"Se não acabou bem, é porque não terminou ainda."
Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, tantas coisas passaram pela minha cabeça naquele instante desde o segundo em que seus olhos me hipnotizaram. Eu tinha a absoluta certeza de que ele sabia de todas as minhas dúvidas, eu conseguia enxergar isso nos seus olhos. Porém tudo que ele havia feito no passado, voltou para a minha memória como uma pancada forte na cabeça e eu percebi que ele também estava relembrando da nossa história, a história que ele deixou de fazer parte quando simplesmente me abandonou no momento em que mais precisava.
E então de repente eu estava presenciando a nossa primeira briga, como ele me irritava e foi assim até o momento em que eu aprendi que quando ele me perturbasse eu deveria responder a altura, mas esse pensamento não durou muito, porque todos os outros momentos tanto os bons quanto os ruins estava chegando de uma vez só e eu não conseguia controlá-los, da mesma forma que eu não conseguia mais respirar.
Eu estava tentando buscar o ar, levá-lo para os meus pulmões, porém quanto mais eu tentava pior se tornava a sensação,era como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor. Eu escultava gritos longes, mas não estava prestando atenção eu só conseguia enxergar o meu passado.
- Galega! Pelo amor de Deus respire - o Cristian disse no momento em que entrou no meu campo de visão, evitando assim que eu continuasse a olhar naqueles olhos que no começo tinha um olhar de saudade, amor, em seguida de arrependimento, decepção, raiva? e agora me olhava com pânico, o mesmo olhar de quando me via chorar e não sabia o que fazer, a única diferença é que antes minhas lágrimas não eram por sua causa, pelo menos não na maioria das vezes, porém agora todas que escorriam pelo meu rosto era definitivamente causadas por ele, pela dor que estava sendo proporcionada a mim por ele.
- Ela está tendo um ataque de pânico, galã. O que nós fazemos? - Saint fala com um desespero perceptível na voz - Minha galeguinha, faz o mesmo que eu vou fazer e tudo vai ficar bem, tá?! - ela completa ajoelhando-se na minha frente e começa a inspirar e expirar bem devagar com os olhos cobertos de lágrimas - Concentre-se em mim e na minha voz docinho, olhe nos meus olhos e tudo vai melhorar - Saint continuava a dizer ainda fazendo os processos respiratórios lentamente para eu conseguir acompanhar e estava funcionando as memórias do meu passado estavam voltando para o local de onde nunca deveriam sair, uma por uma, o ar voltava para os meus pulmões aos poucos - Isso meu amor, inspira e expira, você está indo bem. Não deixe que eles ganhem Jaz, não deixe. Lute! - e eu finalmente conseguia respirar com facilidade, eu não sabia como ou porquê da Saint dizer aquilo, mas sinceramente estava agradecida a ela por ser tão especial.
- Graças a Deus minha amora - Chris diz me puxando para um abraço.
- Graças a Deus e a minha magrela aqui - digo abraçando minha amiga, que ainda tinha um olhar torturado no rosto, o que fez meu coração apertar.
- Nunca mais faça isso Jazmin Elordi, está me ouvindo, nunca mais. - ela fala chorando e me abraçando ainda mais apertado.
E foi nesse momento que eu revi aqueles olhos negros outra vez, porém apenas por uma fração de segundos antes dele virar-se e ir embora pelo corredor, mas algo me dizia que esse seria um palco de muitos reencontros e eu não queria mesmo que eles acontecessem. Não tão cedo.
- O que aconteceu para te deixar assim, minha pequena? - meu galã perguntou com os olhos cheios de curiosidade.
- Eu...eu...eu não quero falar sobre isso - eu disse tentando disfarçar minha voz embargada, mas pela cara dos meus amigos não estava funcionando.
- Não precisa falar docinho, mas ficaríamos felizes se algum dia quiser dividir isso. Você pode contar com nós para tudo. - Saint diz me olhando com entendimento que eu não sabia ao certo de onde vinha.
- Eu vou contar, porém não vai ser aqui e nem agora - eu falei olhando diretamente para minha magrela. Não que eu não tinha confiança no Christian, mas eu só não achava que estava preparada para contar o meu passado com outras pessoas que não fossem Saint, Jenny e Pérola mesmo essa já sabendo.
- Eu entendi princesas, eu realmente entendi que não serei o primeiro a saber o motivo do ataque, mas nós temos que ir sentar - fala Chris nos levando até as nossas cadeiras e foi então que percebi que a sala enteira estava olhando para a gente, mais especificamente para mim.
