Capítulo 17

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No dia seguinte ao meu encontro desastroso com Alfonso eu fui pra empresa. Foquei a manhã toda no meu trabalho para não ficar pensando nele e quando já estava quase indo almoçar, meu telefone tocou.

- Oi Miguel, já estou descendo pra irmos almoçar.

- Ok, estou esperando aqui embaixo.

Arrumei minha mesa rapidamente, peguei minha bolsa e desci.

Miguel me levou pra um restaurante e mesmo comigo insistindo várias vezes, ele recusou a sentar na mesa e comer comigo. Pra me deixar ter mais privacidade, ele ficou no carro do lado de fora do restaurante me esperando. Enquanto comia a salada mesmo sem muita fome, fiquei lembrando de Alfonso.

Meu coração se apertou quando lembrei de nossa discussão momentos depois de termos feito amor. Se eu fechasse os olhos ainda podia sentir a sensação dos beijos de Alfonso pelo meu corpo, suas mãos me tocando, os palavrões e as frases sussurradas que ele dissera em meu ouvido.

Balançando a cabeça mandei as lágrimas pra longe. Como o bater de asas de inúmeras borboletas, senti meu bebê mexer dentro de mim. Sorri e acariciei minha barriga.

- Você também sente falta do seu papai né, meu amor? - suspirei.

Pelo meu filho me forcei a comer tudo o que eu tinha pedido. Quando terminei me levantei e sai. Percebi que Miguel estava falando com alguém, assim que me viu ele desligou e saiu do carro.

- Algum problema Miguel? Você está sério.

- Tenho uma notícia não muito agradável para lhe dar.

- O que aconteceu? - o olhei apreensiva.

- Alfonso acabou de me ligar, me informando que Felipe Najera faleceu esta manhã.

Pisquei surpresa com as palavras dele. Eu sabia que Felipe estava mal de saúde, que estava gravemente doente, mas não esperava receber uma notícia assim do nada sobre sua morte.

- Ele me pediu para perguntar à você se quer ir até o cemitério onde ele foi enterrado e me pediu para acompanhá-la caso deseja ir.

- Vamos comigo por favor, então. - assenti.

Miguel acenou e abriu a porta pra mim, entrei no carro e comecei a pensar em Felipe e tudo que ele tinha feito pra mim. No caminho até o cemitério pedi que Miguel parasse numa floricultura e acabei comprando flores de plástico pra enfeitar o túmulo dele.

Quando chegamos foi fácil achar o tumulo que tinha sido feito naquela manhã. Na falta de familiares Felipe fora enterrado depressa, a única coisa em seu tumulo que servia para identifica-lo era uma cruz vermelha cravada na terra. Uma placa estava pendurada nela com o nome dele, data de nascimento e de falecimento.

Me abaixei e coloquei as flores de plástico sobre o monte de terra que escondiam o caixão com seu corpo.

- Eu já perdoei você, agora espero que encontre paz e que Deus tenha piedade de você.

Fiz o sinal da cruz e me virei para Miguel.

- Podemos ir?!

- Você quem manda! - ele sorriu.

Forcei um sorriso e começamos a caminhar até a saída do cemitério. Não resisti e acabei perguntando.

- Quando Alfonso te ligou ele te disse mais alguma coisa?

- Não, apenas me pediu para avisá-la e perguntar se você queria vir ao cemitério.

- Entendi... Ele parecia ocupado quando te ligou? Como se estivesse falando às pressas?

Intenso - O Caso Portillo II ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora