Fim Improvável

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Começo a suar frio, os segundos se passando, Arief ainda desmaiado, ninguém iria nos ajudar. Esse era meu fim. Uma nuvem acaba destapando a lua, que por sua vez erradia sua incrível luz, clareando a floresta. Ezaq estica o braço para o lado e algo começa a se formar. Uma espada. Que do cabo de caveira de olhos vermelhos saia sua lamina, sedenta por sangue. A luz da Lua projetava seu reflexo no chão, meu fim havia chegado. Ezaq começa a falar algumas palavras que eu não conseguia escutar, a lamina de sua espada começa a brilhar fortemente, iluminando mais ainda aquela parte da floresta.

- Não se preocupe, em breve você estará junto a sua mãe.

Limpo a garganta e começo a chorar. Ele ria enquanto posicionava a espada para trás e depois a descia furiosamente. Fecho os olhos, em breve tudo isso acabaria. O silêncio toma conta da floresta, piorando ainda mais aquela situação. Escuto as folhas nos galhos de arvores próximas balançarem, o vento toca em meu rosto, me chamando. Abro os olhos vagarosamente, olho para minha barriga a procura da espada, mas ela não se encontrava lá. Escuto um grito ao fundo e ao me virar, vejo Ezaq preso em feixes de luz que estavam cravados na terra.

- AAAA... TIRE-ME DAQUI GAROTO! - Não estava entendendo toda aquela situação.

- M.. ma.. mas eu não fiz nada disso.

Uma aura roxa começa a se forma ao redor de Ezaq, precisava fazer algo antes que ele se soltasse. Começo a procurar meu Grimório, mas nada de encontrá-lo, até que uma grande explosão me arremessa longe. Me levanto atordoado, coloco a mão na cabeça que latejava de dor e percebo que havia machucado.

- Já que quer brincar. - Ezaq se projetava a minha frente. - Agora e minha vez.

Começo a me afastar, mas ele aparece de súbito a minha frente como um fantasma. Ele levanta sua espada e a desce para me golpear no peito, mas meu Grimório aparece a minha frente é e cortado ao meio, fazendo vários pedaços de suas paginas voarem por toda aquela área. Me desespero, a única forma que tínhamos para sair daquela situação se encontrava partida a minha frente.

- Agora e você que irei cortar ao meio. - Seu sorriso estava mais radiante, como se ele fosse uma criança que acabara de receber um grande pirulito.

Com sua espada já no auto ele a desce novamente, mas ele é paralisado logo em seguida. As paginas do meu Grimório que se encontravam despedaçadas, estavam coladas em seu braço, de alguma forma o impossibilitando de concluir seu ataque. Algo tomara conta de meu corpo, não sei o que era, mas havia chegado em boa hora. No momento em que meu Grimório foi partido algo maior e mais poderoso se apossou de mim. Sentia que minha alma estava jogada em algum canto da minha mente, onde eu só poderia assistir.

- Desculpe desaponta-lo, mas sua vez já passou.

Os pedaços das paginas que esvoaçavam param no ar, me levanto e estico meu braço para o lado fazendo todos os pedaços virem em minha direção. Agora era minha vez de contra-atacar. As paginas vieram sorrateiramente como se fizessem parte daquele ambiente. Ezaq estava com medo, era notável tamanho desespero esboçado em seu rosto.

- O que você vai fazer garoto? - Ele gritava e se debatia, tentando se soltar dos feixes de luz. - ME TIRE DAQUI!

- Você será punido, sua hora chegou.

Estendo a mão a frente, onde varias paginas começam a rodopiar. Uma nuvem passa, tampando a lua e deixando tudo as trevas, onde o único foco de luz era Ezaq, que estava preso. Removo um dos feixes de luz do seu braço, deixando-o livre.

- Você não devia ter feito isso. - Ele gargalhava, enquanto paginas cortadas se estendiam ao seu alcance.

