Tinha o costume de ir pegar frutas com a Kauane, já que não caçava, não gostava de matar os animas. Era algo que eles achavam muito estranho, mas não questionavam. Lá cada um se ajudava para cuidar da sua própria sobrevivencia, então desde que eu colaborasse bastante, não ajudar com a causa não era problema.
Eu não tive dificuldade de aprender nada. O Kaike disse que eles costumavam fazer cerimônias e rituais, mas que era algo a se fazer em grupos. E que o que eu falei devia ser um ritual de passagem, pra maioridade. E que era algo sagrado, geralmente pra aquela tribo tudo era uma razão pra matar. E que era muito estranho eu não estar morto.
Eu gostava de conversar com os dois, cada vez os entendia mais. Meu afazer preferido era caminhar com a Kauane, era mais tranquilizador, me sentia em harmonia com a natureza, como eles diziam. Falavam que cada um tem sua própria maneira de ser um com a natureza e que por isso meu nome devia ser kaiapó. Significava aquele que caminha. E como estou sempre caminhando de um lado pro outro, facinado com tudo que vejo. Como uma criança recém nascida que acabou de ver o mundo, o que era meu caso. Eles disseram que eu era o Kaiapó mais Kaiapó que já existiu. Embora acho que estavam brincando, gozando com a minha cara.
A Kauane, na tarde, depois que terminamos nossos deveres. Disse-me que iria me mostrar o lugar mais belo que já conhecer. E aquilo, claro, me deixou muito feliz e curioso, já que achava que normalmente via tanta coisa bela. Era mais como se e me perguntasse, o que pode ser melhor. Mas deve ser porque perdi a memória. Afinal, não posso gostar ou comparar o que não me lembro.
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Guerreiro Celeste
FantasyO que aconteceria se vc de repente morresse? E se fosse pra outro lugar, e se não estivesse morto e se nem tivesse morrido, mas e se não lembrasse de nada segundos antes de morrer. É assim que começa a fantástica aventura de Lars, o garoto que se en...