Sonhos do Medo

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Essa estranha dor é mais do que saudade é como uma necessidade de poder ter a certeza de que era tudo verdade


Fazia-se um mês que tinha ido para a maldita viagem com teu pai, por causa da empresa em que trabalhavas. Conversar contigo por mensagens nunca me seriam o bastante, nem mesmo por chamada de voz no telemovél.


Queria mais do que conversar com você à distância, eu precisava te sentir outra vez.


Sonhava com teu rosto demasiadas vezes; as vezes tinha pesadelos de que lhe aconteciam algum acidente na volta para casa e que eu lhe perdia de forma tão trágica e absurda.


Acordava suando, e ofegante no meio da madrugada. Eu temo tanto pelo teu bem estar Meu amor.


Era hora de ir trabalhar; relutantemete naquela manhã me levantei da cama, sem ânimo. Lembro-me que sempre acordava antes que eu; você dizia que gostava de me observar dormir, que gostava do jeito que meus cabelos ficavam emaranhados, ou da forma como eu sempre achegava a teu peito; você dizia que eu procurava abrigo em você, então sempre fazia isto.


E era verdade, percebe isto na falta que você me fazia quando despertava durante todos estes mais de trinta dias sem você.


Depois de me aprontar e pegar uma maçã na cozinha, fui para o banco, onde eu trabalhava.


O dia passou tão lentamente; eu me sentia tão cansada de lhe esperar; nunca havia ficado tanto tempo longe de mim assim; dez dias, no máximo. Tdos estes dias e mais dias pareciam anos e mais anos.


Era hora de ir para casa.


Abaixei minha cabeça sobre a mesa, pedindo mentalmente para que você voltasse logo.


Lembro-me de quando vinha me buscar no trabalho. Ficava sempre do outro lado da rua, escorado em uma grande pílaça, com o olhar perdido, me procurando na multidão que atravessavam, iam de lá para cá em direção opostas, mas com o mesmo objetivo: chegar as suas casas. E sempre que finalmente me via, sorria, sorria de forma demasiada, e eu não hesitava em fazer o mesmo.


Era automático aquele sorriso bobo.


Eu sempre atravessava as pressas, um pouco sem ligar para o trânsito que as vezes estava desgovernado e apressado; eu não me importava, nunca me importei era impaciente. Você sempre me corrigiu duramente nisto.


Meu objetivo estava tão perto e tão longe; qualquer distância entre nós me machucava, eu já era impaciente, Então quando o sinal ficava vermelho e finalmente podíamos atravessar, eu corria pros teus braços; você me envolvia com teus braços em meu corpo, e eu envolvia os meus ao redor de teu pescoço, me tiravas do chão; eu sentia o cheiro de teu perfume, aquele que eu costumava roubar de ti as vezes.


Sentia que ali era meu lugar, no teu abraço, nos teus braços, em teu peito, sem receio, eu me entregara à você.


Só nós sabíamos tudo que havíamos passado para conseguirmos estar juntos, e mesmo depois de seis anos juntos, eu me orgulhava em saber, em sentir que nosso amor não esfriara, não diminuia, nem desaparecia aos poucos. E isto era tudo que eu mais amava em nós. Porque não erámos como os casais por aí, tínhamos gostos tão parecidos, inventavamos centenas de coisas para nunca cair na rotina.


Ouvi um clique, possivelmente da porta da enorme sala onde trabalhava se fechando; ainda estava com a cabeça sobre a mesa, escorada na mesma de olhos fechados, pensando em ti Meu amor.


Me dei por conta que já devia ter passado da hora de ir embora; eu havia me perdido em meus devaneios.


Levantei minha cabeça, meus cabelos cairam por meu rosto, os joguei para trás.

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