Minha aparente morte - porta da Faind

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Fora-se alguns minutos desde que algo passou pela minha visão, quando percebi, estava no chão.

Mas algo muito estranho aconteceu, pois eu não sentia dor ou desconforto.
Eu queria ver se estava sangrando, mas não consegui, pois não conseguia me mover e nem sentir meu corpo, era uma coisa muito estranha, mas de alguma forma, não me parecia necessariamente ruim, nem mesmo quando perdi minha visão.

Senti como se tivesse desmaiado, não sei bem, não me pareceu ter passado tempo algum, simplesmente perdi minha visão e em seguida estava em um lugar muito estranho. Não era um lugar com muitas coisas, tudo se resumia a três, cinza, preto e branco. Havia um chão branco, com uma enorme escada, parecia um estranho pedestal nos lados, com estatuas de uma mistura de cinza e branco, muito bonitas.

Bem eu devo estar no céu, sou uma boa pessoa, claro, devo ter morrido e vindo ao céu, foi meu primeiro pensamento. Mas por algum motivo estava receoso, não queria subir aquela escada.

Me sentei no chão, tentei novamente pensar, entender tudo aquilo e nada ainda fazia sentido pra mim, mas percebi uma coisa quando fui tentar me lembrar do ocorrido, a sombra que vi, a sensação de morrer era tudo que me lembrava, não possuo mais lembrança alguma de tudo o que tinha me ocorrido antes daquilo, de nada antes, simplismente sentia um enorme branco, meu passado desaparecera.

- ei, suba logo - gritou uma voz, de forma autoritária, mas muito bela e de alguma forma me parecia tambem gentil.

- pode vir ate mim com seus pés ou posso te fazer vir até aqui te jogando contra todos os degraus, sua escolha garoto - reverberou.

Subi a escada, não por medo exatamente dela, achei que seria normal estar, dada a minha situação, mas não estava. Talvez fosse a experiência de morrer que me mudara, não sabia, mas como eu era afinal, tambem não sabia... Já estava ficando irritado - to indo - falei e comecei a subir aqueles intermináveis degraus.

Quando cheguei aos últimos lances de escadas, vi uma cadeira muito bonita, era branca como quase tudo, mas brilhava, com inúmeros detalhes, havia apenas duas pessoas, uma sentada na cadeira, com uma atitude que parecia arrogância, mas não era exatamente isso, era mais cansaso misturado com algum outro sentimento. Havia outra em pe, com olhos penetrantes e impessoais que apesar de olhar para mim, parecia estar focada em algo muito mais distante.

- fala sério, você levou quase uma hora pra subir essa escadinha.... Tem certeza que é ele - olhou pra outra.

- sem qualquer duvida - respondeu de forma ríspida.

- oi, o que aconteceu comigo. Vocês sabem,? Podem me explicar? - perguntei impaciente, torcendo pra que pudessem me esclarecer essa loucura toda.

- você não deve saber - disse de forma tranquila - é melhor assim.

- melhor pra quem? Eu não me lembro de nada alem da minha morte - estava irritado, devo ter gritado, não sabia diferenciar muito bem a altura do som naquele lugar, mas com certeza devo ter gritado.

- pra todos... Inclusive pra você mesmo... E você não morreu, mas não vamos falar mais nesse assunto, como disse não posso falar muito, pra seu próprio bem - disse compreensiva a que estava na cadeira.

- meu bem... Melhor pra todos... Não morri - tentava interpretar toda aquela nova informação, sentei com as pernas cruzadas, na posição de meditação, aquilo de alguma forma me parecia muito reconfortante, tinha a impressão de que eu já tinha estado naquela posição muitas vezes, mas ainda não conseguia lembrar nada, era como um interminável branco.

- parece que restou vestígios... - disse a que estava de pe.

- sua capacidade deve ter interferido....pra um mero...talvez minha filha não tenha tomado uma decisão tão idiota como pensei, embora ainda ache isso tudo uma grande idiotisse... Mas o que esta feito, esta feio e não pode ser mudado... Para o bem ou para o mal, não é algo que possamos mudar - disse a sentada na cadeira.

- porque eu não consigo ver vocês claramente - perguntei.

- claramente? - indagou para si mesma a que estava em pe -você nos vê em forma?não como uma luz cegante... - pareceu alarmada, como se não entendesse algo - como é possível, não deveria ter como, não deveria...nos estamos em nossas formas verdadeiras... Não importa a era, o titulo ou como aqueles da mesma especie o vem ele ainda é apenas...como...ele não devia, ele não, s- interrompeu a que estava na cadeira, se levantando em seguida.

- Não temos tempo pra isso... já foi acertado, nada pode ser dito ao garoto... Nada... Precisamos leva-lo logo...isso não pode continuar, o tempo não esta do nosso lado... Se ela não chegar logo, não cumprirei mi - não foi uma porta, mas uma luz branca tomou uma parte ao lado do espaço cinza e uma outra mulher apareceu. Estava mais para garota na verdade, pela estatura, já que não a via com clareza. De algum modo, não sabia ao certo como, mas eu sentia que a conhecia.

- arf arf arf - parecia chorar enquanto olhava pra mim.

- minha promessa foi cumprida, não temos mais tempo, precizamos manda-lo - disse a mulher da cadeira.

- só um momento - pediu gentilmente - por favor, só mais um
Momento - disse com uma voz melancólica.

A mulher da cadeira assentiu e a garota aproximou-se de mim, ficou a menos de um metro, olhando fixamente pra mim, como se queresse se aproximar, mas estivesse com medo, trocou a direção do olhar algumas vezes entre mim e ela mesma quando olhava pra baixo, como se tentasse entender o que eu estava pensando ao olhar pra ela, ou como se esperasse algum reconhecimento ou ação minha, não sabia dizer ao certo.

Ela olhou fixamente pra mim e disse - adeus Lars -

A mulher da cadeira pareceu ainda mais cansada a outra havia voltado a ficar indiferente e eu estava parado olhando fixamente para a garota tentando reconhece-la, tentando entender o que era aquele sentimento reconfortante que sentia em meu peito. Mas logo tudo ficou escuro novamente, mas dessa vez não foi um instante, foi um longo período, um período longo que parecia interminável. Enquanto estava mergulhado naquela escuridão meus pensamentos começaram a ficar distantes e eu ouvi ao longe uma voz dizendo - foi bom terem restado vestígios, ao menos ele tera senso comum, embora eu não saiba o quanto isso será útil para aquele mundo.

Guerreiro CelesteOnde histórias criam vida. Descubra agora