Doce Heloísa

III - Mudanças

Capitulo 3 na área, boa leitura! ;-)

Foi difícil me mudar para uma cidade diferente no começo. Inicialmente eu me mudei para uma cobertura que minha mãe tem aqui em Belo Horizonte, mas era muito grande e ficaria longe da faculdade, então conversei com mamãe e ela concordou que eu a alugasse pra outra pessoa e depois arrumasse um lugar para mim que ficasse mais próximo da faculdade.

Antes das aulas começarem eu já estava instalada em meu novo apartamento, ele ficava localizado em um prédio a poucas quadras da universidade, um lugar que era alugado quase que exclusivamente por estudantes. Era um lugar legal, mas nem sempre tranquilo. Como tinha muita gente que se conhecia da faculdade uma ou outra noite geralmente tinha alguma festinha por ali.

Com a proximidade do meu apartamento eu pouco usava o meu carro, mas preferi manter ele comigo. O meu apartamento tinha poucos cômodos, uma sala, cozinha, uma suíte, área de serviço e só, ainda bem que eram bem espaçosos e coube quase tudo o que eu trouxe do outro apartamento. Trouxe o suficiente para montar um apartamento de solteiro confortável para mim, aúnica coisa que senti falta foi de ter um closet aqui, mas tudo o que não é pra sempre a gente suporta.

Meu pai praticamente me abandonou a minha própria sorte, ele não me ligava, não mandava mensagem e também não pedia pra falar comigo sempre que eu ligava pra fazenda e ele estava em casa. Se não fosse a minha mãe me mandar uma mesada por conta própria pra mim eu não teria nem comida. Eu agradecia a Deus todos os dias por ter a minha mãe comigo, ela era meu alicerce, a pessoa que mais me apoiava e se preocupa de verdade comigo.

Eu me sentia muito sozinha aqui no começo, passei o mês de janeiro praticamente trancada aqui, só saia pra comprar comida. Então quando o mês de fevereiro começou os moradores dos outros apartamento que estavam pra casa de seus pais voltaram pra cá e ficou ainda mas movimentado ainda. Foi assim que conheci a Renata, uma estudante do segundo semestre de engenharia ambiental que morava no apartamento de frente ao meu.

Renata era uma verdadeira força da natureza, em poucos dias era como se ela já me conhecesse há muito tempo. Gostaria de dizer que eu fiz uma amiga, mas na verdade foi ela que me adotou como sua mascote, decidiu que ia transformar a garotinha do interior em uma menina da cidade grande. No inicio eu apenas sorria de sua animação, mas com o tempo eu acabei me acostumando com essa ideia, e passei a segui-la para todos os lados.

Nessa mesma época começaram as aulas, a primeira semana até que foi tranquila, eu gostei de tudo que estava vendo em meu curso, até mesmo as matérias mais enfadonhas me atraia, me encantava...

Na sexta os veteranos pegaram seus calouros de surpresa, ao final da aula, quando todos pensavam que não iria ter trote, já que há primeira semana tinha transcorrido na boa. Assim, quando colocamos os pés pra fora no pátio vimos que todos os veteranos nos esperavam já munidos com varias coisas diferentes, e então começou a bagunça.

Foi uma correria só. Os veteranos tinham tintas em spray de todas as cores, parecia um daqueles festivais de musica eletrônica com jatos de tinta pra todos os lados. Uns três carros de som estavam estacionados perto tocando musicas sincronizados, e nós éramos alvejados de todos os lados. A princípio eu tinha ficado indignada com aquela brincadeira imatura dele, mas então Renata me encontrou no meio da multidão e me agarrou com seu braço em meu ombro e gritou para mim:

- Seja bem vinda caloura! – abraçou-me feliz e me jogou um pouco de tinta, eu não consegui segurar o riso e a abracei de volta.

Olhei pros lados e vi que várias pessoas estavam confraternizando uns com os outros, assim como nós duas estávamos fazendo, vi a felicidade tanto dos calouros quanto dos veteranos e percebi que eles não estavam nos fazendo nenhum mal, ou nos fazendo passar vexame. Tanto calouros como veteranos estavam pintados a essa altura, Renata me puxava pro meio dos outros pra dançar com ela, e fizemos uma verdadeira festa.