Capítulo 7

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Eu estou pronta para sentir agora

Já não estou com medo de cair  

Ready To Love Again - Lady Antebellum



Coloquei um sorriso e contrariada voltei-me para a caminhonete de Álvaro. O que meu irmão tinha na cabeça com aquele papo sobre tempo juntos?

Eu e aquele caipira arrogante. Jamais!

Acomodei-me no automóvel com Bianca entre nós, o que me fez ficar aliviada, assim não tentaria nenhum homicídio. Olhei de esguelha, observando-o dar a partida, as mangas da camisa estavam dobradas, deixando evidentes os braços fortes e bronzeados. Balancei a cabeça afugentando esse pensamento. Eu ainda tinha sua foto em meu notebook.

— Você já pescou alguma vez, Maraísa? — A voz meiga de Bianca perguntou.

Fiz um esforço para me lembrar de algum momento semelhante a este, mas as únicas lembranças eram da casa dos meus avós no centro da cidade. Raramente saíamos para o interior e quando resolvíamos; os hotéis fazendas quase não se diferenciavam do que já estávamos acostumados e eu por medo refugiava-me lá dentro.

— Acredito que não. — Respondi e Bianca olhou em choque — Não tinha muito tempo para essas atividades peculiares.

Isso era verdade: a rotina era o colégio; aulas de dança; pintura; fotografia e depois festinhas com meus amigos. É fato que minha vida não tinha nada extravagante e a quantidade de amigos era razoável, talvez isso tenha facilitado minha admissão na faculdade.

— Hoje você terá uma tarde divertida com uma vara de pescar — a menina disse, sorrindo abertamente.

— Pelo bem da humanidade não será possível — retruquei, tentando me imaginar colocando uma minhoca no anzol.

— Não é tão complicado — Álvaro comentou, olhando-me por alguns segundos. A caminhonete sacolejava, devido à estrada, mas nem isso prejudicou minha compreensão sobre a ironia contida naquela frase.

— Pretende me ensinar a pescar, caipira?

— Se for do seu interesse — ele sorriu — Não me importo de ser seu instrutor.

Eu também não me importo de jogá-lo dentro do rio e afogá-lo, pensei ao retribuir o sorriso.

— Você pode ir ao nosso barco, ele é muito grande — Bianca sugeriu, segurando minha mão.

Mordi os lábios. De nenhuma maneira eu iria pescar. Não mesmo! Encostei minha cabeça na janela do carro, sem observar realmente a paisagem. Mais nove dias nesse lugar e então eu estaria dentro de um avião a caminho de outro país. Contudo, eu sentia como se não tivesse aproveitado absolutamente nada.

— Olha! Eles já estão arrumando as iscas — Bianca disse em pé no banco.

— Sim, senhorita — Álvaro confirmou — Agora senta direito, antes que aconteça como da última vez.

— Está bom, papai — ela acomodou ao meu lado, cruzando os bracinhos, o semblante emburrado.

— O que houve da última vez? — Indaguei, Bianca era uma menina engraçada, O.K. Um pouco travessa. Contudo, a expressão de Álvaro não trazia boas recordações.

— Eu tinha saído com o padrinho e a Jordana, nós sofremos um acidente e eu estava em cima do banco — ela apertou as mãos.

— Não foi um bom dia aquele — Álvaro retrucou, estacionando, antes de colocar a filha no colo — Ainda bem que você é muito forte e se recupera rápido — ela sorriu, beijando o pai e naquele abraço eu senti uma emoção indescritível; eles se amavam.

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