- Não se engane, olhe para si mesmo. - Seu braço tinha sido decepado.

Ele se desespera, pois agora estava ciente de que seu fim teria chegado. O que tinha se apoderado de mim era algo muito forte, algo que eu não tinha a menor chance de combater. Arief começa a se levantar logo atrás de mim. Sangue escorria de sua testa, ele estava realmente mal.

- Enoch... O que esta... - Ele para de falar bruscamente após avistar Ezaq preso a minha frente.

Não podia respondê-lo, não tinha controle sobre meu corpo. As paginas que esvoaçavam começara a subir em sua direção, até que segundos depois desce um feixe de luz prendendo sua cabeça ao chão.

- O que está fazendo!? - Agora ele estava com o corpo totalmente paralisado ao chão.

- Só estou fazendo o que é certo.

Não poderia deixar nada acontecer com Arief, tinha que me parar. Começo a lutar com aquilo que estava tomando conta do meu corpo, que acabou resultando em algo pior. Pois acabo soltando todos os feixes de luz de Ezaq. Caio de joelhos, minha cabeça começa a latejar, e essa foi a chance perfeita para Ezaq me acertar com sua espada pelas minhas costas. O que tomava conta de meu corpo foi mais forte e, acabou se apossando de mim novamente.

- HAHAHAHA... Que covarde, me atacando pelas costas.

Ezaq paralisa e segundos depois cai no chão, seu corpo estava com um grande buraco na altura do estômago. Me levanto, retiro a espada que estava presa em minhas costas e a devolvo para Ezaq, enfiando ela em sua barriga. Arief solta um fraco gemido ao fundo, estava incrédulo com o que tinha acabado de acontecer. Uma forte ventania começa a se alastrar pela floresta e, ao fundo de Ezaq foi possível ver algo saindo do chão como fantasma. Um homem com uma grande capa, nada mais podia se ver. Ele estende a mão em direção a Ezaq, que começa a se contorcer de dor. Fico olhando aquilo incrédulo, enquanto o que estava tomando conta do meu corpo ria.

- Pelo visto você decaiu muito, Milnor. Nem uma simples tarefa consegue cumprir. - Sua voz era fortemente grossa.

- Se... Senhor, me... Desc... - Seu corpo a se esvair, sendo soprado pelo vento que acabara de passar.

Não sabia quem era aquele homem, mas sabia que era forte, bastante forte. Disparo contra ele todas as folhas que esvoaçavam pela aquela área, que acaba sendo em vão, pois ele bloqueia todas com um simples gesto de mão.

- Muito... - Mal termino de falar e ele já está a minha frente.

Uma lança curta começa a se projetar rapidamente próxima a sua mão e em direção ao meu coração. Ele a segura com total força e a dispara contra mim. A única coisa que pude fazer foi trazer algumas páginas e bloquear aquele ataque. Tudo fica em silêncio, até que um forte clarão encandeia toda a floresta. O restante das páginas que esvoaçavam começam a se juntar a minha frente, virando de volta um Grimório. Mas não era o Grimório que usava antes, esse de agora estava diferente. Ele se abre e começa a sugar aquele homem para dentro, mas ele consegue escapar, perfurando meu braço e Fazendo com que eu deixe o Grimório cair.

- Hump... Não sabia que este Grimório ainda existia... - De seu braço escorria muito sangue, ele tentava parar apertando-o. - Não tenho a menor chance, por agora. Mas em breve lhe desafiarei novamente.

Sua voz foi arrastada junto com seu corpo, que acabou sumindo na escuridão. Retomo conta do meu corpo e percebo como ele estava machucado. Arief se levanta e corre em minha direção, impedindo que eu cai-se ao chão.

- Consegui nós salvar. - Arief estava sério.

Ele me levanta e segura boa parte de meu corpo. Estávamos seguindo para casa.

A Última Magia (Pausado Temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora