Capítulo 2

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Parece que eu estive jogando no lado seguro amor

Construindo muros no coração para me salvar, oh

Mas é hora de deixar rolar

Ready To Love Again - Lady Antebellum


No caminho de volta para a fazenda, eu tentava diminuir nosso contato. Todavia, era só o cavalo ameaçar correr, agarrava-me a Álvaro como se minha vida dependesse disso, o que era totalmente verdade, pois me esborrachar no chão não estava nos planos.

Seu abdome contraiu, ele ria de mim. Pensei em dizer alguma coisa, mas o animal acelerou e sem intenção alguma finquei minhas unhas em sua barriga, fazendo-o exclamar de dor.

— Não precisa me machucar, dona! — Sua voz o denunciava ele estava irritado.

— Então mantenha seu cavalo quieto — esbravejei.

— Isso será impossível — respondeu em tom de deboche.

— Posso saber por quê? — Indaguei.

— Se ele ficar quieto, não sairá do lugar, estamos quase chegando ao seu destino, além disso, tenho outras coisas para fazer.

— Pare o cavalo — pedi,  ele fingiu não me ouvir — Pare o cavalo — repeti entredentes.

Ele suspirou irritado, segurei em sua camisa, escorregando do cavalo, afastando-me rapidamente, não queria levar uma patada. Álvaro franziu o cenho me fitando incrédulo.

— Obrigada pela carona, continuo o caminho a pé.

Ele deu de ombros partindo com o cavalo, levantando um pouco de poeira. Eu estava perplexa, havia sido mesmo deixada para trás, ele não argumentou, parecia mais satisfeito. Bati o pé, começando a andar, enquanto o xingava mentalmente.

Aquele estúpido, ignorante, roceiro!

O sol estava se pondo quando alcancei a fazenda, meu rosto suado, a roupa suja de terra. Sentia-me cansada, e fiquei irritada quando o vi em frente à casa com o semblante divertido.

Puxei minha camiseta para baixo e passei por ele, com a cabeça erguida. Poderia ter perfeitamente me rebaixado e o ofendido, mas, observando-o não merecia que eu me depreciasse. Segui diretamente para meu quarto, tomando um banho demorado para retirar a essência daquele caipira.

Paula bateu na porta, perguntando se eu estava bem, já que não me viu a tarde toda. Respondi que sim, ignorando a vontade de contar sobre o tipo de gente que vive nesse lugar, me poderei. Terminei de escovar o cabelo fazendo um coque, calcei as rasteirinhas combinando com o vestido laranja.

Surpreendi ao vê-lo acomodado na mesa, dessa vez sem chapéu, com um sorriso maroto nos lábios.

— Não irá se sentar? — Meu irmão perguntou duvidoso.

— Claro — sorri, sentando no único lugar vago, ao lado do caipira.

— É um prazer revê-la, senhorita — ele disse sorrindo — Espero que a caminhada não a tenha fatigado, sabemos que vocês da cidade costumam ser fracos em relação à atividade física.

Puxei o guardanapo com raiva, assumindo uma expressão neutra diante da tentativa dele em me fazer colérica.

— Pois fique sabendo, senhor, que estou acostumada a andar mais de dois quilômetros por dia, não tenho uma vida sedentária nem monótona como a sua — retruquei vendo-o assumir uma careta.

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