Para Sempre Alice

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Durante um período curto tempo significativo, entre dias e noites que deveriam ser lembrados em forma de fotografia. Foram os meus melhores dias da minha vida. Poderia ter estendido mais algumas horas mas, não queria vê-lo sofrer na cama hospitalar.

Durante esse tempo todo, criamos histórias que jamais poderiam ser escritas com lápis e papel.
Eram histórias reais, criadas em formas de lembranças.
Cada página era um piscar do olho.
Os brilhos no fundo da íris, que batiam em olhares cruzados, faziam ter sentimentos profundos.

Pena que teve pouco tempo para se aproveitar do melhor, sendo modesta. Jamais pensei, que desde criança, que meu "príncipe encantado viraria fantasma".

Embora tudo o que aconteceu entre nós, nas confusões e nas brigas subsequentes dos nossos problemas, eu gostaria de brigar com ele mais uma vez, só para no final da discussão, receberia um abraço quente dele. Pensar nisso só me faz ficar mais triste.

Na faculdade, eu fui transferida para um campus particular de Macme (Uma antiga faculdade não muito conhecida a respeito).

Na Macme, os aspetos estruturais da faculdade era diferente. Tudo era mais pequeno que meu antigo campus no Morumbi entretanto, era mais confortável.

Por causa da minha transferência, Daniel quis me seguir para onde eu fui. Mesmo inciando novamente o módulo um, na Administração, ele teve a paciência de repetir só por mim. Me senti feliz obviamente quando ele tomou essa decisão mas, as vezes eu me pergunto , se deveríamos ter largado tudo e termos investido em viagens para aproveitar o pequenos espaço de tempo dele de vida. Lógico que até comentei com os pais dele mas, eles conseguiram me convencer sobre a astuta escolha do filho.

Embora com toda infraestrutura contida dentro daquele estabelecimento, as pessoas eram iguais. Elas tinham medo de mim. Elas achavam que e era um monstro de duas cabeças. Mesmo com toda orientação dos supervisores do campus, eu era difamada em todas as plataformas possíveis de comunicação. Facebook, Twitter, MSN ou até mesmo pessoalmente, me fazia chorar todas noites. Daniel, na maioria das vezes, interferia nesses atos preconceituosos e devolvia em forma de "bomba" para a pessoa.

"Que vergonha para sua mãe, ter uma louca igual a você como filha".

"Coitadinha, porque não corre até os braços do seu pai... Pena que ele não exite mais hahaha".

"Cadê o hospício do que você chama de casa vadia?"

" Cuidado! Lá vem a louca fugitiva hahaha".

"Que uma droguinha pra ver mais alguma coisa?"

Apesar que eram frases de "crianças retardadas", eu me importava muito com aquilo. Não conseguia responder algo de imediatamente ao não ser lágrimas. Aquilo me doía muito. As vezes eu até esquecia de tomar o remédios certinhos, nas doses certas de tanta depressão mas, muitas algumas delas, Daniel corria atrás de mim para me ajudar. Mesmo com ajudas em mãos, e vontade de retribuir o favor para ele , de forma carinhosa, no dia que eu ia vê-ló no hospital, me barraram na entrada.

Eram estudantes do Campus. Elas quando me viram, começaram a me bulinar, falando coisa horríveis como sempre. Porém, naquele dia, foi diferente. Eu acabei recebendo xingamentos ofensivos que me doeram profundamente. Eles haviam passado do limite, a ponto de chegar a violência sem que eu pudesse me defender.
O segurança até tentou me ajudar, quando me viu, mas, eu havia desmaiado.

Horas mais tarde, eu havia acordado deitada em cima de uma maca, dentro da enfermaria, tomando soro fisiológico na veia.
A principio eu não entendi direito o que estava acontecendo e o motivo de eu estar lá mas, acabei lembrando por completo.

Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, um médico entra dentro da sala e começa a injetar calmante no soro. Mal podia ver nitidamente com os olhos inchados e então logo apaguei por completo.

Dias depois, inconsciente no leito, um dia eu acordei. Era o mesmo médico que me havia medicado, estava ali, em minha frente, pedindo desculpas.

"Desculpa senhora Malysson. Foi um mal entendido. Pensei que havia agredido aquelas meninas por causa da sua doença mas, creio que eu estava enganado. Os policiais viram as fitas de gravação da câmera de segurança".

"Embora eu tenha sido preconceituoso com a senhora e talvez não aceite minhas desculpas, os policiais irão fazer justiça com aquelas garotas".

A princípio eu queria vingança contra aquelas vadias mas, somente aquele momento, eu queria saber de Daniel.

Injustiça Completa

Sabias palavras de um médico inútil

Quanta ironia

Mesmo com toda tentativa

Com toda resolução

Daniel

Morreu

Dias atrás

e

eu

não

pude

fazer

Nada.

Mexer nas feridas é muito triste.



Com o diário, eu dormia com ele todos os dias abraçada.Não conseguia acordar bem com tanta lástima e sofrimento a meu respeito.


Daniel estava me esperando naquele leito a vários dias e não pude despedir. Igual ao caso da minha mãe. Com certeza isso me mostra que eu sou uma pessoa azarada.

Sem amigos, sem família... E sem um amor ( coração quebrado), só me restava merda da minha doença.

Eu queria ter morrido junto com eles... para poder descasar em paz juntos, como uma família unida novamente.

Todos os dias, desde os meus sonhos acordados, eu tinha esses pensamentos antes de fechar os olhos e ir dormir.

Não consigo desabafar com mais ninguém..a não ser os dois fantasmas da minha mente.

Nos dias atuais, com 30 e poucos anos, desde o meu nascimento até o momento da minha morte sou doente.
Vivi nas sombras, escondendo dos outros como sinônimo de anti-social.

ÁS vezes misturar álcool com remédios não me fazem bem, apesar de ser um costume desde o tempo que eu larguei a faculdade e comecei mais a me interessar em literatura, alguns dias minhas páginas, cheia de poemas vem mergulhadas em sangue, tanto no literal ou não.

Me afogando na banheira.

inúmeras tentativas de me enforcar com uma corda ou até mesmo me cortar, não me fazeram mais nada comigo desde quando comecei a fazer essas loucuras, a não ser mais feridas ou cicatrizes onde popularmente falam.

Até hoje eu procuro ter uma inspiração para viver. Achar um objetivo para concluir minha vida. Mas até agora não consegui encontra-ló. Quando eu encontrar e estiver em minhas mãos, ai poderei dizer "Adeus para sempre".

Meu nome é Alice Malysson, mas sou conhecida popularmente como a "Louca do prédio 6".

Pensamentos SuicidasOnde histórias criam vida. Descubra agora