Nos entreolhamos em busca do que dizer, por onde começar. Novamente, a indecisão: deveríamos contar àquela mulher o que estava acontecendo de verdade? Antes mesmo que eu possa intervir, Harmony dá um passo à frente e inicia a explicação.
— Como você deve saber, Nova Liberdade não é tudo isso que eles fazem parecer. Há desigualdade, há preconceito, exclusão social... Tudo o que uma boa sociedade não deveria ter. Não estamos satisfeitos, não queremos mais viver sob todas aquelas normas de conduta. Queremos a verdadeira liberdade. — a menina suspira. Percebo naquele momento que ela tem um plano: seu charme está em ação — Sei que não foi exatamente certo, mas fugimos. Não tínhamos a intenção de vir para cá, já que nem sabíamos que esse lugar existe. Andaríamos pela floresta até conseguir um bom plano de derrota e então voltaríamos para acabar com aquilo. Felizmente, encontramos vocês...
— Olha só, se está esperando que nós os ajudemos a voltar e tomar o poder com um grande exército de contos de fadas, esqueça. Nós queremos distância de Nova Liberdade. — explica a mulher, cortando Harmony.
— Não, não é isso. — intervenho — Imaginamos que não vá dispor seu povo para uma luta que não é sua.
— Espero que realmente tenham consciência disso. Mas além de exércitos, vocês precisam de que, exatamente? Porque se pararam aqui, é porque esperam algo.
— Bem, talvez pudéssemos ficar aqui uma ou duas noites para descansar um pouco antes de continuar a viagem.
— Certo, isso eu posso providenciar. Poderão ficar por até uma semana. É tempo suficiente?
— Claro, mais do que o suficiente. Muito obrigada.
— Podem ir agora. Na saída, peçam que Gaspard os leve até a Casa de Visitas.
Saímos do local e encontramos um homem corpulento, de pele escura e olhos castanhos que nos esperava na porta. Sem uma palavra, começou a andar em direção à rua. Percebemos que deveríamos segui-lo por conta do seu crachá de identificação, indicando o nome que nos foi dito por Arya.Caminhamos pelas ruas sinuosas em um grupo amontoado logo atrás daquele homem, observando a população às margens da estrada: as crianças correndo em seus últimos minutos de brincadeira antes do almoço, os adultos, mesmo aqui, apressados de um lado para o outro, sempre cheios de compromissos. Por vários minutos, é tudo o que vemos: casas, pessoas, prédios baixos. Logo Gaspard para em frente a uma casa um pouco maior que as demais. Pela primeira vez, conversa conosco. — Aqui é a Casa de Visitas. Acredito que Arya já tenha explicado o que precisam saber, então sintam-se à vontade para explorar. Não incomodem os moradores da região e comportem-se. As leis da cidade também se aplicam a vocês enquanto estiverem aqui, assim como os castigos e os deveres. Como ficarão apenas por alguns dias, não é preciso que ajudem a força de trabalho, mas receberão um número limitado de mantimentos. Boa sorte. Depois, somos deixados sozinhos em frente à nossa nova moradia. Sou a primeira a entrar, sem cerimônia. Não estou habituada à casa, então não consigo localizar o interruptor de energia facilmente. O lugar está escuro e úmido, com o ar pesado. Dou mais alguns passos, fazendo com que o piso de madeira ranja, causando um arrepio que sobe pela minha coluna e arrepia os pelos da nuca. Mesmo assim continuo adentrando o local, assim como minha equipe. Finalmente, alguém se habilita a ligar a luz, mas, sinceramente, preferia que ela continuasse desligada.
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A Teoria do Caos
AventuraComo uma simples escolha pode mudar todo o nosso futuro? Até onde estamos dispostos a ir em busca de aceitação social? Curtam a publicação da página Temos Histórias e me ajudem a atingir a publicação digital! É só clicar no link https:...