Apenas um Traficante II

Capítulo Vinte e Oito.

DG narrando:

─ Caralho, tu é doente! ─ grito com Darlysson que fita o nada coçando o queixo. ─ Tu tava na merda do morro, por que não meteu uma bala na vadia?

Darlysson não diz nada, desde de ontem ele está nesse estado vegetativo, não fala nada, só fica na dele olhando pro nada, que diabos deu nessa porra? Ele tava na Rocinha, tava lá dentro, tava cara a cara com a vadia do Luan e não fez merda nenhuma, se fosse eu já tinha dado fim nela mas não... Nem me dizer que ele ia na porra da Rocinha ele me disse.

─ De qual é, caralho? Fala que porra deu em tu? ─ digo em um tom alto e empurro o mesmo.

Darlysson me lança um olhar cheio de ódio e pega a fuzil dele em um gesto rápido apontando pra mim.

─ Cala a merda da tua boca ─ ele diz encostando o cano da fuzil na minha cabeça. ─ Tu pensa que é quem pra falar assim comigo? Tu não é nada Douglas e nunca vai ser, tu só tá aqui no morro porque eu quero se não já tinha te queimado em praça pública.

─ Qual é teu problema, hein? Pensei que nós somos amigos, nós tamo do mesmo lado, parceiro.

─ Eu não sou seu amigo ─ ele diz sibilando e ainda comigo na mira. ─ Tu é meu aliado, só isso. Meu único amigo é PR aqui, ele é meu irmãozinho e ele sim é meu parceiro, mexeu com ele e mexeu comigo, pode pá?

Cerrei meu punho com raiva e suspirei.

─ De boa ─ digo saindo da mira de DR e me sentando em um banquinho, pego um cigarro e acendo tragando. ─ Mas fala aí, por que não deu um fim na Maria Júlia?

─ Dar fim pra quê? ─ ele indaga. ─ Não ia me dar prazer em nada, ela é nova demais pra morrer e nunca fez nada pra mim.

─ Se tu fizesse algo com a patricinha ele ia ficar louco, DR! ─ digo e o mesmo dá de ombros.

─ Não quero machucar ela.

─ E tu foi fazer o que lá? ─ indago com curiosidade.

─ Buscar a vadia da minha prima, essa cachorra, descobri que ela tava dando informações pra Luan sobre nós.

─ E quem disse pra ela isso tudo? A vadia da Camile? ─ digo e ele me olha com raiva.

─ Não fala assim da Camile se não quiser morrer.

─ Agora tá defendendo a vadiazinha? Qual é, ela só é uma vadia que tá infiltrada na Rocinha pra colher informações e que se caso Luan descobrir sobre ela vai matar ela sem dó.

DR se levanta e passa a mão pela cabeça nervosamente.

─ Foi um erro mandar ela pra lá, onde eu estava com a cabeça? ─ ele diz sussurrando, logo arqueio minha sobrancelha.

─ E daí DR? Ela não vale nada, não tem valor nenhum, se morrer não vai fazer falta pra ninguém, só tem uma mãe doente que tá quase morrendo e não tem mais nada... Agora que Lívia tá aqui vai ser fácil pra ela ser descoberta, Luan vai matar ela, mas tu não se importa né? ─ digo e vejo cada vez mais DR pensativo, o que estava rolando aqui?! ─ Não é? Tu tem a mulher que quiser aos teus pés, tu é um dos traficantes mais poderosos pô.

─ Cala a boca, merda! ─ ele diz em um tom alto. ─ Eu preciso tirar Camile lá da Rocinha, preciso consertar esse erro.

─ Que nada, dois tempos e ela tá morta. Sem Lívia ela vai entregar as coisas muito rápido, ela é lerda e ingênua, logo alguém vai descobrir pra quem ela trabalha.

─ DR vaza daqui, vai tomar no cu em outro lugar, some da minha frente antes que te coloque de baixo de três palmos de terra.

─ Morô, parceiro ─ digo saindo com um sorrisinho.

Será que havia achado uma saída em meio do túnel que é DR? Quem sabe Camile fosse o ponto fraco dele, quando eu mais pensava que ele não tinha eis que me surge a resposta! Após me afastar um pouco da boca eu pego meu rádio e ligo pro meu informante da Rocinha.

─ Fala aê.

─ Sabe quem é Camile né?

─ Como não saber? Vi ela desde do dia que ela chegou aqui, só não tive oportunidade de levar ela no beco.

─ Tu é demais Mateus, mas te liga aí, quero que tu coloque uma pressão em cima dela, soube que ela é alguma coisa pra DR.

─ Pode crê, tá mais fácil, quer que eu faça o quê? Serviço completo?

─ Não é pra estuprar, é só pra colocar um medinho nela.

─ Pode pá.

Desligo o rádio e o guardo no meu bolso. Me viro e dou de cara com PR.

─ De coe, assombração ─ ele diz sorrindo e fecho meu semblante. ─ Ai boneco de chucky, tava falando com quem?

─ Não é da tua conta, palito de dente.

─ Peita aqui, só porque tua cara é deformada acha que manda aqui.

─ Vaza, PR ─ digo ajustando minha arma na cintura e voltando a caminhar.

Então quer dizer que Darlysson tinha uma fraqueza? Isso é realmente interessante de se usar. Era só saber usar as fraquezas contra os inimigos e assim vencer a luta.