Capítulo Trinta e Dois.

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Luan narrando:

Lívia desliza pelos meus braços, as mãos dela que apertavam o corpo dela no meu me soltam e os olhos dela se rolam. Olho pra direção de onde a bala veio e vejo o cara que mais odiava na minha vida, a arma dele ainda estava apontada para Lívia que desfalecia aos poucos em meus braços.

Douglas sorriu e abaixou a arma e naquele momento deixei Lívia no chão sangrando e puxei minha fuzil mirando nele mas ele já não estava ali, ele havia sumido da minha visão simplesmente.

Deixei minha fuzil de lado e fui pro chão segurando o rosto de Lívia, analiso o corpo dela e vejo que a bala havia atingindo bem no tórax dela, na minha opinião havia sido bem no fígado ou pulmão. Me sento no chão e seguro a cabeça dela com cuidado colocando-a sobre meu colo e passando meus dedos por dentro das mechas escuras do cabelo dela.

Estava incrédulo, parecia que tudo ao redor havia desaparecido, era apenas eu e Lívia que estava morrendo.

─ Tu vai ficar bem ─ minto, na situação dela não havia mais condições de vida, ela teria que amputar a perna e fazer uma ou mais cirurgias que nem sei se havia chances de viver. Os olhos chocolates dela brilhavam já cheio de lágrimas.

─ Não precisa mentir... ─ ela diz fraca olhando dentro dos meus olhos. ─ Eu sei que não tenho chances de vida.

Não digo nada, sinto meu peito contrair, aliso o rosto dela sentindo meu rosto ardendo, sentia meus olhos inundando aos poucos. Lívia não era uma simples pessoa pra mim, ela já tinha feito muito por mim e eu devia minha vida pra ela. Quando eu estava nas drogas ela me tirou, quando eu mais precisava ela estava lá comigo, ela foi uma pessoa que sempre iria levar comigo seja lá por onde fosse, além de ser mãe de um filho meu. Sentia meu peito doer conforme as lembranças invadiam minha cabeça, olhava nos olhos dela como se estivesse voltando aos meus dezessete anos onde tudo era diferente.

─ Luan? ─ ela me chama me fazendo sair de meus inúmeros pesamentos. ─ Luan me promete uma coisa?

Eu assinto, não consigo dizer nada, minha garganta estava tão seca que nem minha saliva conseguia engolir. A pele de Lívia estava esfriando e podia sentir isso já que eu era quente até demais.

─ Eu quero... eu quero que você cuide do Kayke ─ ela diz sussurrando. ─ Não só dele... cuida da Maju... cuida dela, por favor... Pede pra ela ser uma boa mãe pro Kayke... Eu nunca fui mesmo uma boa mãe...

─ Sshh ─ aliso o rosto dela com meu polegar enxugando as lágrimas que desciam pela bochecha fria dela.

─ Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida ─ ela diz fraco segurando em meu rosto. ─ Eu te amo.

Abraço o corpo gélido e leve de Lívia ao meu, tudo ao meu redor desaparece de repente, abraço Lívia agradecendo imensamente por tudo que ela já me fez, ela não havia sido só um amor em minha vida, mas havia sido uma amiga, uma companheira e uma pessoa que tinha um espaço em meu coração. Não dizendo que eu amava ela como eu amava Maju, o amor que eu sentia por Lívia não era mais aquele amor de paixão e sim de amizade, uma grande amizade.

Quando menos percebo a respiração de Lívia cessa, ela falece em meus braços.

─ Vamo Luan, já mandei geral recuar porque os alemão tão surgindo! ─ RL chega correndo todo suado e gritando.

Me levanto pegando minha fuzil e deixando Lívia deitada no chão já falecida, fungo e ajusto minha fuzil em meus braços correndo junto de RL rumo à saída, mas foi como se tivesse deixado um pouco de mim ali, deitada e morta no chão.

***

Maju narrando:

Estava eu, Priscila, Lua e Kayke no quarto de hospital na maior bagunça. Lua e Kayke estavam em cima de mim brincando e Priscila fofocando ao meu lado. Já era noite e Gabriel havia acabado de sair daqui pra ir jantar, ele veio me contar a novela e fofocar sobre as coisas do morro, ele e Priscila juntos eram dois fofoqueiros de primeira.

Apenas um Traficante IIOnde histórias criam vida. Descubra agora