Prólogo

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Doze anos atrás...


Sorri para minha mãe enquanto colocava as compras dentro da sacola.

- Certinho senhora, boa noite. - a atendente sorriu.

- Posso ir dirigindo? - perguntei à minha mãe enquanto nos afastávamos do caixa.

- Alfonso! - ela me olhou com aquele olhar recriminador, enquanto passávamos pelas portas duplas.

- Ah mãe, qual problema? Eu sou um excelente motorista. - sorri.

- Você acabou de tirar sua habilitação e está de noite, então não abusa. - dona Paola sorriu pra mim.

- É só até em casa, o que custa? - insisti, disposto a só parar quando ela concordasse.

- Está bem. - suspirou e começou a remexer nos bolsos.

- Passa a grana madame, passa a grana! - um rapaz nos abordou do nada e puxou o braço da minha mãe.

Larguei as compras e fui pra cima dele, mas com o outro braço minha mãe me empurrou pra trás dela.

- Calma moço, pelo amor de Deus. - minha mãe pediu aflita.

Encarei a arma na mão dele e dei um passo à frente.

- Alfonso fique onde está, por favor. - ela estava com medo, mas me olhou com firmeza.

- Anda logo madame! - o rapaz gritou impaciente.

Encarei bem a cara do assaltante. Branco, cabelos castanhos, olhos negros, mais ou menos do meu tamanho. Ele não devia ter mais do que 16 anos.

- Toma moço, aqui. - minha mãe estendeu o dinheiro, suas mãos tremiam.

O barulho de uma porta batendo me assustou. Assustou o assaltante e a arma disparou.

Minha mãe deu um grito. As notas de dinheiro caíram no chão e o rapaz saiu correndo.

- Mãe?! - gritei segurando-a antes que ela caísse no chão.

A deitei no meu colo e encarei seus olhos verdes. Me apavorei quando vi sua camisa encharcada de sangue.

Ouvi passos e três pessoas vieram correndo até nós, uma delas a caixa que havia acabado de nos atender.

- Um médico, chamem um médico, por favor? - encarei as pessoas, as lágrimas me impedindo de ver seus rostos.

- Filho?!

Encarei minha mãe e segurei a mão dela com força.

- Calma mãe a senhora vai ficar bem. - enxuguei o rosto com a outra mão sujando-me de sangue.

- Meu menino! Que homem tão lindo você irá se transformar. - sorriu, os lábios empalidecendo.

- Por favor, preciso de uma ambulância, uma mulher levou um tio no peito. - ouvi a voz de um homem perto de mim.

- Filho. - minha mãe sussurrou e a encarei afastando as lágrimas.

- A ambulância ta vindo mãe, a senhora vai ficar bem. - respondi chorando.

- Faz uma coisa pra mim?

- O que a senhora quiser? - assenti diversas vezes.

- Diga ao seu pai que eu o amo. Que você... E ele são os homens da minha vida! Eu os amo muito.

- A gente também ama a senhora mãe, fica com a gente. - implorei desesperado. - Cadê a ambulância? - gritei.

- Estão vindo rapaz. - o homem me respondeu encarando-me com pena.

- Diga ao seu pai que ele foi o melhor marido do mundo. Fui abençoada por Deus por ter homens maravilhosos na minha vida. Eu amo vocês. - minha mãe suspirou fechando os olhos.

- Mãe?! Mãe, não dorme fica comigo! - chacoalhei seu corpo tentando fazê-la abrir os olhos. - Mãe! - chamei.

O homem que chamara a ambulância se aproximou e tocou o pescoço dela.

- Sinto muito rapaz. - suspirou.

- O que?! - o encarei atordoado e entendi o que ele estava falando. - Não! Mãe! - gritei a abraçando. - Volta!

Permaneci agarrado à ela até a ambulância chegar minutos depois, mas era tarde demais, eles não podiam fazer mais nada pela minha mãe. Ela tinha partido, pra sempre.

Intenso - O Caso Portillo II ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora