HISTÓRIAS DE TERROR

Com amor, M.

LOVE, M por melodramallama

Quando eu estava no ensino médio, uma das minhas amigas queria muito jogar com o tabuleiro Ouija. Ela estava morando com os avós por causa da situação da sua família e eu estava vivendo sozinha. Eu realmente gostava de ir até a casa dela, porque eu ficava muito solitária a maior parte do tempo, e sua avó sempre tinha uma despensa cheia. Minha amiga e eu costumávamos ficar em seu quarto durante horas, fumando e tentando entrar em contato com celebridades mortas. E o tabuleiro Ouija funcionou - a prancheta moveu e nós tivemos conversas com quem quer que fosse (embora jamais Marilyn Monroe, como que ambas secretamente ansiávamos). 

Conversamos com alguém cujo nome começava com M - em verdade M era o único nome com que se apresentava. A prancheta começou a mover-se num triângulo muito rápido e agressivo quando M mostrou-se, e M foi uma má notícia. Uma característica definitiva de M era que ele/ela não gostava de mim. Ao todo. M sempre soletrava coisas terríveis sobre mim, sobre como e quando eu iria morrer, esse tipo de coisa. Eu sei, o Ouija é de um movimento subconsciente (ou não tão subconsciente), certo? Mas parecia muito ... proposital e real, de alguma forma. Mesmo se eu convidasse outras pessoas para jogar, M iria aparecer. Foi assustador. Eventualmente, passamos para outro passatempo, e eu parei de pensar nisso.

Poucos meses depois de nosso último ano, minha amiga e eu tivemos uma desavença e deixamos de nos falar. Eu não tinha um monte de outras amigas na época. Difícil de acreditar que uma nerd poeta maníaco-depressiva com um inimigo ouija não era muito popular, mas é verdade. Depois da escola eu costumava voltar para o meu pequeno apartamento onde eu morava sozinha e ouvir música, ler e tentar sintonizar um canal na minha TV antiga.

Eu estava entediada. Queria alguém para conversar. Adivinhe onde isso vai dar. Eu comecei a jogar Ouija sozinha, usando um tabuleiro que eu tinha desenhado. E funcionou (ou eu mesma fiz funcionar). Como queira. Eventualmente M mostrou-se novamente com triângulos e palavras desagradáveis e mensagens de desgraça, e mesmo eu estando certa de que M era algum tipo de criação do meu subconsciente auto-odiado, eu decidi não jogar mais. As coisas começaram a ficar um pouco estranhas. Primeiro foi ocasionalmente barulho de pratos na cozinha. As primeiras vezes que fui verificar, eu não vi nada. Depois de um tempo, eu parei de levantar-me para olhar, mas os barulhos continuaram acontecendo. Comecei a ficar desconfortável no apartamento. Alguma vez você já teve um mau pressentimento sobre um lugar? Como sérias vibrações negativas? Eu me senti assim no meu apartamento, especialmente no banheiro. Mas eu percebi que eu estava apenas sendo boba, só, imaginativa demais.

Uma noite, eu estava desenhando no meu caderno de esboços. Fiz algumas pinturas também, porque eu estava pintando alguns figurinos para uma equipe da escola na qual eu participava, e eu estava esperando eles secarem. Fui para a cama e deixei tudo disposto no chão da sala de estar. Na manhã seguinte, quando acordei, fui para a sala de estar, eu não estava usando meus óculos, por isso tudo era uma espécie de borrão. Vi as pinturas e os figurinos terminados e pensei "oh bem, aqueles estão secos", e eu estava prestes a ir me vestir quando notei outra coisa no chão.

Parecia uma outra pintura. Me aproximei. Era uma página arrancada de meu bloco de desenho virada ao contrário. Era uma mensagem. Parecia que tinha sido escrito por um dedo mergulhado em tinta, com tinta vermelha. E simplesmente dizia "MORRA" em grandes letras vermelhas. No canto inferior direito havia um "M". E o papel ... o papel estava queimado. Queimado em torno das bordas, com grandes manchas marrom no meio da página. Essa foi a pior parte. Porque, por um segundo eu pensei "bem, talvez eu estava sonambula e de forma legível, escrevi uma mensagem para mim mesmo neste pedaço de papel e limpei tudo quando terminei". Mas o queimado tornou isso REAL.

Fiquei ali, sentindo como se alguém tivesse deixado cair uma pedra fria em meu estômago por um bom tempo, segurando essa coisa horrível. Minhas opções foram que: ou realmente eu tinha feito isso e não conseguia se lembrar; ou que alguém havia invadido o apartamento e tivesse feito especificamente isso e saiu sem eu ouvir; ou que ninguém tinha feito isso. Todas as escolhas eram muito inquietantes. E eu decidi sair do apartamento. Mas eu trouxe o papel comigo, porque eu queria contar a alguém sobre isso e eu sabia que ninguém iria acreditar em mim, sem a prova. Eu fui para a escola, mas não ir para a aula. Eu disse a umas amigas sobre isso e elas concordaram que a mensagem deveria ser destruída, por isso, levaram-a para fora no campo atrás da escola e queimaram-a. E eu fiquei em um cafeteria o máximo que pude, depois da escola, para então não precisar ir para casa, mas é claro que, eventualmente, eu teria que ir.

Havia algo que parecia batom roxo na parede ao lado da porta do meu apartamento. Quando cheguei mais perto, pude ver que era um "M". Deixei o apartamento algumas semanas depois. Eu não soube de M desde então. Mas 20 anos depois, pensar em jogar Ouija ainda me deixa muito, muito apreensiva.