Contos

Darling :3

- E então ? - Perguntei com os braços sobre o peito, claramente irritada. Ele sorriu de canto e deu de ombros; irritada, revirei os olhos.

- Não está com ciumes, está darling ? - Lourenço perguntou desviando o assunto, ele ergueu uma de suas sobrancelhas; seus olhos castanho mel me observavam com certa curiosidade enquanto ele tentava decifrar ou encontrar qualquer indice em meu rosto que ele pudesse contar vantagem ou jogar em minha cara. Fiz uma careta pra ele e passei por ele batendo de propósito em seu ombro; ouvi uma pequena risada. Na certa ele tentava segurar a mesma. Eu tinha certeza de que ele balançava a cabeça em negativa sem eu mesma ver.

" Eu com ciúmes?! É patético! Só acho idiota ele não sossegar. " - Pensei. " - Bom, mas se ele se aquietasse com alguém eu seria obrigada a aturar o casal nojento; fiz outra careta.

- Por que a careta ? - Lourenço perguntou assustando-me de leve; apesar do local onde estávamos estar muito bem movimentado e consequentemente cheio de vozes que enchiam o local, eu tinha acabado me perdido em meus devaneios.

- A fila está enorme. - Omiti o real motivo. - Deveríamos ter chegado mais cedo. Agora não vamos pegar as cadeiras de cima. - reclamei. Lourenço deu de ombros como se estivesse dizendo " Você sabe que eu odeio sentar lá em cima".

Iríamos assistir a estreia de um novo filme da marvel; eu estava de bom humor, mas assunto vai, assunto vem, chegamos ao assunto "Lourenço e suas ficantes" e este assunto passou a me deixar irritada. Antigamente eu não me importava com isso, mas há algum tempo isto vinha me incomodando. Lourenço era demasiado bonito de estatura média, cabelos escuros e olhos claro, isso sem falar no quanto ele tinha um corpo bonito e definido; dizer que eu não sentia atração por ele seria uma grande mentira, mas eu vinha tentando negar isto à mim mesmo. Lourenço era incrivel, mais na dele, mas um ótimo amigo. E o facto dele ser incrivel fazia ele não merecer ninguém menos que isso, e as garotas que ele saía não tinham nada mais que uma beleza exterior e uma enorme futilidade interior. Entretanto, ele parecia não notar ou não se importar. Sobretudo, Lourenço já não era mais um daqueles adolescentes que parecem cachorro no cio; já era um homem, não só fisicamente, mas psicologicamente também, então ele deveria querer alguém que ambos se dedicassem ao outro. Porém, no fundo eu também não aceitava a ideia dele namorando sério com alguém.

Suspirei exasperado com meus pensamentos. Eu nutria por ele um sentimento estranho, que crescia e começava a tomar conta de mim. Aquilo me assustava. Lourenço era meu amigo e só.

- Já não está mais chateada, está darling ? - Lourenço perguntou me olhando travesso e aquilo me fez morder meu lábio um pouco inconscientemente; ele passou um de seus braços por sobre meus ombros e com sua outra mão alisou meu rosto. Eu não estava exatamente chateada com ele, estava ficando revoltada com este sentimento maluco que começava a me tirar do sério; então antes de pronunciar qualquer bobeira, o envolvi em um abraço, o calor de seu corpo acalmava meu interior; me aconcheguei em seu pescoço sentindo o suave cheiro de seu perfume inundando minhas narinas e o senti brincar com os meus cabelos. Me afastei dele e encarei novamente aqueles olhos castanho mel.

- Eu estou apenas zelando por ti. Lembra-te, eu sou o juízo que você não tem boy. - Recordei-o, dando uma piscadela logo em seguida; ele me deu um sorriso de canto e passou uma das mãos por seu cabelo preguiçosamente.

Depois de pegar a pipoca, os refrigerantes e meu milk shake a fila para a entrada no cinema finalmente começou a andar e nós seguimos até a sala escura.

Já se passara mais de uma hora que assistiamos o filme e eu supunha que era bom. Não estava prestando atenção no filme, confeso . Eu devia estar mais perturbarda que o normal; aquele sentimento um tanto estranho estava meio que a flor de minha pele e eu já não conseguia parar de observar Lourenço. A forma como prestava atenção no filme ou o jeito que ele franzia o cenho quando tentava entender o que aconteceria na cena que ainda viria e o modo como sorria orgulhoso quando acertava no palpite, o sorriso dele era estonteante; eu me peguei sorrindo pra ele de um modo bobo, mas fiz o sorriso ir embora, e abaixei meu olhar.

- O que foi? Você está perdendo o filme. - Ele avisou; sua voz me tirando de meus pensamentos enquanto jogava algumas pipocas em mim. Eu apenas o encarei; ele me olhou com certa confusão nos olhos, mas eu não me importei; puxei uma de minhas pernas e sentei-me sobre a mesma ficando de frente pra ele, que parou de jogar pipocas em mim e de prestar atenção no filme também. Eu toquei em seus cabelos e desci minha mão até sua nuca e o acarinhei lá. Eu encarava teus olhos castanho mel, aqueles lindos olhos; lhe dei um meio sorriso, sentindo algo me inundar por inteiro. Seus olhos estavam fixos em mim, ele engoliu em seco, notei que ele estava com o corpo rigido, até que eu levei minhas mãos para seu rosto e o senti relaxar com meu toque; ele colocou algumas mechas de meu cabelo para trás da orelha e acariciou minha nuca, eu fechei os olhos momentaneamente desfrutando dele. Era mais que fisíco, chegava na alma.

Talvez eu me arrependesse do que iria fazer, porque Lourenço era dele mesmo e de mais ninguém. Os possiveis problemas do futuro poderiam esperar alguns minutos. Voltei a encara-lo, ele ainda me olhava com certa confusão em seus olhos; joguei o resto do cabelo pro lado e como uma cortina, meus cabelos taparam a visão que eu poderia ter da tela do filme, mas outra vez eu não me importei. Já não havía ninguém além de Lourenço que eu pudesse ver; meus olhos estavam focados nele e todo o resto não tinha mais nenhum sentido. Nunca senti algo tão louco e imenso, inundava-me todo este sentimento. Inclinei-me para frente; estava tão próxima dele que podia sentir sua respiração pesada. Encarei seus lábios e senti o desejo arder em mim, voltei a encarar aqueles inconfundiveis olhos que me observavam com certa ansiedade, certa curiosidade.

Antes que eu perdesse a coragem e acabasse mudando de ideia, acabei com a curta distância que nos separavam e toquei seus lábios iniciando um beijo de forma suave e sem pressa. Lourenço não me afastou ou resistiu; ele se entregou aquilo como se quisesse tanto quanto eu; subiu sua mão por meu braço até que a mesma chegasse ao meu rosto e passou a me beijar com certa intensidade; acabei puxando um pouco seus cabelos. Eu não queria que aquele momento se acabasse. Até que nos afastamos, mas a distância entre nós continuava curta.

- Você é o medo. - Confessei em um sussuro.

Me envolver com Lourenço era algo demasiado arriscado, ele nunca queria algo sério com ninguém, quem dirá comigo que nunca havia demonstrado interesse algum. Encarando aqueles olhos que eram extasiantes eu vi que valia a pena tentar. - Mas eu não ligo. - Responde a pergunta que estava em seus olhos. Desta vez ele quem acabou com a curta distância que havíamos cedido há pouco iniciando outro longo e maravilhoso beijo.

Lourenço tocou minha nuca e entrelaçou seus dedos em meus cabelos com certa força, causando uma sensação demasiada boa, até que relutantemente nos afastamos. Olhei em volta e notei que o filme havia terminado e as pessoas se dirigiam até a saída, tudo aquilo me fez meio que voltar a realidade e me dar conta do que havia acontecido há poucos segundos atrás.

" Droga, eu beijei Lourenço! " - Pensei extasiada pelo acontecido e incrédula ao mesmo tempo; me perguntei de onde eu havia tirado coragem para tal coisa. Senti meu rosto esquentar pela vergonha que agora abateu-me em cheio; continuei com meu olhar baixo sem encarar Lourenço, apesar de sentir seus olhos sobre mim me observando.

- Ei ? - Chamou Lourenço, mas eu não o encarei apenas engoli em seco. Lourenço passou a mão por meu rosto até chegar a meu queixo e gentilmente o levantou até que meus olhos encontrassem os seus. - Eu não sei exatamente ao certo o que houve aqui - Explicou-se enquanto deslizava o polegar por meu queixo e em seguida por meus lábios. Eu o observava atenta; seus olhos fixos nos meus e eu temi naquele momento. - Entretanto, acima de tudo eu te quero bem, e por mais estranho que pareça eu quero de novo. - Confessou enquanto colocava algumas mexas de meu cabelo pra trás de minha orelha, me deixando levemente confusa pelo que ele disse por um momento; ele estava me dispensando ou ... ?

Meu pensamento não poude ser concluido, pois Lourenço se inclinou e tocou seus lábios nos meus os entreabrindo com delicadeza primeiro voltando a beijar-me outra vez.