Alice Malysson

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Desde que eu era apenas uma criança , minha vida era bem alegre e agitada como qualquer uma, viver com pequenas brincadeiras, enrolar-se no cobertores, pegar duas cadeiras e brinca de casinha foi uma das brincadeiras mais inofensivas de costume fazia naquele tempo.

Uma pequena casa, localizada na metrópole porém não perto do centro comercial. Sua estrutura era humilde como uma qualquer naquele quarteirão, casas idênticas que "corriam suas cópias" até o final da avenida não pavimentada. Meus pais viviam na base só do trabalho bruto, nem via eles direito nos finais de semana. Por conta disso, brincar no jardim florido era minha única solução para que o tédio não me consumi-se. Muitas vezes minha mãe gostava de pegar uma flor do jardim e colocar no meu cabelo dando um beijo de despedida mas quando ela voltava, a pequeno rosa ficava toda mucha.

Uma noite quando eu estava com medo dos trovões que "gritavam todo momento" , tive a ideia de dormir com meus pais para que o medo sumisse porém, algo era mais atormentador do que aquele barulho, o silêncio que estava na escuridão.

Caminhei lentamente com um ursinho na mão. Aparentemente o ursinho na época era todo marrom com olhos de botão pretos, sua pelagem estava toda gasta e áspera. Eu tinha esse ursinho desde minha data de nascimento, hoje ele está "perdido no tempo".

Nos últimos degraus da escada eu avistei uma luz bem chamativa, era uma luz que saia da cozinha com uma tonalidade amarelada. Resolvi entrar de xereta no espaço mas não entrei quando alguém começou a falar.

- Querido. Acalma-se , não precisa ficar estressado ...

- Cala boca! Acabei de perder o único trabalho que amo e você fala assim!

- Terão outros empregos que você poderá exercer ...

- Não! Olhe para mim e olhe para você. Você é gerente de uma fábrica e eu apenas um "camponês "... Eu não estudei minha vida toda, não tive nenhum trabalho discreto e ... Eu sou um lixo como pai! Jamais Alice vai aceitar o pai como um bandido e assassino ... - Nesse momento ambos meus pais começam a chorar. Eu não entendo o porquê daquilo, eu era muito nova para entender essas coisas.

No momento em que eu iria entrar na cozinha para perguntar e abraça-los, a porta é arrombada, um homem com uma jaqueta de couro com uma calça jeans desgastada, meias brancas em um sapato social preto. Em seu rosto a uma máscara de palhaço. Eu fico ali vendo toda a cena com medo pois palhaço era um mostro pra mim. Essa fobia me cerca todo dia quando um circo vem fazer um show aqui perto de casa.

O homem anonimo tira de sua calça uma pistola. Ele olha para meu pai e aponta a arma para ele em direção a cabeça. Meu pai começa a gritar dizendo:

-Por favor! Eu não vou contar para ninguém sobre vocês! Eu juro! -Minha mãe tenta fazer algo ma no fim acaba parada no mesmo lugar com medo. O homem fala com uma voz grossa e calma como se aquilo fosse nada.

- Todos nossos desempregados não merecem respirar - Ele faz uma incensação para ele e atira o teto. Eu dou um pequeno gemido de susto e então o homem me encontra e começa a encarar.

- Olha ! Que filha bonita vocês tem! Vou levar ela para cama para dormir ...

Meu pai olha para ele e diz um não bem alto que quase toda vizinhança pode ouvir. Após isso meu pai leva um chute no rosto e acaba caindo no chão. Minha mãe fica pálida e fica imóvel . O homem começa a caminhar lentamente em minha direção. Eu fico ali, também imóvel. Meus músculos tinham endurecido de medo.

O home ficou de frete pra mim e perguntou:

- Qual seu nome garotinha?

- Alice Malysson - respondi com a voz seca e gaguejada.

Ele pegou pela minha com delicadeza e me levou para o meu quarto onde ele me colocou na cama, estendeu os cobertores e cima de meu corpo e foi embora fechando a porta do quarto. Antes de ele fechar a porta totalmente ele disse a tal frase que carrego em minha mente e lembro dela todos os dias .

- Te vejo em seus sonhos Alice .

Naquela noite acabei desmaiando na cama, algo deu em meu cérebro e acabei apagando mas no outro dia soube que "meu pai andava com os anjos".

Em 1998, tive que chamar um outro homem de "pai" pois ele acabou virando meu padastro .

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