Porteira

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Debruçada ela diz que me espera, 
sempre me chega com beijos, 
abraços e encantos.

Nesse "mundão" me guio pelo 
vento, 
toco no berrante,
toco o gado,
desço o rio a diante.

Distante no começo da manhã, 
parecia ser longe mas para "muié"
o cheiro bom é sempre o do
final do dia,
onde não há pântano, jacaré, capivara ou
cotia, só seus cabelos dourados como a
flor margarida.

A cidade fala alto, 
o berrante canta sossegado e 
nesse vai e vem do sol
muitos equecem da vida,
e sofrem tristezas com o gado.

A porteira do meu coração está aberta,
é somente sua, 
de Deus que me salvou da seca,
da fome que nunca foi somente sua.

O banquete era papelão cozido. 
Jornal, farinha, o que tiver 
não era perigo, o perigo era
não comer, morrer faminto "muié"!

A boiada é meu lugar! 
Seis dos dias a nascer são laranja, púrpura 
ou vermelho é só olhar.

Cores do céu
após o luar.

Me espere que já volto
é nossa comida "muié"
põe a mesa e as "cuié",
Veja o céu lindo, venha me amar.

FELIPE DURÁN THEDIM

Sangue DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora