Capítulo nove

90 13 5
                                    

(James)

Isso tudo é uma loucura. Há desastre em todos os lugares, as pessoas estão enlouquecendo, se autodestruindo por dinheiro e poder. Eu tenho medo por todos, por minha família, por Neela, por Linda e Bella. Eu queria que a guerra acabasse logo, queria a luz voltasse, mas não importa o que eu quero, não acho que isso acabar tão logo.

Eu não entendo o que está acontecendo, hoje, quando eu, Neela e Lena estávamos brincando lá fora, um enxame de gafanhotos enormes quase nos atacou, se eu não estivesse lá Neela poderia estar ferida ou até mesmo morta. Eu me lembro do terror que senti quando a ouvi gritar na noite anterior... Eu tento não pensar no que pode acontecer, o futuro não me pertence. Eu só quero que isso acabe logo.

James fecha o diário e o enfia debaixo do travesseiro ao ouvir a batida suave na porta. A cabeça de Neela aparece na porta entreaberta. James sorri para ela quando Neela começa a andar na direção da cama dele.

-O que estava fazendo? – ela pergunta sentando-se na beira da cama forrada com uma colcha dos Transformers.

James tem um quarto só dele. Há apenas uma cama de madeira marrom-avermelhada, um guarda-roupa preto e uma cômoda também preta no canto do quarto. Ele não é desorganizado como a maioria dos garotos, os livros da escola estão sobre a cômoda, perfeitamente empilhados, os sapatos estão arrumados ao lado do guarda-roupa, e as roupas sujas todas dentro do cesto.

-Nada importante. – James diz sentando-se também.

Neela mexe nas dobras suaves do forro de cama, seus cabelos cor de cobre despencando como uma cascata de cachos sobre seu ombro esquerdo, ela tem um sorriso inocente nos lábios.

-Então, você não vai me falar o que houve na noite passada? – James joga os cabelos dela para trás.

O sorriso de Neela treme até sumir dos seus lábios. James se sente mal por pressioná-la, mas sabe que quanto mais ela guardar para si mesma, maior será o fardo. Ele que poder ajudá-la.

-Jamie...

-Neela, por favor, diga.

Neela engole duro e olha para James. A imagem da Coisa arrastando aquele corpo surge em sua memória, tão vívida que ela tem que morder o interior da bochecha para se impedir de gritar. Ela quer contar a James, mas não sabe como descrever o que viu como palavras diferentes de horrível.

-Eu não sei o que era aquilo James. – ela murmura com seus olhos vidrados nas próprias mãos – De costas parecia um homem normal, mas quando se virou... Era um monstro.

James olha para o rosto assustado de Neela, ela está prestes a chorar. Ele passa um braço ao redor dela e a puxa para mais perto. Ele não pretende voltar a falar sobre isso, não quer vê-la assim de novo.

-Está tudo bem Neela. – James sussurra gentilmente.

-Não está tudo bem James. – Neela soluça – Aquela coisa está matando as pessoas e comendo. Aquilo é o Animal.

James estremece. Sua mente só consegue formular um pensamento: Deus nos ajude. Ele abraça Neela mais forte, sua mente se torna um enorme borrão, seu coração está descontrolado em seu peito. Ele tenta pensar em algo para dizer a Neela, mas nada lhe vem.

Neela sabe que não há nada que James possa fazer para apagar aquela imagem horrenda da sua mente, mas só de estar ali, ao lado dele, a imagem fica borrada. Ele é a única pessoa para quem ela contou o que viu. E ele é o único que pode entendê-la.

As Crônicas Do Apocalipse: O Fim da Luz Onde histórias criam vida. Descubra agora