Capítulo 05

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Acordo com a cama molhada e levanto rapidamente do susto. Um cano estourado jorrava água em cima da minha cama. A parede estava violada como se alguém tivesse feito isso. Será possível eu ter um sono tão profundo e não ter ouvido nada?
Ao andar pelo apartamento vejo água jorrar na cozinha e na sala também. Fui imediatamente bater na porta da casa dos vizinhos pedir ajuda e Hyuk abre a porta. Antes de qualquer um de nós dizer alguma coisa ele me olha lentamente dos pés a cabeça e mostra um pequeno sorriso malicioso.
- Tem canos estourados no meu apartamento, molhando tudo -fico de braços cruzados para tentar esconder o que o tecido fino da camisola deixa transparecer.
Sem dizer nada ele entra no meu apartamento e olha os locais do vazamento.
- Você não pode ficar aqui enquanto isso não for concertado. Pega suas coisas e leva pra minha casa -ele entra no meu quarto e pega uma mala em cima do guarda roupa e começa a colocar algumas roupas dentro.
Foi tudo muito rápido, concordo em passar um tempo no apartamento dele mas ter algumas mobílias estragadas me entristece muito.
- Vai ficar aí parada? -ele pergunta e logo pego outra mala e guardando as coisas essenciais.
Eu estava fazendo tudo o mais rápido possível e o chão já estava alagado.
Hyuk está de costas pra mim arrumando a mala de modo cauteloso. Fecho a segunda mala que ajeitei mas ele continua na primeira. Vou me aproximando devagar e olho por cima do ombro dele. Tão concentrado, passando os dedos no detalhe da minha calcinha azul de renda.
- Solta isso! -tiro a calcinha da mão dele o empurrando.
- Calma? -ele diz sorrindo - Não é a primeira vez que vejo uma calcinha.
- Cala a boca! -fecho a mala e aponto para as outras duas para que ele leve-as.
No caminho para levar as malas até o quarto dele ouvi ele dizer baixinho "azul é minha cor preferida" mas fingi não ter escutado nada.
- Onde eu vou ficar?
- No meu quarto.-ele me olha estranhando a pergunta. Realmente era óbvio.
- E onde você vai dormir?
- No sofá. A não ser que você não se incomode que eu durma aqui contigo.
Olho para a cama de casal no quarto dele, coberta por uma coxa preta com vários desenhos que eu não conhecia. Dormir ali com ele seria uma das últimas coisas que me incomodaria e pensei na melhor resposta.
- Deve ser ruim dormir no sofá, não vejo problema em dormir aqui com você.
- Mesmo? -ele me olha com cara de aprovação - Melhor ainda.
Fico analisando o espaço do quarto mas sinto ele me analisar.
- Yuri?
- O que é? -ao olhar pra ele percebo um olhar curioso sobre mim.
- Você está pensando em que?
- Tô só preocupada.
- Não precisa, eu vou cuidar de tudo, pode deixar- ele muda para uma expressão que não consigo ler. -Vou lá na portaria e tomar as providências.-seu tom de voz me passou um pouco de tranquilidade.
- Obrigado mesmo, Hyuk. Mas não é sobre isso que estou falando -ele me olha confuso - Você viu como estava os buracos na parede?
- É assim que acontece quando um cano estoura -ele diz despreocupado.
- Acho que não. Tem acontecido coisas estranhas lá. Não sei se quero voltar a morar em um lugar medonho assim.
- Que tipo de coisas?
- Barulhos que não sei o que é, luzes piscando...
Ele une as sobrancelhas em uma expressão parecendo tão preocupado quanto eu.
- Que bom que você decidiu não morar mais lá -ele abaixa a cabeça e levanta me deixando sozinha no quarto.

Apesar de achar estranho a atitude do Hyuk, me sinto aliviada de poder passar um tempo aqui. Não é muito longe do meu apartamento mas ao menos não irei dormir sozinha. Talvez seja melhor não desfazer as malas. Vou procurar um lugar pra ficar.
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Fui para cozinha ver o que eu poderia fazer para o almoço e Hyuk estava preparado para sair. Vestia uma jaqueta preta e uma calça jeans.
Olhando melhor o Hyuk ele estava como o Ken aquela noite, aparentando estar extremamente exausto mas mesmo com a aparência de doente ele resolve sair. Almoço sozinha e vou arrumar um pouco a casa bagunçada.
Era 16:32 quando o interfone tocou e o porteiro avisou que eu poderia pegar o resto das minhas coisas. Vou no meu apartamento e tento ser rápida. A mobília parecia estar perdida, até demais pra um simples cano estourado. A estante de madeira na sala estava tão acabada que parecia que ia cair a qualquer momento, havia até pedaços de madeira esfarrapada no chão que ainda estava molhado. Peguei uma mala e guardei alguns objetos, me sinto agradecida por não ter tanta coisa assim.
Voltei para o apartamento dos meninos e arrumar minhas coisas no quarto do Hyuk.
Ouço um barulho no quarto ao lado e minha vontade é de gritar. As assombrações iam me seguir até aqui também? Não aguento mais esses barulhos irritantes e vou com determinação ao quarto do Ken e sinto como se tivesse levado um balde de água fria. Preferia mil vezes que fosse assombração.

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