Melodrama (second season).

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Clima ameno, com variações de humor em sua visão, a luz branca combinava com o céu nublado.

A ausência de Sol me fazia sentir a falta do calor aconchegante temporário. Sentia a falta das cores amarelas e alaranjadas no céu da tarde. Era uma pena ter um dia de semana como aquele, esperava que o céu estivesse "inspirador como um quadro".

Fumando na beirada da janela, com um cigarro barato de padaria, pondo os braços contra as aberturas da grade que prendia na janela, eu soltava longas baforadas desestressante.

O gosto de menta era predominante fraco comparado no que relatava na embalagem do maço de cigarros. Só havia gosto de papel queimado nos lábios.

Enquanto fumava, eu ouvia uma pequena música pelo mini-rádio da estante.

Seus botões estavam quebrados por causa da sua queda mas, ainda funcionava perfeitamente em apenas um canal de rádio.

Aquele momento era uma tentativa para esquecer do meu pequeno passado.

Eu só consegui lembrar das minhas frustrações, das minas mentiras, das minhas angústias, e por aí vai mais sensações ruins.

Gostaria de estar bebendo algo para combinar com o momento mas, só existia uma garrafa vazia de vodca vazia com uma rosa mucha.

E pensar que uma parte da minha vida eu recebi tanta ajuda, mas muitas não da forma literal. É um sentimento amargo que presenciei em um curto período.
"Eu detestei ser visto com um corpo sem alma pelos outros, isso me sufocava mais que a falta de companhia dos meus familiares".

Uma câmera na esquerda. Outra na direita. Uma em cima, outra em baixo. O quão esses terapeutas confiam em mim, mas isso é de justificar de acordo com as situações precárias que eu apresento, tenho medo de apresentar alguma evolução.

Todos os dias, para me consolidar com a solidão, eu escrevia em um papel todas as minhas tarefas e meus pensamentos.
Não importava qual o papel, eu deixava memórias escritas para que eu não me esquecesse fácil.
Colocava na escrita como se fosse em forma de mensagem, como se eu contasse para alguém do outro lado da superfície do papel.
Lógico que no início comecei a me chamar de louca, mas eu percebi que longo dos meses que eu vivi nesse apartamento, era um mesmo que estava criando essas mensagens indiretamente, de pouco-em-pouco, virou-se rotina. Pelo menos, alguma atividade não limitada pelo Doutor.

Cada dia para mim, era como se fosse um livro infinito para ser contado. Eu lia as minhas próprias mensagens e respondia todos os dias as mesmas perguntas e as mesmas resposta eu entregava, respondendo pela mente.

Eu ri de mim mesma falando que eu havia cortado meu dedo com o papel com o desenho de urso rosa. Eu fui tão tola em pensar que era bom criar pequenos bilhetes para mim me impressionar, ainda bem eu desisti no instante do corte, imagina um papel com o meu sangue a solta, isso era estranho.
"Obrigado eu do passado, tenha mais cuidado "- Olho para os dedos para tentar encontrar o machucado .
" Alice, tenha mais cuidado, você é muito desajeitada, cuide bem do seu machucado "- escrevo para o eu do futuro.

Numa sexta-feira, com a data borrada marcada na folha de papel verde e eu acabo lendo um dos meus relatos da minha outra eu.
"Hoje foi um saco, passei mal de novo com a medicação prescrita pelo vagabundo do Doutor Aurélio. Me senti fraca, não é comparado as outras situações que eu anotei e vomitei, desta vez, meu organismo havia entrado em colapso. Minhas mãos não respondiam aos meus comandos e minhas pernas não haviam equilíbrio. Eu ralei meu joelhos demais, pelo menos ele estava presente. Não queria imaginar o pior das hipóteses se caso ele não estivesse" - assustada e confusa, começo a procurar mais relatos que eu havia escrito, mas aquele era o único. Eu queria saber sobre os medicamentos. Quais eram os que eu estava tomando para ter passado mal? Eu não lembro de ter passado, queria saber das outras situações.
Nesse momento eu acho uma receita médica no meio dos papéis com data e hora marcada, do Doutor Aurélio, onde por fim acabou me deixando mais segura em saber pelo menos do nome. Era o mesmo nome do frasco que ela ainda tinha, Quetiapina. Mesmo assim, nada explicava sobre o texto que eu havia escrito.
Depois de pensar muito naquela situação, eu acabo esquecendo do assunto e minha mente começa a focar em outra coisa, no meu estômago.
Em direção a cozinha, com os chinelos carecas, acabo jogando a bituca do cigarro das minha mãos no próprio chão da sala.
Andando pelo corredor até o seu final, com um animo mortífero, me deparo com uma anormalidade nas prateleiras da parede ao lado da porta do banheiro. Havia um bilhete pendurado a partir de um fita crepe grudado em um das suas pontas, fixado no quadro de minha mãe. No seu conteúdo marcava-se destacadamente com letras grandes e curvas a palavra" saudade".
A princípio eu achava que era de outra pessoa aquilo, mas acabei lembrando que poderia ser meu pois, eu não consigo mais lembrar de nenhuma memória referente ao passado e ao presente, era o meu único método de conforto para fixar informada da minha história, então eu interpretei a situação como um ato de ter demonstrado para mim mesmo a enorme saudade que eu sentia dela.
Um pouco emocionada com a ação, eu mudo a minha atenção para o meu café da tarde e continuo à andar.
Chegando a porta, eu nem consigo abri-lá. Estava trancada com cadeados e correntes.
Nas minhas anotações não havia nada marcado que a cozinha estava impedida.
Automaticamente eu pego meu telefone e digito o número para meu médico para tirar alguma satisfação sobre a porta, se ele que havia mandado alguém do setor da Psiquiatria fazer o trabalho sujo.
Liguei três vezes e nenhuma delas ele me atendeu, então acabo desistindo.
Distraída com fome, só depois de dois minutos eu vejo uma coisa curiosa na porta. Tinha marcas de unhas na porta onde estava parte da madeira onde o cupim havia devorado.
Eu olho para as minhas mãos com sinal de dúvida e elas pareciam normais, até o momento em que eu notei encontrei mais um machucado, porém muito estranhamente. Eu não havia colocado unhas postiças. Tinha um machucado, cujo eu não sentia dor, no dedo do anelar da mão esquerda. A unha real estava quebrada ao meio com um forte superficial em cicatrização.
Olho fixamente para o resto da porta para ver se não havia passado mais nenhum detalhe.
Olhando para o canto superior esquerdo, eu encontro um clipes de papel retorcido. Parecia que já estava usado para algum outro princípio.
Eu como uma pessoa curiosa, pego o clipes por achismo, achando um pouco daquela situação muito irônica e brinco com o objeto fingindo que ia abrir a porta. No fundo a brincadeira que parecia inofensiva realmente destrancou um dos três cadeados. Surpresa achando que era sorte de principiante, começo a mexer em todos os outros. No fim todos estavam destrancados.
Com a curiosidade florindo a pele, eu queria descobrir o motivo da porta de estar fechada daquele jeito. Puxo todas as correntes a abro a porta pela maçaneta torta.
Olho para dentro sem parar para todas as direções após abrir.
Não havia nada de errado ou fora do lugar. Tudo estava normal.
Sinceramente, fiquei criticando aquela necessidade toda de segurança, o que tinha de tão importante na cozinha.
Deslocando para outra finalidade, eu abro o armário de mantimentos e pego um pacote de miojo de carne barato para disfarçar a fome.
Pego a panela de alça de plástico vermelho e começo esquenta a água.
Logo em seguida coloco o tempero e o macarrão.
Terminando de cozinhar, pegando um prato para poder saborear, quando se abriu a gaveta de talheres, só havia colheres, meus garfos e facas haviam sumido.
Indignada, somando com a outra frustração das correntes, começa uma busca por todos os armários pelo talher.
Vasculho tanto a geladeira quando ao próprio forno do fogão nada é encontrado.
Quase comendo o miojo pelas mãos, a luz da lâmpada da cozinha começa a piscar (provavelmente era problemas com pane elétrica, não era à primeira vez que as lâmpadas piscavam, era comum isso acontecer antes de cair a luz totalmente).
Com desânimo, a única coisa que eu pensava agora era reclamar com alguém sobre aquilo, mas não tinha ninguém para que ela pudesse dizer, então, eu me sento numa cadeira da cozinha e como o miojo lá quieta.
O gosto do miojo se assemelhava ao mofo do apartamento nos dias de chuva. Era nojento mas, era o que tinha.
Terminando a refeição "gostosa", coloco a louça na pia e começo a lavar.
No meio do sabão nas mãos, na hora que ia falar a colher desgraçada, ela acabou caindo das minhas mãos no chão.
Ao me agachar para pegar, a iluminação piora e eu olho para a lâmpada inconformada por não conseguir enchergar direito para conseguir terminar de lavar a louça.
Passa-se alguns segundos e a luz volta com força total. A princípio, quando ela voltou me cegou momentaneamente mas, quando eu olho para o teto, eu fico em completo silêncio e em choque . Todas as minhas facas e garfos estavam ficados no forro de madeira vinculados com frases escritas em torno.

"Save me..."
"Save me..."
"Save me..."

Eu não sei do qual motivo meus pertences foram parar no teto. Mas por alguma razão, eu comecei a chorar tremendo.


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