O Sorriso do Palhaço

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Dias após o evento, eu me encontrava em pelo breu , com os olhos dormentes e irritados, fiquei coma as pálpebras fechadas enquanto a aula continuava. Poucas vezes abri-os fazendo pequenas aberturas, porém a luz me fazia logo rapidamente fecha-los.

Na pequena sala da faculdade, todos que estavam quietos e concentrados nas "maravilhas" que saiam da boca do professor Aldabert. Nenhuma alma reagia ou produzia som, a única frequência sonora que eu captava era a doce e ao mesmo tempo grossa desse reles funcionário. Lentamente captando cada informação com o ouvido , meu cérebro doía de tanto "arquivar pastas como uma CPU" , minha mente estava preenchida com fatos decorrentes dos últimos dias. Queria ter uma "lixeira no meu sistema nervoso" mas entretanto, a única lixeira que eu continha em meu corpo era a tal da minha língua de cobra.

Minutos vem e vão mas minha vontade era de gritar pra fora, desabafar para dentro não fazia o menor sentido, mas de qualquer jeito, de alguma forma eu conseguia me alto controlar, só que a tentação de aliviar aquele desespero era imenso.

Claro como neve, como se fosse uma pura ilusão, minha teimosia de assistir a aula era muito maléfico para meus olhos, sem descansar e na base da Vodka desde ontem, a ressaca me afetava com o meu desempenho, então fechei-lhes novamente. Faltando uma hora para acabar, com o aproveito da tranquilidade e sem nenhuma intervenção dos meus amigos, consequentemente "adormeci como uma pedra". Meus amigos sabiam da noite depressiva que eu tive, por conta de eu ter aparecido em um bar na frente da faculdade, simplesmente eu tinha faltado ontem só pra beber, só que eu fui pega com um copo na mão. Aliás, não era um mas sim uma torre de copos grandes que amontoavam a mesa, todos vazios e sujos de Vodkas. Apesar de eu não gostar de beber, era a única solução pra mim. A notícia de me verem bebendo logo se espalhou como um vírus, de boca para outra, meus pais até ficaram sabendo que me derão uma dura por mensagem de texto. Agradeço por eles morarem longe se não eu ia "levar um cascudo da minha mãe".

No meu sonho, eu me encontrava em um lugar obscuro, cheios de postes de luz, uns estavam ligados com a lâmpada empoeirados, outros estavam quebrados e queimados. No chão, milhares de poças lamacentas que estendiam até o fim da visão. Corvos barulhentos e irritantes pousavam e fixavam nos galhos de árvores secas.O clima era gelado como se fosse o outono.

Circulando para todos os lados sem nenhum rumo ou direção, logo vejo vultos no final, bem na descida do morro, aparentemente eram duas pessoas, um homem e uma mulher.

Andei sorrateiramente até perto deles. Bem devagar, dando passos pequenos e silenciosos, cada metro mais eu me aproximava. Se eu me afastava a imagem ficava borrada, se eu aproximava ela ficava mais nítida. A curiosidade era tanta de saber que era, ou o mais importante, por que estavam ali?

Em um piscar de olhos, "Déjà Vu". Lá eu estava vendo eu mesma, reconheci pela minha voz e pelo minhas roupas. Ela estava de costas em pé encarando o homem quieto enquanto uma fumaça sai de suas mãos, provavelmente um cigarro. Quando eu olhei para o rosto dele, era Daniel. Maldito ser que até nos meus sonhos ele o perseguia-me. Uma coisa havia em diferente, ele não estava com a muleta e com aquela faixa na região. Fiquei me perguntando, para a onde foi parar os machucados do impacto do carro?Minha pergunta some quando ele começa a falar.

-Alice! Eu...- Ele quebra o silêncio mas é interrompido.

-Eu o que?! Você não deveria nem estar aqui!Aliás, nem deveria estar falando comigo!

-Eu vim pedir desculpas...

