Sem o medo de como isso pode acabar
Eu acho que estou pronta para amar de novo
Ready To Love Again - Lady Antebellum
Embora eu tenha retornado ao quarto, minha mente trilhava inúmeras possibilidades sobre Álvaro. Sentia-me curiosa sobre a curta história que Bianca havia narrado, ela parecia tão feliz neste lugar que afirmava ser sua casa, embora tivesse um resquício de curiosidade em seu olhar ao me questionar sobre São Paulo.
Ela não demonstrava interesse em se mudar.
Talvez, por já estar acostumada com essa imagem constatando casas da época colonial com o intenso verde. Um equilíbrio que transparecia nos habitantes da região percebia ao andar pelos povoados.
Criando coragem resolvi sair do quarto, eu estava entediada por não ter o que fazer após as míseras horas que meu irmão e eu trabalhávamos. O sol estava a pino há horas, e minha família havia saído para iniciar as aulas de montaria. Uma atividade que eu não sentia vontade de participar.
Tomei café rapidamente, pegando minha câmera antes de sair. Se eu estava animada em fotografar? Luís Henrique estava irradiante no cavalo negro, assim como seus pais, contudo eu me sentia excluída do momento.
Mesmo decidida, era inevitável. Sentia saudades da minha vida agitada, das baladas que, infelizmente, perdia presa nesse lugar. Será este o meu destino? Morar para sempre com meu irmão e cunhada, ver-me envelhecer sem alguém ao meu lado? Por que meu estúpido coração buscava esmolas, fazendo-me sentir encantada, enfeitiçada pelos homens errados?
Sorri para Luís Henrique que acenava em cima do animal, uma alegria inocente da qual eu não me atrevia a compartilhar. As imagens vinham nítidas a minha mente, uma cidade tão grande não representava condições para que eu o encontrasse com sua família, mas isso não foi o que realmente aconteceu. Era nítida a felicidade de Rafael, sua esposa e filhos no passeio de sábado ao shopping.
Quando nossos olhos se encontraram, eu vi somente surpresa e medo, ele nunca havia me olhado com carinho e amor. Eram apenas toques e uma conversa tendo sempre intenções carnais, uma necessidade fisiológica que resultavam feridas em minha alma e uma sensação de plenitude momentânea.
Eles se afastaram, e logo meu celular tocou sua voz nervosa obrigando que eu fosse embora, como se eu constituísse à intrusa e estivesse a ponto de destruir a diversão de sua família. Mesmo tendo a alternativa de dizer não, contive e despedi-me de Paula e Luís Henrique voltando para casa, permitindo chorar o sofrimento que eu mesma me consentia.
— Maraísa — a voz infantil gritou, trazendo-me a realidade.
Pisquei algumas vezes afastando as lágrimas sem motivo. Metros a minha frente encontrei Bianca acenando ao lado de um alazão. Meu pavor por cavalos obrigou meus pés a permanecerem no lugar, embora ela me chamasse.
— Ela é muito persistente.
Virei rapidamente com a mão sobre o peito devido ao susto.
— Não é delicado aproximar das pessoas dessa forma — disse para Álvaro que somente sorriu, cruzando os braços, os olhos esverdeados analisando a filha.
— Desculpa — ele proferiu — Por que esse medo de cavalos? Algum trauma na infância — sugeriu.
— Não tem um motivo plausível, somente não me sinto bem em cima de um animal tão... — procurei várias palavras que pudessem descrever — Complexo?

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Em Um Click
RomanceA vida é marcada por pequenos momentos muitas vezes registrados com flash. O que se esperar de uma simples viagem de férias, para um lugar afastado de toda tecnologia, sem nenhum atrativo? Essa era a pergunta que Maraísa fazia até encontrar um Cowbo...