A Verdadeira Face

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O vilarejo estava deserto, parecia um lugar fantasma. As tochas na frente das casas eram as únicas coisas que deixavam aquele lugar menos sinistro. Sentamos próximo a casa mesmo, não queríamos correr o risco de encontrar alguma coisa estranha.

- Como está Ellaide?

- Ainda continua muito cansada, mas amanhã estará melhor. - Um leve sorriso estava estampado em seu rosto.

Ficamos alguns minutos mais conversando, até que decidimos entrar, quando de repente avisto Ezaq, saindo as escondida pelas vielas do vilarejo.

- Arief olha, é Ezaq. - Empurrava ele para trás de uma parede enquanto apontava para Ezaq.

- O que ele está querendo indo pra floresta uma hora dessas?

- Não sei, mas vou descobrir. - Corri para meu quarto, calcei as botas e peguei meu grimório. Sempre achei ele estranho, e o que quer que ele fosse fazer, iria descobrir.

De inicio Arief não queria ir, mas depois de muita insistência ele acabou cedendo. Andamos cautelosamente para não fazer nenhum barulho, tínhamos que descobrir a qualquer custo o que ele estava fazendo. Andamos um pouco até encontrar ele a frente, encostamos um pouco mais e nos escodemos atrás de uma árvore. Ele aparentava estar muito nervoso, olhava para todos os lados, até que pegou uma caixinha pequena e a colocou no chão. De dentro, ele retira uma pedra roxa e a joga para o alto, ele bate a palma das mão e a pedra começa a brilhar até que ela explode no ar. A luz era tão forte e intensa que nos abaixamos, quando a luz começou a se esvair olhamos novamente, e vimos um grande lobo de olhos vermelhos.

- Como ele fez aquilo? - Arief estava de boquiaberto.

- Não sei, mas em breve saberemos. - Estava prestando muito atenção nele, não perderia nenhum detalhe.

Depois daquela espécie de invocação, ele começa a falar coisas pro lobo, coisas que não estávamos entendendo pois estávamos muito longe. Depois de alguns minutos vendo toda aquela loucura, ele levanta a mão, acho que deveria manda-lo para algum outro lugar. O lobo então some, continuamos a observa Ezaq, que ainda continuava lá, em pé. Ele inclina a cabeça para trás, onde foi possível ver um grande sorriso em seu rosto.

- Olá... GAROTOS. - Ele dava gargalhadas.

- Corre Arief, isso tudo foi de propósito. - Levantamos e começamos a correr, mas não fomos muito longe, pois o lobo estava lá a nossa frente.

- E agora o que vamos fazer?

Arief estava sem espada, pois ela havia quebrado na luta contra meu irmão. O único que podia fazer algo por nós, seria eu. Aperto meu livro fortemente até sentir a palma de minha mão arder.

- Eu lutarei. - Limpo a garganta.

Não sabia o que estava fazendo, não sabia de onde tinha conseguido tanta coragem, mas tinha que fazer algo por nós. É tudo ou nada. 

Arief se esconde atrás de uma árvore, enquanto eu me encaminhava para frente do lobo. Respiro fundo e começo a abrir meu grimório lentamente, mas o lobo parecia saber o que eu estava prestes a fazer e começa a correr com tamanha ferocidade para cima de mim. Decido correr em sua direção, pois era a única forma de conseguir conjurar meu encantamento. O ser invocado já estava próximo com sua boca aberta em cima de mim, mas consigo desviar. Corro um pouco mais e depois dou meia volta conjurando meu encantamento e indo para cima do lobo que também vinha com toda força que lhe era possível.

Arasty vewia nafresyt

A terra aos pés da criatura começa a ceder e se fixar em seu corpo, transformando-o em uma grande bola de terra. Começo a levantar a bola de terra com apenas um gesto de mão, e logo em seguida a arremesso em uma árvore, explodindo-a como fogo de artificio ao atingir o céu. Caio de joelhos, sinto que usei muita magia. Olho para meu braço e o vejo com um grande rasgo que não senti antes pela forte adrenalina. Ele então olha para os restos de terra que acabou indo para a seus pés e começa a dar altas risadas enquanto caminha lentamente em nossa direção. Arief sai de trás da arvore e vem ajudar a levantar.

- Enoch, temos que sair daqui. Não temos chance contra ele. - Arief estava com bastante medo.

- Temos que fazer alguma coisa, não podemos deixar ele ir embora assim. - A dor latejava, fazendo meu braço tremer as vezes.

- Mas...

Arief é interrompido por palmas.

- Acho que subestimei você, jovem Enoch. Quando seu irmão me falou sobre sua magia, fiquei um pouco intrigado. Por isso quis ver isso pessoalmente. - Ao escutar a palavra "irmão" não consegui mais entender nada do que falara depois.

- O QUE CLAUS TEM A VER COM ISSO? - Chorava e gritava, o que ele estava tramando dessa vez.

Fui calado de súbito, Ezaq já estava a minha frente com a mão em minha boca.

- Shhhh... Não faça tanto barulho, vai acordar todo o vilarejo. - Aquele sorriso que odiava novamente aparecia em seu rosto, mas dessa vez estava mais sombrio e terrível do que de costume.

Arief tenta afastar Ezaq para longe dando-lhe um empurrão, mas acaba passando direto, pois ele já havia sumido. Arief olha pra trás e o encontra. Ezaq pega em seu pescoço e o arremessa para longe, que acaba batendo as costas em uma árvore e desmaiando. Fico sem reação alguma. Ezaq se vira, com aquele sorriso de outrora e começa a vim lentamente em minha direção, mas dessa vez algo estava acontecendo. Uma espécie de aura começa a cobri-lo, começo a andar para trás, quando esbarro em algo.

- Você não irá fugir, seu fim é chegado.

Engulo em seco, tinha que pensar em algo rápido para sair dali. E, infelizmente, não tinha muito tempo.

A Última Magia (Pausado Temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora