Capítulo Trinta e Três.

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DR narrando:

Passei a mão pela minha cabeça totalmente atordoado, olhava tudo ao redor e não sabia o que fazer pela primeira vez. Minha prima estava morta. Não é que não gostasse dela mas só não era muito intimo com ela e não sentia absolutamente nada por ela, nem mesmo aquele afeto de primos. Eu podia bater, humilhar e maltratar Lívia mas eu gostava de ter alguém se preocupando com as merdas que eu faço e sempre me impedindo.

Pego o corpo frio dela do chão e vou sério sem esbouçar qualquer sentimento até a casinha onde ela estava antes, a deixo no chão e coloco um cobertor sobre o corpo dela. Estava preocupado com Laura, eu já tinha perdido Lívia mas perder Laura seria demais pra mim ainda mais ela carregando um filho meu.

Saio da casinha e vejo DG sentado na calçada fumando um cigarro de maconha.

─ Quem fez isso com Lívia? ─ pergunto mais frio que o normal.

─ Foi Luan ─ ele diz suspirando e tragando novamente o cigarro. ─ Vi a hora que ele mirou e atirou em Lívia, é uma pena, eu gostava dela, era uma boa pessoa e só uma louca de pedra por Luan.

─ Por que Luan atiraria nela?

─ Pra te provocar, eu acho, ele sabe bem que vocês eram primos e que ela era o que você tinha mais perto de... digamos uma família...

─ Não tenho família ─ digo sério mas meu pensamento voa até Camile.

─ Chefe? Canela tá lá na escadaria... ─ um dos vapor chega ofegante, olho no meu relógio de pulso e já são sete da manhã, o que esse merda faz aqui em plenas sete horas da manhã?

Pego minha fuzil e coloco em volta das costas pegando a chave da RR no bolso e indo até o outro lado na rua subindo. Vou em direção da escadaria rápido e estaciono na calçada indo até lá e vendo Canela segurando Laura que chorava copiosamente.

Naquele momento meu coração pareceu disparar, um arrepio percorreu por todo meu corpo, tudo em mim paralisou e fiquei imóvel por alguns segundos. Não, eu nunca havia sentido isso mas na hora que vi Laura toda machucada senti uma coisa dentro de mim que jamais havia sentido.

Corri até os dois mas fiquei um pouco longe de ambos.

─ Quem foi o caralho que fez isso? ─ pergunto com raiva vendo Laura chorando e toda machucada.

─ Foi LL, ontem ele descobriu ela e bateu nela por ser quem é e mandou que eu trouxesse ela aqui pra tu, ia só jogar ela na escadaria e ir embora mas tá ligado que nós é parceiro né? ─ ele fala sorrindo e meu olho bate bem na mão dele apertando o braço de Laura com força que era capaz de ver os dedos dele brancos.

─ Luan que fez isso? ─ pergunto sentindo minha cabeça doendo de raiva, sentia tudo em meu corpo quente mas da pura raiva e nem sei porque estava sentindo isso, Laura não era nada...

─ Quem mais seria? Não foi mesmo Camile? ─ ele lançou um olhar pra Laura e a mesma assentiu de cabeça baixa.

─ Vem cá, Laura ─ a chamo sentindo tudo em mim latejando, Canela solta ela e posso ver o braço dela avermelhado, ela caminha até mim em passos rápidos e me abraça forte, não retribuo o abraço, sinto as lágrimas dela molhando minha camisa e seu choro sendo abafado em mim. Pego minha fuzil das costas e destravo a mesma.

─ Não confia nele, não confia nele, por favor ─ ouço Laura sussurrando entre o choro e suspiro.

─ Tudo vai ficar bem, só não olha ─ digo baixinho e seguro firme minha fuzil nas mãos. ─ Canela eu não acredito em ti, não acho que foi Luan que machucou Laura.

─ Não faria isso.

─ É mesmo? Não acredito em ti ─ digo e miro minha fuzil nele acertando a cabeça do mesmo sem pensar, na verdade, eu nunca pensava antes de matar alguém, era mirar e matar.

Vejo Laura se assustar com o disparo e me abraçar ainda mais forte.

─ Acabou, tudo acabou ─ digo baixo olhando o corpo de Canela caindo a escadaria a baixo.

─ Não foi o Luan, o Luan não fez nada, Darlysson ─ ela diz desgrudando do abraço e olhando fundo em meus olhos. ─ Eu estava lá na casa que Luan deu pra Lívia pensando no que fazer, Canela apareceu e do nada me empurrou no chão e começou a falar várias coisas pra mim e também soube que ele está trabalhando pro Douglas, ele me levou até Luan e envenenou a cabeça dele dizendo que eu era informante, Luan até colocou o cano da arma na minha cabeça mas depois de um tempo abaixou e me deu esse moletom já que Canela havia rasgado meu vestido e então mandou que Canela me trouxesse pra cá mas antes de me trazer ele me bateu muito e tive medo de perder o bebê.

─ Tudo bem, já passou ─ digo com os pensamentos longe, tentava assimilar tudo que ela me dissera, confiava em Laura de olhos fechados e com o tempo ela conquistou essa confiança minha que ninguém tinha. Como assim Canela trabalhava pro Douglas e para mim ao mesmo tempo sendo que DG estava aliado à mim?

Meu rádio apitou e vi uma mensagem de DG: Achamos PR, mas não vai gostar da situação que encontramos ele, parece que Luan se vingou do Neguinho!

Não acreditava que PR havia sido morto nessa merda de invasão, peguei meu rádio e joguei com tudo no chão vendo o mesmo quebrar, não acreditava que tinham matado PR, só que tinha minha dúvidas do autor do crime, eu não sabia mais em quem realmente confiar e desconfiar. Só sei que estava com tanta raiva que estava prestes à explodir como uma dinamite programada.

─ Vamos pra casa, por favor ─ ouço a voz baixa de Laura e assinto mesmo sentindo ainda a raiva dentro do meu peito.

Eu precisa deixar um pouco disso, não podia ter esse lado negro em mim para sempre, não queria mais ver Laura sofrer mas não tinha culpa se em ver os outros sofrerem me dava prazer absoluto. Eu tinha que pensar direito, ela estava grávida, ela estava grávida de mim. A pior coisa que existe é passar por essa situação em meio de uma guerra.

Não era mais um simples conflito entre facções, já era uma guerra e só um lado iria vencer.

Apenas um Traficante IIOnde histórias criam vida. Descubra agora