Porém Connor não estava em lugar nenhum, pelo menos não no meu campo de visão, mas algo me dizia que ele não estava longe.~~~~~~~~~~~~~~//~~~~~~~~~~~~~
- Por que estamos todas reunidas aqui cadelas? - perguntou Jenny enquanto pegava um chocolate na minha cozinha. Jenny era a melhor amiga de Pérola. Quando nós viemos para cá reconstruir nossas vidas depois do pior pesadelo que poderíamos ter tido, essa maluca foi a pessoa que nos ajudou em tudo desde o apartamento até no emprego da maninha, ela era magnífica, temperamento forte, magra, baixinha, cabelos grandes, mas amava variar, olhos em um tom de castanho escuro. Trabalhava como garçonete e bartender em um bar/karaôke perto do nosso condomínio e tinha a voz mais linda que eu conhecia e eu não falava isso por ela é minha amiga e vizinha e sim por ser verdade.
- Primeiro: não xingue na frente da pequena Liz. Segundo: coloque o dinheiro no pote - ela abriu a boca para reclamar, mas eu a interrompi - Não reclama você sabe as regras da casa xingamente na frente da criança ou dentro dessa casa dois dólares no pote. Terceiro: o meu passado voltou para me assombrar - eu desabafei.
O copo que Pérola tomava água caiu de sua mão, mas ela não desviou o olhar de mim e eu sabia o que ela estava pensando.
- O que isso significa docinho? - perguntou ela tentando parecer calma e relaxada.
- O Connor voltou! - eu falei me sentindo frustrada e desabei na cadeira ao falado de Saint que até agora só me olhava, porém eu sabia que ela estava ligando todos os pontos, esse era o problema de ter uma amiga inteligente.
- Tá, o Connor voltou. Mas quem di... quem é Connor? - Jenny perguntou com os olhos raivosos, ela sabia que eu não gostava dele, logo, ela já não gostava também.
Eu só vi Pérola passar por mim com a Liz no colo e voltar sem o minha princesa e com a carteira na mão, ela tirou de lá dez dólares e foi me entregando enquanto falava.
- Filho da puta! Desgraçado! Vagabundo! Puto! Safado! Sem coração - ela exclamou e por último olhou para mim com os olhos cheios de dor e ódio.
- Santa merda! - disse Jenny me entregando dois dólares - Eu realmente já não gosto dele e nem da história que está por vim se isso fez nossa bonequinha aqui xingar tanto - ela completou enquanto eu colocava o dinheiro no pote.
- Você vai odiar ele então quando eu contar o que ele fez para ela hoje - diz Saint com a voz raivosa e nesse momento eu soube que poderia contar com elas para qualquer coisa.
- O quê esse desgraçado fez? - falaram Pérola e Jenny em uníssono me entregando mais notas de dois.
- Ela teve um ataque de pânico quando viu o infeliz hoje na faculdade. Eu quase morri de medo de algo sério acontecer, ela não respirava, os olhos estavam desfocados, não parecia que estava aqui e chorava compulsivamente, eu tive tanto medo - Saint relata tudo.
- Você está bem, baby? - pergunta Pérola enquanto ela e Jenny se ajoelhavam na minha frente - Se algo tivesse acontecido com você eu o mataria - ela conclui ferozmente.
- Eu estou bem maninha, estou bem - digo a última parte mais para mim do que para elas.
- Tá. Eu entendi que esse cara realmente mexe com você, mas a minha pergunta é: "O que ele fez que te deixou assim?" e mais o importante "O que esse tal de Connor estava fazendo na faculdade?" - Jenny fala séria.
Eu não tinha parado para pensar até agora o que ele fazia ali e o porque de ele ter voltado, mas agora essa pergunta estava me deixando com medo.
- Eu realmente não sei o que ele fazia lá. Eu também só o vi naquela hora do ataque, depois não tive nem um relance dele - eu falei tentando pensar aonde ele tinha ido depois daquilo.
- Pelo menos isso, eu não quero você sofrendo de novo docinho, por isso não quero vocês próximos, OK?- Pérola disse com preocupação na voz e nos olhos.
- Talvez isso seja um problema, já que ele está na nossa turma de medicina - Saint explicou com tristeza voz.
- Grande merda! - exclamou minha irmã com mais dinheiro nas mãos.
- Tudo bem depois resolvemos isso. Agora nos conte o que aconteceu entre vocês dois - pediu Jenny.
Assim eu contei pela primeira vez depois de quase três anos e meio a minha história para alguém que não fosse minha irmã.
E eu posso garantir que se depender das minhas garotas a vida de Connor Bedoya não será nada fácil se ele fizer algum movimento para ficar sob a minha pele.
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Passado Iminente
AcakJazmin: Primeiro ele foi meu inimigo. Depois meu melhor amigo. Logo meu grande amor. Por último minha maior decepção. E agora ele é... Meu Passado Iminente. Connor: Primeiro ela me causava raiva, por me fazer sentir coisas que eu não queria e não de...