-Desculpas?! Você nem merece Daniel, por conta de você ter feito isso, deveria estar atrás das grades...Apesar que o policias foram amigáveis demais com você...Liberar um cretino como você ...- Alice é interrompida com um choro de Daniel, e ele acaba dizendo:

-Por isso que eu to aqui, como cretino vim pedir seu perdão, eu não consigo parar de pensar naquilo que eu fiz, até fui para igreja e em um psicólogo... Mas ninguém me ajudou. Esse peso na minha consciência me mata! -Ele funga.

-Já não chega você ter pedido para voltar e ainda pedir desculpas...- uma pausa em Alice foi feita e logo engoliu saliva para continuar.

-Eu disse, eu mudo meu jeito, meus hábitos, totalmente tudo! Apesar de eu ainda gosta de você, eu só quero que aceite o meu perdão...-Continua a chorar com mais frequência e mais potente.

-Depois de trair... você ainda diz isso!Eu sofri vendo aqui com os meus próprios olhos...Ver aquela vadia mordendo teus lábios e colocando a mão entre suas calças...Aquilo foi a gota d' água! -Algumas pausas eram continuas, ver eu mesma chorar era tão triste.

-Eu queria acordar desse pesadelo!Não queria ter lembrado...

-Me desculpe amor, naquele tempo eu era um idiota...Eu simplesmente era um FILHO DA... -Um silêncio se forma e por fim é interrompido pelo grito dos corvos.

-Se eu mudasse de personalidade para você, o que você diria?- Disse Daniel

-Pessoas falsas são ás que mudam só para agradar os outros.

-Se eu sou falso, então me declarar novamente para você então não é nada né!

-Não foi o que eu quis dizer...

-Então eu só tenho duas escolhas, ou te deixo para sempre ou eu te mostro como eu mudei por você!

-Prefiro você me deixar.

-Minha escolha será o antônimo!

De repente, de um sonho dramático se transformou em pesadelo. Meu outro eu some, uma escuridão se forma ao meu redor. Toda a paisagem desaparece, apenas fica preto todo canto, menos na parte onde eu ficava, havia um poste de luz me iluminando. Daniel estava de costas pra mim, gritando de dor. Daniel quando virou o pescoço, em sua face havia um mascara de palhaço com as feições bem borradas e bem macabras. Ele parou de gritar e depois ficou me encarando por um breve momento sem se mexer. Amedrontada, nem me aproximei mas logo depois, lâmpada tinha estourado. Fiquei desorientada e desesperada em o que fazer. Do Nada uma risada de palhaço me assombra na escuridão. Eu apenas fico quieta e tento me encostar no poste porém ele também se desaparece. Uma luz de velas se forma no fundo. Acabo correndo atrás dela, medo estava mexendo muito com o meu psicológico. Chegando na vela, eu pega ela do pequeno banco onde ela estava em pé. Ao me revirar, levo um susto com o tal palhaço, agora ele estava com suas roupas próprias de profissão. A voz de Daniel desaparece por completo e então sua voz é substituída por uma voz rouca e assustadora. Ele em alguns instantes, bate palmas duas vezes. Meu coração para de funcionar a ver a besta sorrindo que logo desaparece como uma assombração ou uma alma penada.

Após uma sessão dramática e um pouco assustadora, sou acordada pelo professor. Ele fica muito preocupada com o meu estado, ele me disse que na hora que todos foram embora, eu gritei e gemi feito louca.

Ao me recompor no lugar eu disse para o professor que era apenas um pequeno pesadelo com palhaços e na hora ele responde:

-Era melhor você ter faltado hoje.Melhor você ir para casa e descansar um pouco mais. Amanhã discutiremos sobre sua recuperação.

Eu saiu da sala e começo a andar pelo corredor vazio e escorregadio da faculdade. Fico me distraindo enquanto eu ando para ás salas vazias, todas sem quer uma almas, apenas com "grilos cantando".

Já não chego de tanto terror, logo aparece Daniel saindo da biblioteca. Ele olha para mim e da um pequeno sorriso, eu tento ignorar ele mas eu não consigo. Minha visão se perde de Daniel quando eu saiu pela a porta da frente da faculdade.


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