Consolação de Confiança

49 3 0
                                    

" É muito difícil encontrar paz.
Eu não consigo respirar com meus próprios pulmões.
Faço pinturas como se fossem frias.
O modo de como elas me encaram é até mais assustador do que a primeira bronca, quando criança.
A onde foi minha confiança?
E também, a minha vontade de viver?
Isso, ainda é um mistério... "

[...]

Quarta-feira, 6:32 da manhã. Um dia depressivo, como os outros.

Minha única certeza era o tempo. Enquanto eu vivesse dentro de uma cama, minha noção era única até o fim.

Dentro de um fato, às enfermeiras entravam em rotina todos os dias, dentro do calendário. Das refeições até as medicações mediantes, onde me faziam cair pequenos tufos de cabelos com apenas, o passar das minhas mãos. Sempre não era tão relevante ver uma mudança do meu corpo.
A dieta hospitalar. Um pouco pastosa a respeito. Me fazia emagrecer rápida mente com o auxílio dos fármacos.
Quem me olhava de lado, percebia o quanto de diferente eu estava desde a internação.
Minhas unhas ficaram frágeis. Meu cabelo quebradiço. A pele ficou mais pálida. E meus olhos perderam seus "tons de beleza".

Todos os dias haviam-se flores dentro do vaso de porcelana, no armário ao lado da cabeceira.
Eram sempre brancas ou vermelhas, dependendo de quem as trazia, enquanto eu dormia.
As brancas, tinha certeza que eram da minha mãe.
As vermelhas, como rosas, eram de Daniel.

Estava ainda inconformada a respeito de Daniel, entretanto, eu queria saber mais a verdade a seu respeito.

No clube de "literatura e artes" da clínica ( composto por outros "doentes", como eles falavam), uma vez ou duas, pela semana, para desafogar aquele sentimento de hospício, eles realizavam com os próprios psiquiatras da rede, como professores da atividade.
Em preferência de isolação, eu era mais um pouco, excluída das atividades em algumas situações: Quando eu tinha " surtos" de pânico, ou quando a medicação vinha atrasada.
Por motivos convencionais, consegui convence-lós em deixar pelo menos, um lápis com borracha junto com um combo de papéis sulfite baratos.
No ínicio, não tinha inspiração o que escrever. Mas como conveniente eu não tinha com quem, eu poderia desabafar de verdade, criei um diário simples.
Em meio dos papéis, também acabei criando uma figura como modo de superação. Um dos meus demônios que eu "sonhava acordada".
Suas siglas no papel, significavam o seu querido nome de terror.

A.M.C (Andy Murder Clayton)

No início ele era simpático, pensei que ele era real, como um personagem, uma pessoa real mas, depois de tudo o que ocorreu, perguntando para a psicóloga, responsável na área na clínica. Descobri que na verdade, nenhuma pessoa que vi como história, na minha vida, jamais existiu.
Ela afirmou que por causa de um fato dramático, meu cérebro quis modificar minhas memórias para algo melhor, entretanto , com a ansiedade, com os problemas familiares, com demais horas sem dormir, junto com o tempo, fez modificar de algo bom, para algo ruim.
Até hoje, em alguns dias, quando a medicação vinha atrasada, eu tenho essa alucinações. Apesar de acontecer, as vezes, elas não vinham como antes, ou seja, forte, de certo modo.

Nos dias seguintes, escrevendo meu diário, eu me sentia mais aliviada.

" Com sete linhas eu fazia uma história .
Com 3 parágrafos, um texto.
Mas com poucas folhas de sulfite, sem ter para quem escrever, fazia sentido".

Pensamentos SuicidasOnde histórias criam vida. Descubra agora