~ Kotaro II ~

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Depois de um bom tempo esperando, a porta finalmente se abriu revelando o rosto de Ayu.
Ele hesitou antes de colocar a cabeça para fora, o que achei engraçado.
Demorou esse tempo todo com o objetivo de sair por último e não me ver pela manhã.
Muito esperto...
- Está atrasado. - Sussurrei em sua orelha, mordiscando-a.

- AHH! - Ele se assustou contorcendo o pescoço, estava com uma espécie de gibi nas mãos e acabou batendo em minha cabeça com o mesmo.
- Isso doeu. - Comecei a rir. Passei a mão em minha cabeça tentando fazer as leves dores passarem.
- Seu demente! O que faz aqui? Já não era pra você ter ido? - Questionou trancando a porta com brutalidade.
- Sim, mas eu quis te esperar. - Cruzei os braços ainda me divertindo com sua expressão desesperada.
A este ponto seu rosto já queimava de vermelhidão por conta da mordida que lhe dei na orelha.
- Seu idiota... Você não vai me deixar em paz, não é?

Se direcionou para o elevador com o gibi em mãos. Fui atrás.
- Bem... Não. - Sorri, esticando o braço e apertando o botão freneticamente.

- Olha... Por que não me deixa em paz? É muito simples. Existem várias pessoas que você pode perturbar. - As portas se abriram e entramos juntos. Logo tornaram a se fechar.

- De todas essas pessoas, você é o único que é meu vizinho. Não posso perder a oportunidade, e aliás, sua mãe ficou tão feliz quando soube que você tinha um amigo... Seria uma pena estragar a felicidade dela.

Eu o fitei com uma expressão irônica. Seus cabelos estavam arrumados e a roupa engomada de sempre. Ele aparentemente estava bem. Mas algo ali me deixou em dúvida...
Ayu estava com olheiras, como se não tivesse dormindo a noite toda, nem o óculos conseguia omitir as marcas profundas de insônia em seus olhos castanhos claros.
- Você é muito irritante... - Resmungou. Coloquei meu cotovelo em sua cabeça.
- Sim, eu sou.

Ele arregalou os olhos, e deu um pulo de distância de mim, como se estivesse incomodado com a aproximação. Acabei rindo.
- Olha só, eu não sei qual é a sua, mas se quiser ser meu amigo terá que seguir as minhas regras e tem que fazer do meu jeito! - Ralhou irritado.

Mas que garoto interessante...

- Tudo bem, tudo bem! - Ergui as mãos como quem se rende. - Eu só quero ser seu amigo, ok?!

- Tá, tanto faz. Primeiro, não quero que envolva minha mãe mais nisso! Se abrir a boca sobre o que acontecer na escola eu mato você! Segundo, não fale comigo em lugares onde as pessoas me conheçam, não quero que ninguém pense que somos irmãos ou algo assim. - E franziu o cenho.
Fiquei boquiaberto com as regras ditadas, o garoto é realmente exigente.
Isso será um problema.
Acabei rindo.
- Uau... Mais alguma coisa?

- Vou resumir pra você... Kotaro. Não fale comigo, não toque em mim, me deixe em paz e fique longe! - As portas se abriram e ele saiu emburrado. Caminhei atrás dele.
- E quando não estivermos na escola ou em qualquer lugar que não te conheçam, vou poder fazer o que eu quiser? - Indaguei com um ar malicioso. Ele hesitou um pouco antes de se virar para me encarar.

- Olha... Só não me faz passar vergonha em público tá bom? - Pediu, como se fosse uma súplica. Concordei com a cabeça.
- Ótimo, isso é tudo? - Eu quis saber.
- Sim, isso é tudo. - E começou a sair pela portaria.

- Você vai de ônibus? - Indaguei indo atrás dele.
- Sim. E isso não era da sua conta.

- Eu tenho uma moto, você sabe. - Caminhei ao seu lado.
- Ah, claro... Você vai me seguir agora? - Indagou entediado.
- É uma boa idéia.

- Hum... Tanto faz, já estou me acostumando com sua presença irritante. Vem cá, ninguém nunca te prendeu por andar naquela moto não?

- Porquê ? - Perguntei rindo. Nós atravessamos a rua, e paramos em um ponto que ficava logo à frente do condomínio.

Your Last First Kiss (YAOI ♡)Onde histórias criam vida. Descubra agora