Batalha na Velha Farist 2.1

39 2 0
                                    


Passado algumas horas, tudo permanecia em silêncio e ninguém havia me chamado na porta ou mesmo entrado para falar comigo. Me viro de um lado para o outro, estava incomodado pois não tinha nada para fazer. Me escoro na cama e decido mais uma vez tentar ler meu Grimório. Depois de algum tempo folheando ele e não entendendo absolutamente nada, me canso e decido coloca-lo de volta na escrivaninha, mas ao esticar a mão para coloca-lo acabo deixando-o cair. Me levanto para pega-lo e ao olhar para o chão, vejo uma foto que parece ter saído de dentro dele. Recolho a foto e coloco o livro de volta a escrivaninha. 

Antes de analisar a foto, me ajeito na cama pois os curativos estavam me incomodando. A foto era meio antiga pois estava bastante desgastada. Ao reparar nas pessoas que estavam nela levo um tremendo susto. O pai e mãe de Arief, minha mãe e meu avô faziam parte dela. Olhei várias e várias vezes para ter certeza daquilo que tinha visto mas não tinha erro, eram eles mesmos. Fiquei bastante tempo observando aquela foto que acabei dormindo. Acordo já a noite e percebo que haviam me trazido uma refeição. Me escoro na cama e começo a comer, mas de repente escuto vozes pela janela do quarto.

- Iremos em um grupo de seis pessoas, precisamos buscar só o necessário.

- Claro, não podemos correr o risco de perde mais pessoas, por que só restaram a gente. - Falava um homem de voz um pouco afeminada.

- Pois é, mas será que Farist ainda está cheia deles?

- Não sei, mas amanha iremos descobrir.

Aquelas últimas palavras me fez relembrar tudo que havia acontecido com a velha Farist. Limpo as lágrimas que começaram a escorrer, pois também me lembrei da morte de minha mãe. Coloquei o resto da comida de volta na escrivaninha e me deitei novamente. Acordo de manhã com barulhos muito fortes, me levanto e tento abrir a janela para ver o que estava acontecendo, mas ela se encontrava trancada. 

Decido sair, não aguentava mais ficar ali dentro daquele quarto. Depois de me arrumar, me levanto com meu livro em mãos e vou em direção a porta. Antes que pudesse chegar lá, alguém bate nela.

- Enoch, sou eu, Ellaide.

- Pode entrar. - Me jogo na cama e me cubro com os lençóis, não queria que ela brigasse comigo caso me visse de pé.

- Olá, vim ver como está. - Ela estava com um grande sorriso no rosto, era possível percebe seu cansaço.

- Como pode ver estou melhor. - Falei rindo.

- Que bom, já que se recuperou o suficiente podemos sair desse quarto para dar uma volta. -Ela se sentava em uma cadeira próxima a porta

- Claro, mal posso esperar. - Estava tão feliz que saí da cama com um longo salto, deixando ela espantada.

- Já estava arrumado?

- Então... - Começo a rir enquanto calço os sapatos.

Depois de alguns segundos já estava pronto.

- Mas, para onde vamos?

- Vamos a Farist. - Seu tom de voz havia mudado radicalmente.

Engoli em seco, tudo que havia acontecido começa a passar rapidamente por minha cabeça. Será que conseguiria voltar lá? Só iria descobrir indo.

- Está pronto?

-Sim, estou. - Estava com muito medo.

- Então vamos, não podemos perder tempo. - Ela se levanta e ia em direção a porta com um longo sorriso.

Respiro fundo e depois a sigo.

O vilarejo realmente ficava escondido, pois tivemos que passar por uma passagem em uma ruína tão estreita que ate pensei não passaríamos. Levamos alguns minutos para sair do vilarejo e mais alguns para sair da floresta. Agora estávamos a poucos metros da entrada de Farist, um frio percorreu por todo meu corpo me fazendo arrepiar, como se minha alma tivesse ido embora, deixando meu corpo em pé, ali sozinho. Tinha se passado três dias, mas parecia que tinha passado uma eternidade. A cidade se encontrava pior do que antes, casas que existiam agora não passavam de escombros, nem parecia mais a cidade que morei. Estávamos em sete pessoas, cinco deles foram na frente, enquanto eu e Ellaide esperávamos na entrada da cidade.

- Quando eles voltarem quero que não saia de trás de mim, entendeu? - Ela apertava minha mão, pude perceber o medo que ela sentia.

- Certo, mas se algo aparecer, deixe-me lutar. - Ria enquanto mostrava meu grimório para ela.

- Sim, claro. - Ela ria ainda mais.

Rimos um pouco até que dois deles apareceram na entrada da cidade.

- Esta tudo bem, vamos.

Seguimos eles e entramos na aterrorizante Farist.

Andávamos cautelosamente, tomando o maior cuidado possível para não fazer barulho, pois não sabíamos se ainda tinha algo ali. Continuamos andando, até que paro e fico sem reação alguma. Estava de frente a minha casa, tudo que teria acontecido ali veio de vez em minha cabeça. Fico tonto e começo a respirar ofegantemente, como se todo o ar da terra tivesse se esvaído. Ellaide me segura, fazendo-me continuar em pé.

- Vai ficar tudo bem. - Seu grande sorriso me dava forças.

Começo a enxugar minhas lágrimas, dou uma última olhada e saio andando na frente. Depois de alguns minutos de caminhada, entramos em um armazém que ainda se encontrava de pé. Pegamos o máximo que conseguimos de suprimentos e saímos de lá.

- Enoch. - Paro e espero Ellaide me acompanhar.

- Já vamos sair daqui, mas antes temos que passar em minha casa.

- O que vai fazer lá?

- Preciso pegar um baú que ficou, tem coisas importantes lá. - A curiosidade toma conta de mim, mas decido não lhe pergunta nada. Concordo e volto a andar na frente.

Não demoramos muito ate chegar lá. Só eu e ela que entramos na casa, os outros ficaram de guarda na porta. Descemos umas escadas e entramos em uma espécie de porão. Ela acende a luz e depois puxa uma manivela na parede que acaba revelando um espaço em falso.

- Me ajude aqui. - Ela puxava um baú médio para fora.

- Nossa, é um pouco pesado, o que tem aqui dentro?

- Não temos tempo de abri-lo aqui mas no vilarejo te mostro o que tem aí dentro. - Seu rosto havia mudado, ela agora estava tão séria que chegava a dar medo.

Saímos da casa e prosseguimos para a saída da cidade. Já próximo a saída começo a sentir uma sensação estranha.

- Ellaide... - Antes de terminar de falar, ela me interrompe.

- Eu sei, vamos mais rápido.

Estávamos quase correndo quando de repente sinto o chão tremer e escuto uma espécie de rugido vindo de trás, me viro e ao olhar avisto uma criatura gigante e musculosa com grandes chifres. Nunca tinha visto algo como aquilo. Ellaide solta o baú no chão e estende sua mão para o lado, fazendo um bloqueio para que eu não passasse.

- Não se preocupe, tudo vai acabar bem.

Aquelas palavras soaram fortemente, me fazendo arrepiar. Me afasto mais um pouco e abro o Grimório, enquanto a criatura vinha com tudo de si para cima da gente.

A Última Magia (Pausado Temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora