Epílogo

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Uma foto revela as emoções de várias pessoas num mesmo acontecimento. Por exemplo, na festa de aniversário ao redor da mesa do bolo. Todos estão olhando para a câmera e ao mesmo tempo pensam em coisas tão diferentes.

No instante do flash as expressões são distintas, alguns sorriem e outros se mantem sérios. Há também uma balada e na foto da turminha tem sempre alguém que não sorri, mas a pose e firmeza no olhar expõem toda a fragilidade que nós tentamos esconder.

Eu nunca pensei que estaria morando numa fazenda e que teria uma família grande. Só que Álvaro mais uma vez provou seu amor por mim, quando pediu que eu refletisse sobre a adoção.

Meu lado egoísta não esperava que meu coração se apaixonasse pelo bebê de aparência asiática que me fitava agoniado naquele berço simples. Então, Bianca surgiu empolgada e disse o que sempre sonhei escutar.

— Achou meu irmãozinho, mamãe.

Eu olhei aquele bebê risonho e assenti, maravilhada com o calor daquele ser inocente.

Sorrio, levando o chá gelado para meus avós. Eles tinham chegado para aproveitar as férias, enquanto aguardavam o destino da viagem com amigos. Eu me sentia tranquila por saber que meus amores estavam finalmente aproveitando a aposentadoria.

— Eles são lindos juntos.

Álvaro e Jorge estavam treinando o laço para a próxima exposição.

— Parece tão maduro para um menino de treze anos — minha avó disse sorrindo — E Bianca já ligou?

— Sim — respondi, me sentando — Disse que está adorando a faculdade e que começa o estágio hoje.

— Hum — ela concordou — E você ficou brava por ela ter seguido a profissão do pai?

— Nunca! Eu torço pela felicidade da minha filha, ainda tenho Jorge e os gêmeos — respondi, olhando para a babá eletrônica em cima da mesa — E quando eles seguirem o próprio caminho... terei meu cowboy aqui comigo.

— Bem... vamos fazer os cálculos, Jorge termina a escola daqui quatro anos e Vitória e Miguel tem dez meses.

— Falta muito, vó.

Ela franziu o cenho, olhando para a porta de entrada.

— E onde está o vovô?

Ri, pegando sua mão.

— O vovô está vigiando os bisnetos.

Encostei-me à cadeira vendo meu filho, encontrando o olhar de Álvaro. Parece bobeira, contudo, não consigo manter-me indiferente todas as vezes que encontro àqueles olhos verdes me encarando. É difícil de acreditar que esse homem me ama!

*******

A jovem estacionou a picape e aproximou daquele que o professor havia dito ser o responsável pelo estágio.

Guilherme terminou de passar as instruções ao grupo e se virou. Seus olhos observaram com desconfiava a morena que se aproximava, embora estivesse vestida a caráter, apresentava uma aparência delicada para trabalhar ali.

— Com licença — ela disse sorrindo para o estranho — Eu sou Bianca Moura e estou aqui porque fui selecionada para o estágio,

— Acho que a moça está muito longe de casa — Guilherme retrucou, meneando a cabeça e se afastando.

Bianca fechou as mãos, sabia que iria enfrentar problema, assim como Luís Henrique dissera, mas não tinha escolhido sua profissão cegamente.

Alcançou Guilherme e o fez parar. A respiração dela estava ofegante e o rosto vermelho evidenciava a raiva, igualmente os olhos. O rapaz tinha que concordar, Bianca era uma mulher corajosa.

— Não estou aqui para que um homem insignificante como você me diga se estou ou não na melhor profissão — ela explodiu — Fui criada em um lugar como esse e aprendi a amar meu trabalho, por isso, não estou nem aí se vai dificultar as coisas para mim — completou, ficando bem próxima de Guilherme — Eu vou realizar o estágio e mandar você se ferrar caso seja necessário.

O rapaz sorriu de lado, impressionado e irritado com as palavras da jovem. Cruzou os braços e seriamente respondeu a jovem sem dar ouvidos aos seus preconceitos, especialmente por Bianca lembrar a mesma atitude da mãe dele.

— A senhorita é perspicaz — respirou fundo, criando um vinco na testa — O horário está no mural naquela sala — apontou para o local — Suas tarefas estão destacadas em vermelho. Alguma pergunta?

— No momento estou satisfeita — ela sorriu, erguendo o queixo.

— Ótimo, pois serei o responsável pela senhorita e estou ansioso para arrancar esse ar superior que insiste em demonstrar — ele falou, afastando de uma Bianca surpresa.

Mas, ela não daria o braço a torcer, e ele também não se dispunha a perder.

Dizem que o destino gosta de brincar com as pessoas, pois Guilherme e Bianca conheceriam as consequências daquela discussão. Uma maneira rústica e sistemática da paixão do interior.

Fim?



N/a: Olá amores e amoras, como prometi o epílogo chegou e a história terminou (eu e as minhas rimas). Espero que tenham gostado dessa short-fic e quem sabe nos encontremos em outras histórias e outros eles e elas da vida cotidiana desse Brasil afora. Resta minha imaginação encontrar um enredo divertido e que eu tenha tempo. Obrigada pelos comentários e votos, por cederem um tempinho aos meus devaneios, desculpe se cometi erros e meus atrasos nas postagens... Um beijo para todos.... Até breve!

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