Opcional: Relatos de Um Dia Chuvoso 2.2

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"...Os passos continuavam a ficar mais fortes a medida que íamos chegando perto de casa. Viramos em uma rua próxima, que ao longe, já se era possível avistar nossa casa. Em breve estaríamos a salvo. Continuamos a andar, lentamente, pois Ellaide ficava pior a cada passo que davamos. próximos a casa, um rugido ensurdecedor me fez ficar imóvel, derrubando minha mãe ao chão. Paraliso, não estava conseguindo nem respirar direito. Era como se uma doença grave me impossibilitasse de respirar normalmente. Viro a cabeçanão conseguia mover um músculo abaixo. O que vi me deixou com mais medo ainda. Um ser incomum, nunca visto antes. Se pudesse voltar no tempo, me impediria de olhar para trás. A criatura tinha grandes garras, algo parecido com espinhos, estavam em suas costas. Olhos grandes e espertos se mexiam de um lado para o outro, frenéticos, e tinha como parte uma grande boca, que possivelmente era capaz de engolir uma pessoa inteira. Certamente iria morrer, pois meu corpo não reagia. A criatura se encontrava próxima o suficiente para atravessar meu franzino corpo com aquelas garras. Garras que gotejavam sangue de outras vitimas, e  que em instantes, teria meu sangue nelas. Fecho os olhos e espero ter meu corpo atravessado, até que sinto uma leve e fina mão em meu rosto. Minha mãe estava a minha frente, me protegendo. Um pequeno caminho de sangue pendia de sua boca e se arrastava, para enfim chegar em seu queixo, sumindo de vista.

- Co... Corra... - Paraliso.

- Ma... Ma... MAAAÃEEE...

As lágrimas caem freneticamenteescorrendo rápidas pelo meu rosto, como se não fossem parar mais. Não tinha nada em que pudesse fazer que fosse tira-la daquela situação. Meu corpo não fazia movimento algum, era como se meus pés virassem raízes e se fixassem no solo, me impossibilitando de prosseguir

- Va... Vai... saia daqui enquanto pode. - Ela cuspia sangue abruptamente.

Caio de joelhos, coloco minhas mãos no chão e continuo a chorar. Minha mãe segurava as garras da criatura, impedindo-as de sair de seu corpo. Mesmo naquela situação, ela ainda estava lutando por mim. Outro grande rugido ensurdecedor ao fundo, outra criatura se projetava a uma pequena distância de nós. A criatura que permanecia com as garras presa em Ellaide solta outro rugido ameaçador, fazendo com que nós dois tremêssemos. A outra criatura começa a vir com mais ódio, estava pronto para nos destruir quando algo surpreendente aconteceu. A criatura fora partida ao meio. Permaneço ajoelhado, admirado com aquilo que acontecera e mais admirado ainda com o homem que destruiu aquele ser.

- Esta bem garoto? - Uma voz forte e ameaçadora estava vindo a minha frente.

A criatura que estava com as garras atravessada no corpo de minha mãe se solta e a arremessa em cima de mim.

- O... Obrigado... Baruch... - Ela agradece, com grande dificuldade de respirar.

Ao escutar aquele nome continuei ainda mais surpreso, como aquele homem do armazém conseguira partir aquela criatura ao meio?

- Leve sua mãe daqui garoto, logo as coisas irão piorar. - Ele retirava seu machado do corpo da outra criatura que a pouco estava com as garras em Ellaide.

Assenti com a cabeça, me levanto e logo em seguida pego os braços de minha mãe e passo em volta de meu pescoço e prossigo com ela o mais rápido para casa.

- Garoto, espere. Leve isto, e quando estiverem seguros, coloque-o em cima dela.

Ele coloca uma pedra esverdeada em minha mão. Pego a pedra e a aperto fortemente. Baruch dá um aceno com a cabeça e depois sai correndo em direção ao incidente de mais cedo, enquanto prossigo para casa. Passados alguns minutos, já tínhamos chegado em casa. Mais vez foi possível escutar barulhos altos de algo se quebrando, berros e grandes impactos que faziam as paredes da casa tremerem. Minha mãe já se encontrava deitada no chão da sala. Grandes furos estavam em sua barriga, causados pelas garras do demônio. Pego a pedra do bolso e a coloco em cima dela, como ordenado por Baruch. Me afasto, temendo que algo acontecesse. Minha única alternativa era acreditar que iria dar tudo certo. 

A pedra começou a flutuar, subindo em direção ao teto lentamente. Mas ela não ia sozina, o corpo de minha mãe à acompanhava. Fico sem entender, mas prefiro não interferir. Um forte brilho esverdeado toma conta de toda a sala, agora o corpo de minha mãe estava parado em meio ao ar. A pedra começa a adentrar em seu corpo, espero ela sair do outro lado, mas isso não acontece. Ao me encostar perto percebo que sua pele começa a ser regenerada. O chão novamente volta a tremer, o pavor volta a tomar conta de mim. Se aquelas criaturas entrassem em minha casa seria meu fim. Os tremores cessam. Começo a ir devagar para perto da porta, ao encostar percebo que tudo estava quieto lá fora também. Me afasto, quando me encontro um pouco distante da porta, o telhado desaba sobre mim. Não consigo enxergar nada por causa da grande fumaça. Quando a fumaça vai cessa, vejo uma criatura em frente ao corpo de minha mãe com suas garras pronta para parti-la ao meio. 

- Naaaãooo... - Grito o mais  alto possível, queria que Ellaide me escutasse. Mas não adiantou.

Tento me levantar, mas percebo que uma enorme viga estava por cima de mim. Olho para trás a procura do corpo de minha mãe, mas ela havia sumido. E o demônio também. Vasculho a casa com os olhos, mas não consigo acha-la. O silêncio toma conta, até que um forte estrondo ao lado deixa tudo do jeito que era antes.

- Meu filho.

Uma mulher com uma armadura prata, uma mascara com um grande chifre e uma grande lança estava me abraçando. Fico sem reação.

- Ma... Mãe?

- Me desculpe por não ter te protegido. - Ela estava em pé a minha frente, apertando sua lança com tanta força, que sua mão estava branca da cor de papel.

Ela me ajuda a levantar mas ainda estava impressionado com ela. Estava muito confuso para perguntar algo, permaneci mudo.

- Precisamos cuidar desses ferimentos. - Ela apontava para minha perna machucada. - Temos que sair daqui.

Nos encaminhamos para fora da casa, quando fomos surpreendidos por outro demônio. Ela me empurra para trás, evitando que eu seja machucado. Bato fortemente as costas no chão, a dor foi tremenda, senti que tinha quebrado alguns ossos. Começo a me levantar lentamente com a mão nas costas, minha visão estava começando a ficar turva. Olho adiante, a criatura parecia ser maior que as outras, seu corpo era mais musculoso e era mais forte também. 

A criatura estava feroz e tentava me atacar, mas de alguma maneira ela não conseguia passar por Ellaide. Como se tivesse uma grande parede no qual a impossibilitava de atravessar. Tentei pedir para minha mãe fazer alguma coisa, sair dali mas não conseguia falar, estava muito fraco. Certamente não aguentaria ficar muito mais tempo acordado. É quando ela se vira e dá um grande sorriso para mim. Sua arma começa a escurecer e a ficar maior, ela a posiciona para trás e a joga contra o Demônio, partindo-o ao meio. Mas no mesmo tempo ela me atingiu, cortando minha barriga. Bato com a cabeça no chão, a dor em minha barriga, os machucados em minha perna e os ossos quebrados, não aguentava mais suporta toda aquela dor. Tento chama-la mas minha visão começa a se escurecer até que não consigo enxergar mais nada."

A Última Magia (Pausado Temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora