How Big, How Blue, How Beautiful: A Odisseia

Capítulo 1 - How Big, How Blue, How Beautiful (Prólogo)

Era o anfiteatro mais sutil, porém mais belo que já havia conhecido: a plataforma em formato de meia lua e as paredes de granito branco casavam com o verde das palmeiras que surgiam tímidas atrás do palco.

A exuberância daquele dia azulado apenas bagunçava a cabeça de Florence. Em um momento tinha a lembrança de estar presa numa sala escura, barulhenta e cheia de pessoas dançando, conversando e bebendo; agora, estava deitada sobre um chão de pedra num lugar exótico e bonito.

Perdera os sapatos, entretanto não se importava, já que estava acostumada a andar descalça nos dias em que centenas de olhos a miravam. Então ficou sob os pés e visualizou a arquibancada de pedra, lembrando-se desses dias dourados antigos e de sua pausa.

Não é perca de tempo, pensou. O tempo deve ser vivido, aproveitado ao máximo. Conheço meus limites, sei quando é hora de parar e quando devo atravessar a linha. Eles dispuseram-me este tempo. Mas ao mesmo tempo, as conversas que venho tendo comigo mesma, as pílulas que tenho tomado... algo em minha cabeça diz que já passou da hora de recomeçar.

De repente uma sensação estranha pegou-a de jeito: sua cabeça doía e pesava, tanto fisicamente quanto mentalmente, mas uma súbita vontade de mexer seus pés apareceu para ela esquecer, ao menos por alguns minutos, tudo o que estava acontecendo em sua vida. Começou a dançar. Imaginava fazendo-a com uma espécie de clone. Queria expressar seu amor, sua raiva e sua angústia por seu próprio ser, dando socos e tapas no "clone", mas também gostava de abraçar, conforta-lo em seus braços.

Dançou, rodopiou, não pensou em calos ou bolhas nos pés e chorou com sua imagem. Quando cansou, deu um último abraço em sua amiga. Andou calmamente para descobrir o que estava escondido no fundo daquela floresta. Deparou-se com um cenário idêntico daquele onde acordara, porém mais iluminado pelo sol. Simplesmente fechou os olhos, levantou os braços ao céu e pensou "estive dançando com o antigo eu, aquela outra melancólica e presa no passado. O novo eu busca por respostas e pelo futuro glorioso. Ainda não é hora de voltar a antiga cidade".