparativo ao outro), aqui superava por completo a minha expectativa de um "novo lar".
[...]
- Enfermeira, vem aqui e me traga a chave do meu carro !!!
- Enfermeira, você tem um minuto para ouvir seu filho ?
- Enfermeira... Tem algo atrás dos meus olhos (suspira)... Eu tenho que sair daqui!
- Alguém pode me ajudar? Minha mão não esta feliz ...
- AHHHHHH! Ele morreu! Cadê meu deus?
- Minha mulher ... Quer ver ele ...
- Ahhhhhhnnnnnnn ...
[...]
No período de um ano, esse processo foi o mesmo. Rodeava em um ciclo nas noites e nas horas finais do por-do-sol. Gritos, gemidos ou pesadelos acordados, não havia escapatória"com seus mundos trancados com um chave", só restava a solidão social.
Minha mãe visitava todos os dias da semana que ela podia. Até que um dia, as visitas começaram a decrescer. De sete viraram cinco. De cinco viraram quarto. De quatro viraram duas. E agora só tem uma vez por semana.
Eu entendo o motivo do abandono mas, sinto que estou morrendo cada vez mais rápido a cada dia que prese.
Viver trabalhando para pagar minhas necessidades, sendo que ela "precisa de uma mão amiga com uma aliança que faça par com o dela", é um sufoco indescrevível. Não consigo pensar mais em meu pai, de um jeito ou outro, ele ter abandonado ela por minha causa, fez eu perder quase todas minhas memórias sobre ele. A única forma que me faz lembrar dele é esses simples pedaços de papel rasgados amarrados com um objetivo de diário.
"Querido diário, hoje esta sendo um dia horrível tanto para mim quanto para minha "cegonha". Ambos nós estamos chorosas em saber que ele despediu-se da sua família em forma de ligação. Eu queria poder fazer alguma coisa... Minha mãe não para de chorar mesmo me abraçando... Não consigo relaxar e pensar naqueles pensamentos..."
No dia que eu escrevi, eu quase morri. Fiquei pensando na madrugada toda em pensamentos que não eram meus. "Eles queriam sorrir comigo" mesmo naquele estado.
" Vamos flor,não tenha medo, o outro lado você não sofrerá tanto como agora..." - Era a voz de Andy em minha cabeça.
" Thu thu thu ( barulho produzido pela boca). Coitadinha, acho que seu pai não te ama..." - Era a palhaça da clínica.
Em pleno dia, com os olhos abertos, eu conseguia enxerga-lós de frente a mim.
Andy estava diferente. Invés de seus olhos estarem de cor amarela, eles estavam intensamente vermelhos como sangue. Sua roupa de bar-man estava suja, coberta de sangue e em seus sapatos sociais, haviam marcas esbranquiçadas como se tivessem caído ácido ou alguma substancia do tipo para atingir aquele ponto.
A palhaça em si, não tinha mudado sua aparência. Apenas estava mais escura em sua tonalidade das roupas até o corpo maquiado.
Naquele dia eu achei que não tinha tomado os remédios corretamente mas, não havia como eu não ter tomado, os enfermeiros junto com os médicos vazias nós engolir só de uma vez. Eu tinha tomado a meia hora trás.
Antes que pudesse fazer alguma coisa, acabei acordando em meu leito amarrada.
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Pensamentos Suicidas
Mystery / ThrillerMuitas vezes temos que dar valores aos mínimos dos detalhes possíveis. Dentro das histórias podemos ter loucuras relacionadas a alucinações e histórias sem sentido, mas nesse momento, você verá uma triste história depressiva de uma jovem garota...